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A mostrar mensagens de dezembro, 2014

Opacidade

A "Operação Marquês" ou "caso Sócrates" vai-se resolvendo pelos jornais: os pormenores do inquérito que vão saindo no "Correio da Manhã", no "Sol" e no "Expresso", as declarações e entrevistas dos advogados de defesa (o duelo verbal do advogado do ex-primeiro-ministro com o advogado do "arrependido" ex-motorista, que de facto "abriu o jogo" no "i"), os comentários dos defensores pessoais do ex-primeiro ministro (defendendo-o, no "Expresso", Miguel Sousa Tavares fez um interessante resumo do processo... deixando mal o defendido), as visitas da "nomenklatura" do PS a Évora... Para quem sabe como a imprensa funciona e conhece as variadas obediências que nela grassam, as coisas são relativamente transparentes. Mas para o grande público não são e tudo se transforma numa cansativa bolha opaca. Não sei se há maneira de tornar as coisas mais claras (o que implicaria o fim completo do segred

Combate e Direito

Podemos ser contra Sócrates e achar que o motorista foi preso para o pressionar a " chibar" o patrão? Podemos pensar que Salgado tem responsabilidades graves na queda do BES/ GES e acreditar que é proibido divulgar as gravações do que se passava no Conselho Superior, sem autorização dos presentes? Podemos ser contra Sócrates e perceber que a prisão preventiva é aplicada de forma errada em Portugal, sendo Sócrates mais uma vítima dessa má aplicação? Podemos pensar que Salgada tem responsabilidades graves na queda do BES/GES e acreditar que as perdas de milhares de milhões no BES que levaram à resolução deste, são uma mera manigância contabilística?  rv

Ainda vão dizer que é uma simples coincidência

À insistente romaria dos dirigentes do PS ao Estabelecimento Prisional de Évora, junta-se hoje (sexta-feira) um elemento mais inquietante. O "Diário de Notícias" garante: "Procuradores que investigam Sócrates só levaram 8% dos casos a julgamento". Traduza-se: eles são incompetentes e, quem sabe?, talvez estejam a manter preso o ex-primeiro-ministro por motivos juridicamente indevidos ou de simples política. Seria interessante saber qual o desfecho desses 8 por cento de casos (condenação ou absolvição dos réus) mas, se existe, a informação não se faz notar no "DN".. Parece uma simples coincidência, não é? Que mais virá a seguir que ponha em causa o inquérito? Costa Cardoso

Jornalismo de papagaio

Título do "i" para uma notícia cheiinha de dados do Instituto Nacional de Estatística: «Cinema com menos sessões, espectadores e receitas de bilheteira em 2013». O que falta: porquê? Porque é que isso aconteceu? Aquilo de que, felizmente, não se lembraram: «A culpa é da crise». Uma explicação para o papaguear das estatísticas: os jornalistas também «sacam» filmes da «net». Costa Cardoso

Os defensores de Sócrates e a hipocrisia moral ou Kant de pernas para o ar

Não existe qualquer prazer em ver um ser humano em prisão preventiva. É verdade que em Portugal as regras conducentes à prisão preventiva são demasiado elásticas e utilizadas com demasiada displicência pelos juízes de instrução.  Por estes motivos, não haveria muito a dizer sobre a prisão de José Sócrates que já não tivesse sido dito sobre outras prisões. A justiça da prisão preventiva de Sócrates tem que ser confrontada com o direito habitualmente aplicado e não com cânticos de passarinhos agastados com a queda da plumagem do seu líder. Recentemente no julgamento da Universidade Independente, um distinto Professor que muito prezo, antes da audiência, dirigiu-se-me afirmando, agastado, que não gostava nada do que eu havia referido acerca de José Sócrates e a Universidade Independente numa televisão. E vai daí quando presta depoimento em sala, presta- o de forma enviesada, e em parte, de forma pouco consentânea com a verdade.  Este Professor de Direito demonstrou o que se está a

