ARTIGO- SÓCRATES E A JUSTIÇA

Não tenho qualquer dúvida que José Sócrates já devia ter sido acusado relativamente à sua licenciatura falsa e ao abuso de poder que constituiu o encerramento compulsivo da Universidade Independente.
Não tenho qualquer dúvida que durante vários anos Sócrates foi protegido pelo poder judicial: Cândida Almeida, Pinto Monteiro e Noronha do Nascimento.
Acredito que é absurdamente ridícula a história da compra do livro de mestrado por grosso. Esta história demonstra a fragilidade académica e a insegurança intelectual de José Sócrates. Mais do que milhões, ele queria ser um intelectual reconhecido. Isso nunca o será. Será mais um Benevides da vida, deslumbrado pelo pó dos veludos lisboetas, mas nunca alcançando a liberdade da mente e do pensamento.

Mas, dito isto, e defendendo há muitos anos, a acusação e julgamento de Sócrates, é com perplexidade que vejo a comédia negra instalada à volta da sua prisão ( a detenção é uma prisão). E a questão não é a do mediatismo alimentado pelas magistraturas. O caso seria sempre mediático. A questão é que se transforma, mais uma vez, a justiça, no prado das emoções políticas. Até que ponto é que há evidências que permitam o aparato? É que aqueles que andam próximos das coisas da justiça sabem que muitas vezes apenas existem construções mirabolantes de MPs, baseadas em factos dispersos. E também sabem que sendo Carlos Alexandre destemido, não terá aquele crivo fino judicial e jurídico que é necessário para estes processos. Embora experiência não lhe falte. Existe a possibilidade de este processo não ser o fim de Sócrates, mas o fim de Carlos Alexandre e da justiça em Portugal.
Rui Verde

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