A espuma das ondas

Por ordem cronológica:  1 - Os jornais noticiaram que o motorista de José Sócrates tinha ido a Paris levar malas e/ou envelopes com dinheiro ao ex-primeiro-ministro. 2 - O motorista pediu para ser ouvido em novo interrogatório e, depois dessa ocasião, foi o próprio Ministério Público a propor o fim da sua detenção em estabelecimento prisional e a sua detenção apenas domiciliária. 3 - Depois desse interrogatório foi salientada a ruptura do vínculo laboral entre o motorista e o ex-primeiro-ministro, terminando desse modo a dependência formal do arguido motorista do arguido José Sócrates. 4 - As informações sobre o transporte de envelopes e/ou malas com dinheiro regressaram às notícias. 5 - O advogado de José Sócrates fez questão, irritadamente, de afirmar que o carro do "engenheiro" nunca tinha passado de Espanha (ou seja, que não tinha entrado em França). Já que os jornais não são muito dados, actualmente, a exercícios de raciocínio lógico, não quererá o nosso

A diferença...

... entre o jornalismo acéfalo e o jornalismo capaz de, dando notícia, interrogar a realidade é esta: a primeira modalidade limita-se ao título estatístico ("Utentes do metro enfrentaram vinte greves em dois anos", hoje no "Diário de Notícias") e a segunda tenta perceber o que conseguiram ganhar os grevistas com a sua vintena de greves. Porque a isto e a muitos outros casos de agitação laboral está subjacente uma coisa (que só um jornalismo profissional e independente de poderes fátuos pode conseguir): qual é, em toda a sua extensão, o poder dos sindicatos e porque é que, no caso dos transportes públicos, são os "utentes" (eu, o leitor, todos nós, directa ou indirectamente) a sofrer os prejuízos de greves sem qualquer tipo de balanço e nunca o "patronato"? Costa Cardoso

Parvoíce chique

E nem o aprumadinho "Observador" escapa à porcaria estrangeirista do "alegadamente" (que vem do linguajar jornalístico anglo-saxónico "allegedly"). Só que incorre na parvoíce em versão chique. Repare-se bem: «João Perna terá assumido um papel determinante no, alegado, esquema de branqueamento de capitais. Carlos Santos Silva, por ser forçado a ausentar-se do país em viagens de negócios, terá depositado em João Perna a missão de ser ele o principal intermediário de José Sócrates: terá cabido ao motorista o transporte do maior volume do dinheiro.» Pois não era mais simples, mais normal e mais de acordo com a língua portuguesa em uso, escrever "no que o Ministério Público considera ser um esquema de"? Costa Cardoso

TELEFONEMAS

Já começaram os telefonemas. “Bom Natal!.. Já compraste o bacalhau?” Não, mas, também não comprarei; ando com outros apetites; apetece-me uma boa jardineira e se estou com saque entretenho-me com um bom queijo saloio… Os meus amigos quando me ouvem, ficam um bocado vidrados, mas, como são educados – algum estudou num colégio na Suíça – arrepiam caminho; esquecem a clássica expressão: “tás marado“ e elogiam a minha capacidade para a diferença. Como, ultimamente, as pessoas andam entre dilemas e problemas de personalidade pela questão do BES e pelo arquivo dos processos dos submarinos; aproveito e meto sempre uma cunha para saber como respiram. Um amigo é economista não estudou na Suíça, mas, passou uns anos em Coimbra e quando lhe dizem BES começa aos berros; insurge-se. Exclama: “este País é sempre o mesmo! Acabaram com o único Banco ligado à economia produtiva! Aqui só se salvam os caixeiros-viajantes da roubalheira dos submarinos!..” Como é natural, calo-me e escuto. No entanto, a m

Delírio

A coisa exige algum distanciamento temporal para podermos ter a certeza de que aconteceu. Mas o que o cérebro resista é isso mesmo: aconteceu. Uma reportagem (?!) na CMTV sobre a visita do presidente de um clube de futebol à cadeia de Évora e ao ex-primeiro-ministro que lá se encontra. O presidente repete (dezenas de vezes, parece) que é uma "visita de um cidadão" e que é "particular". As criaturas (jornalistas, possivelmente) que o seguem com câmaras, microfones e máquinas fotográficas insistem. O dirigente futebolístico diz que a avalancha de jornalistas é "uma trapalhada". A narradora da CMTV diz que ele está a dizer que a prisão preventiva do político é "uma trapalhada". E depois, durante longos minutos (com o dirigente do futebol a andar de um lado para o outro e, até parece, refugiado da horda num café), vai repetindo sempre, em jeito de ruminante, que a visita demorou "uma hora e dez", "uma hora e dez", "uma hor

Menos Sr. Presidente!

Já nos habituámos a ouvir e ler declarações de Bruno de Carvalho a um ritmo quase diário. Os comunicados, embora muitas vezes úteis, pecam pelo excesso e já são até motivo de chacota. O Sporting melhorou consideravelmente a sua saúde financeira desde a entrada de Bruno de Carvalho. O modelo de gestão também tem sido inovador e bastante frutífero em algumas vertentes, onde o Sporting parecia estagnado no tempo. Os resultados melhoraram consideravelmente na primeira época (não era difícil), mas agora que os adeptos ficaram naturalmente mais exigentes, a equipa apresenta outra vez grande irregularidade nas exibições. Perante este cenário seria aconselhável o Presidente dos leões ser menos protagonista. Pare de mandar “bombas” em série para o outro lado da segunda circular e para a cidade invicta. Independentemente de ter ou não razão, esta guerra já vai ganhando contornos ridículos. Não adianta também passar a vida a dar raspanetes nos jogadores; eles por vezes merecem sim, mas ess

Portanto, o PS quer uma justiça exclusiva para os seus políticos?

É o que parece e não há quem o negue. Antes pelo contrário.  A romaria de dirigentes (alguns dos quais ex-altos dirigentes do Estado) e militantes do PS ao Estabelecimento Prisional de Évora, onde se encontra detido preventivamente o ex-primeiro-ministro, tem-se caracterizado por declarações de um duplo padrão: (a) José Sócrates está inocente e (b) o que estão a fazer-lhe (pela mão de um juiz de instrução e do Ministério Público e depois pela mão do Supremo Tribunal de Justiça) é uma «infâmia». O outro lado da moeda das declarações de Mário Soares, Manuel Alegre, António Campos, Fernando Gomes, António Guterres e “tutti quanti” é este: José Sócrates não devia estar em prisão preventiva, por ter sido primeiro-ministro e do PS e as normas do processo penal (em que os governos do PS tiveram muito a dizer) não se lhe deviam aplicar porque, por definição, só pode estar inocente. A detenção para interrogatório, a publicidade de detenções e buscas, as fugas de informação que visam excl

Em que é que ficamos?

Afinal, houve agressão por causa do beijo da boca ou não? A imprensa diz que sim mas hoje o «Jornal de Notícias», sempre na vanguarda do jornalismo mal concebido e pior executado, espeta na narrativa o fatal «alegadamente» que lança a dúvida: «A Raditáxis só a partir desta segubda-feira (sic) vai intensificar as diligências para encontrar o motorista de táxi que, na passada semana, agrediu violentamente Sara Vasconcelos, de 28 anos, alegadamente por ela se ter despedido de uma colega com um beijo na boca.»  Isto é, se quisermos ser rigorosos na leitura de um jornalismo em que o rigor deve ter emigrado à falta de ocupação em terras lusas... Costa Cardoso

O maniqueísmo do "Público"

Em dose dupla, hoje (domingo), a demonstrar como o politicamente correcto é um mundo de loucos a preto-e-branco do género quem-não-é-por-nós-é-contra-nós": - «Pedido de pai surdo gera onda de apoio para legendar programas da Disney Portugal - Falta de legendas exclui milhares de crianças dos seus programas favoritos.» Ou seja: até podemos seguir o exemplo espanhol e passar a dobrar tudo, das séries televisivas infantis aos filmes para adultos (esses e todos os outros...) por causa destes ou daqueles "milhares". - «"Temos direito de andar na rua sem medo" - Jovem de 28 anos julga que foi agredida por taxista no Porto por ter sido percepcionada como lésbica. É grande a indignação entre activistas LGBT.» Ou seja: está mal que a mulher portuense agredida por um taxista na rua o tenha sido apenas por o motivo ter sido um "sinal" de homossexualidade; se ela tivesse beijado um homem, não fosse "percepcionada" (uau, que palavra cara par

Nem vale a pena acrescentar nada!

De um artigo de José Manuel Fernandes no "Observador" de hoje (sábado) sobre Ricardo Salgado: «(...) Também não era difícil lidar com a imprensa. Convidavam-se uns directores e editores para uma férias na Suíça ou um cruzeiro do iate, sem agenda para além de “conhecer melhor o grupo”, e as notícias fluíam, por regra simpáticas, às vezes laudatórias. Se fossem antipáticas, também se conheciam as regras – o grupo cortava a publicidade. Depois, se necessário, cortava também a PT. Ou mesmo a EDP. A bem dizer, ninguém cortava a publicidade: apenas se faziam outras opções. Campanhas de imprensa, ataques nos jornais? Ricardo Salgado não sabia, nunca soube, o que isso era. (...)» E não é caso único... Costa Cardoso 

Analfabetismo

Houve um tempo em que os jornalistas (e os estagiários) sabiam ler e escrever; em que, se não soubessem, sabiam os chefes e a revisão. Em que só por chiste se publicaria "triologia" por "trilogia". Mas hoje publica-se tudo, num carrocel alegre e contente de burrice, analfabetismo e incultura: no "Diário de Notícias" é o que se faz - chama-se "triologia" a "trilogia". E já não há revisores, nem chefe ou directores que o vejam. Costa Cardoso

Alegadamente um jornal

Um "lead" absolutamente idiota que é um exemplo "maravilhosamente" (está na moda desde ontem) idiota da igualmente idiota tendência para usar o "alegadamente" por tudo e por nada: "A A42, que liga Porto a Felgueiras, esteve cortada ao trãnsito (sic) durante mais de quatro horas, devido a um choque em cadeia alegadamente provocado pelo fumo de uma queimada." "Alegadamente" porquê?! Qual é o problema de afirmar que foi uma queimada quando o título, afinal, é mais do que taxativo - "Fumo de queimada na origem de choque em cadeia na A42"?! Isto vem hoje no "Jornal de Notícias", que alegadamente é um jornal feito por pessoas que alegadamente são jornalistas... Costa Cardoso

RICCIARDI

Ricciardi diz coisas. Não tem o domínio de sala do seu primo; ele não era o dono e agora poderá ser o dono de mil coisas, mas, do BES, GES e de todo abecedário, não; algum já partiu e o resto está na gare à espera de comboio. No entanto, José Maria Ricciardi além de ser primo do dono, é o amigo. É o amigo de longa data do Pedro Passos Coelho. O “amigo” disse que o Passos Coelho nunca comentou com ele nada extra competências sobre o BES porque não entrava dentro das suas competências. O “amigo e o primo” e algum que outros deputados mostraram-se cheios de sebentas com dados; perguntas e respostas, mas, também se mostraram plenos de erudição e Santo Agostinho brilhou nas carteiras de ex-alunos muito aplicados. Eu não quero ser menos. Nunca fui um aluno aplicado mas, durante a minha vida fui lendo algumas coisas incluídos livros de cowboys; aventuras e as revistas do Vilhena que tanto furor fez no tardo-salazarismo-caetanismo. Evidentemente, o meu nível não é de Santo Agostinho, mas, a

Défice

Um banqueiro (ou ex-banqueiro?), muito bem preparado, a pregar a deputados mal preparados; "raparigas avantajadas" nos ecrãs dos deputados; o ainda presidente da Região Autónoma da Madeira a "admitir" (note-se: ainda nem foi...) ficar como deputado; os vídeos do "top" do YouTube... A imprensa nacional de hoje é isto. É curto. Costa Cardoso  

De como o "Diário de Notícias" dá novo significado ao jornalismo de investigação:

Grande título na edição "online" do grande jornal de referência que é o "DN": "Mulheres procuram nos amantes o que não encontram em casa"´... Costa Cardoso

E ele foi, ou não?

Não é possível saber-se, pelos jornais que se publicam hoje, se o ex-secretário-geral do PS, António José Seguro, foi ao tal almoço de canonização de Mário Soares. Se não foi, era e é notícia. Se foi, era e é notícia.  Só que, estranhamente, não se sabe. Costa Cardoso

E o Quitério, que é feito dele?

Do pouco que ainda se recomendava na "revista do 'Expresso'" faziam parte as crónicas gastronómicas de José Quitério. Gongóricas, num estilo por vezes cansativo, ainda eram do melhor que, nesse género, se faziam na imprensa nacional. De repente desapareceram sem qualquer explicação. Hoje, o que as substitui são páginas e páginas sobre casas de comida mais ou menos na moda, descritas em poucas palavras sem imaginação e muitos lugares-comuns e que parecem ser de publicidade redigida. Na edição de anteontem, lia-se que o dono de um restaurante... "cozinha emoções". Que pindérico! Costa Cardoso

Vassalagem

Não há volta a dar a isto: a anunciada visita de António Costa a José Sócrates é um acto puro e simples de vassalagem do novo secretário-geral do PS, disfarçado de "visita pessoal" - como é que Costa "despe" as funções de dirigente partidário e presidente camarário e ex-ministro do detido?! O que dirão os que lhe elogiaram o silêncio sobre o "elefante no meio da sala" no recente congresso do PS? Costa Cardoso

Cinco factos e uma pergunta

1 - Ontem, sexta-feira, houve buscas a várias empresas não especificadas no âmbito da "Operação Marquês" (o "caso José Sócrates"). 2 - O deputado Paulo Campos, do PS, foi secretário de Estado do primeiro-ministro José Sócrates, ocupando-se das autoestradas (e das parcerias público-privadas, as tais consideradas ruinosas para o Estado mas boas para as empresas do sector, entre as quais o Grupo Lena). 3 - Alguns jornais noticiaram o pedido de levantamento da imunidade parlamentar do deputado Paulo Campos. A Procuradoria-Geral da República fez saber que não enviara nada desse teor para o Parlamento. 4 - A Procuradoria-Geral da República também garantira há vários meses, porque era facto, que o ex-primeiro-ministro não andava a ser investigado no "caso Monte Branco" e que não iria ser detido, o que, nessa data, repete-se, também era verdade. 5 - Como primeiro-ministro ou já "ex", e sendo verdade que está indiciado por corrupção activa (além

Brasil e Portugal: ainda somos tão parecidos!

Brasil e Portugal estão separados desde o "Grito do Ipiranga", mas isso não impede, que ainda já em pleno século XXI tenham muitas similaridades.  Infelizmente, nem sempre por bons motivos, é verdade. Qual o tema hoje em dia, que está a "alimentar" mais os jornais, televisões, social media e cafés/botecos dos dois países? Não, não é o futebol, não obstante ser a maior paixão em terras lusitanas e de vera cruz. O tema mais badalado é a corrupção e todos os actos a ela associados. No Brasil, o escândalo da Petrobras, conhece novos capítulos a cada semana que passa, dando cada vez mais gás à oposição tucana e deixando o PT e sua “dama” Dilma, cada vez mais fragilizados no poder. Muitos políticos e outras figuras proeminentes, devem acordar diariamente com muitas dores de barriga, pois as coisas vão-se sabendo a conta gotas através de delação premiada. Parece que desta vez, pelo menos a culpa não vai morrer solteira! Em Portugal, como todos sabemos, é a prisão do

NÃO FALO

Não; não quero falar e não falarei. Os poderes ou os poderosos praticam muitas fazes a arte de nos fazer falar do que lhes interessa. Quando deteto nuvem; não falo. O “caso Sócrates” é uma dessas nuvens. Os velhos anarquistas sempre disseram: o Poder corrompe e também dizem que nunca tomas o Poder porque é o Poder quem te toma. Não defendo, portanto, o fazer político do socialista enclaustrado, nem, neste momento, tenho dados sobre o nível de corrupção tanto pessoal como do seu entorno. No entanto, sei que a prisão preventiva é uma medida excecional e que se deve aplicar excecionalmente; e sei que o ato de prender alguém é um ato que não pertence à sociedade do espetáculo. O condenado ou o suspeito de crime não deve e tem todo o direito de exigir sigilo em todos os aspetos. O condenado paga o seu crime com a sentença que é obrigado a cumprir e o suspeito é um acusado e a acusação deve e tem que ser provada. O resto é espetáculo de escárnio de muito mau gosto; o Poder não tem o direito

A batalha da informação: comunicação social, 7 - Sócrates, 1

Cinco dos seis diários generalistas de hoje têm primeiras páginas desfavoráveis ao ex-primeiro-ministro José Sócrates. O que sai oscila entre mais pormenores do processo (com o "Correio da Manhã" à frente) e os delírios de "habeas corpus" (que dão visibilidade a quem os faz mas que fazem, por exemplo, com que o Supremo Tribunal de Justiça blinde o processo contra outras tentativas de recurso, como a do advogado de Sócrates). As duas revistas generalistas ("Sábado" e "Visão") também não poupam o ex-primeiro-ministro, nas suas capas e no interior. A esta barragem de sete publicações hostis, Sócrates opõe apenas uma que lhe é favorável: o "Diário de Notícias" (para onde escreveu generalidades), que pertence a uma empresa de capitais luso-angolanos presidida pelo advogado Proença de Carvalho, representante intermitente do ex-primeiro-ministro. Há pormenores já revelados do processo (como o do transporte de malas com dinheiro pelo m

ARTIGO- Os suspeitos do costume e o Manuel

Este ano, para não variar, dois dos finalistas do prémio “Bola d’Ouro” são os suspeitos do costume: CR7 e Messi. O terceiro, para surpresa de poucos, é um guarda-redes, é Alemão, e chama-se Manuel. Não é o Manuel que Jorge Jesus invoca quando já não sabe o que dizer. É “apenas” o guardião da baliza da actual campeã do mundo.       Nunca haverá unanimidade sobre as escolhas, não sejamos ingénuos. No entanto, desta vez, deixem-me manifestar o meu total desacordo na escolha de Messi para esta lista final. O seu talento é indiscutível, provavelmente não haverá outro jogador num futuro próximo, e mesmo distante, que se iguale na qualidade futebolística, associada directamente a talento nato. Mas, ele por acaso tem lugar cativo nestas nomeações? Não esteve uma boa parte do ano fora de competição lesionado ou em baixo de forma? Por que o nomearam o melhor jogador do Mundial? Nem Blatter concordou com tal distinção! Caso venha a ganhar a sua quinta Bola d’Ouro, será mais uma “machadada” na

ARTIGO- Sócrates, Luís Arouca e a Justiça

Hoje já ninguém duvida que a Justiça se está a mexer, ocupando o espaço deixado livre pela inércia das alternativas e opções políticas. Mas não se espere da justiça as soluções mágicas para os problemas portugueses. Esta poderá apontar um caminho, aplanar uma rota, mas nunca substituir-se em definitivo ao poder executivo e legislativo. Aliás, por alguma razão é considerada " the least dangerous branch". Isto é, o poder de Estado menos perigoso. Não tem exército, não cobra impostos. Na realidade, actua sempre a pedido de outros. Sócrates tem adoptado um postura à americana. Faz o seu combate a dois níveis: o do tribunais e o da opinião pública. Não é muito habitual em Portugal, mas já se tinha visto o mesmo no caso Casa Pia. Mas sendo assim, não pode recusar que o ataquem. Tudo se passará como num jogo entre duas equipas. Com ataque e contra-ataque. A questão fundamental no momento imediato será a da sua libertação. Em regra, qualquer indivíduo sujeito a prisão preventiva s

CURTA- Na praça pública, o sol e a sombra

José Sócrates resolveu não estar calado e optou por "responder" a títulos de jornais e a abstrações genéricas das suspeitas que sobre ele caem. Quer trazer o seu processo para a praça pública ao mesmo tempo que tenta transformar a penitenciária de Évora numa espécie de Capelinha das Aparições com a ajuda de um núcleo de amigos fiéis (que o devem ver como patrono para um golpe de Estado constitucional). É um direito (enviesado) que o Estado de Direito lhe traz. Só é pena que iluda, sem lhes "reagir", as suspeitas mais substanciais: os 25 milhões sem origem definida, as malas de dinheiro transportadas pelo motorista, as movimentações bancárias e a ausência delas nos grandes montantes e tudo o resto que paira, e voltou a pairar, sobre ele. Estes pormenores ficam todos na sombra. E porquê? Serão verdadeiros?... Costa Cardoso