Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2017

Sondagens, função pública, compra de votos e má memória

O jornal “Expresso” e a empresa Eurosondagem têm sido, nos últimos meses, os únicos protagonistas de sondagens políticas que visam a posição eleitoral, ou pré-eleitoral, dos principais partidos e muito, ainda, em função das eleições legislativas de 2015. São, por um lado, as eleições mais recentes e são, por outro, as que deram origem à bizarra aliança governativa dos partidos derrotados contra os dois partidos que, organizados em coligação, venceram as eleições. A tendência registada tem sido constante: o PS vai subindo nas intenções de voto e o PSD vai descendo. São resultados que até podem ser genuínos (embora falta a prova de outras) e que, obviamente, alimentam expectativas de uma maioria absoluta do PS e o desespero dos adversários externos e internos do presidente do partido que efectivamente ganhou as eleições de 2015. Estas sondagens representam, em termos de intenção de voto, uma reviravolta: derrotado nas urnas quando era partido de oposição, o PS parece beneficiar do

Sócrates: o PS foi cúmplice ou corno?

J osé Sócrates disputou as primeiras eleições, que ganhou, como secretário-geral do PS, em 2005. Tinha sido ministro do Ambiente no governo anterior. Ganhou as eleições seguintes, na mesma situação, em 2009. Este mandato não chegou ao fim quando o Estado, governado pelo PS, chegou a uma situação de pré-bancarrota. Sócrates levou consigo para o Governo, e como secretário-geral do PS, suspeitas (que o sistema judicial nunca confirmar nem infirmar) sobre assinaturas “de favor” numa câmara municipal, vantagens obtidas com a Central de Compostagem da Cova da Beira, uma licenciatura de validade discutível por uma universidade privada que o seu governo obrigou a fechar e suspeitas de favorecimento patrimonial, enquanto ministro do Ambiente. O PS, que se saiba, nunca levantou dúvidas sobre estas matérias. E quando, por causa do “caso Freeport”, Sócrates fez um grande alarido sobre a “campanha negra” de que estaria a ser vítima, o PS apoiou-o. A Operação Marquês, que o levou à prisão pre

Portugal está um país perigoso

Olha-se para o que se passa à nossa volta e uma sensação shakespereana (passe a expressão) toma conta de nós: "Something is rotten in the state of Denmark.", dizia Marcellus na peça do autor inglês. Pois, a mesma podridão perpassa o Estado português e as suas instituições. Uma podridão lenta, nefanda, que se insinua sem se dar conta, mas está lá, no centro do poder, de todos os poderes. Portugal é um país pacífico, a criminalidade corrente é diminuta (embora as prisões estejam cheias!). A criminalidade portuguesa é a alta criminalidade e encontra-se praticamente localizada entre o Terreiro do Paço e a Avenida da Liberdade. Contudo, a questão não é de mera criminalidade. É mais ampla: é de perda de sentido de Estado, desagregação da comunidade política. Vejamos vários exemplos. Por razões ainda não publicadas (na hora a que escrevo) o Supremo Tribunal declarou que o Juiz Rui Rangel estava impedido de julgar o caso de Sócrates por não ser imparcial. Esta declaração não é

O BE e a defesa do capitalismo financeiro ou as voltas do conformismo

O BE é um partido que se tem definido por algumas causas justas: i) a política face a Angola. É o único partido que não tem uma postura servil face ao poder ditatorial de Luanda;ii) a promoção em força de um grupo de mulheres para funções de liderança. Não apenas uma ou duas mulheres para cumprir com os ditames do politicamente correcto, mas um tufão delas. E muito bem. Mesmo que não se concorde com as ideias por elas expendidas, marcam um patamar novo e desafiante para a política; iii) a defesa de causas de índole social,muitas das quais representam a evolução da ordem espontânea que os liberais abraçam. Contudo, nos últimos tempos, o que a surpresa trazida pelo BE é a da defesa do capitalismo financeiro e em especial da banca portuguesa, nos termos deprimentes em que esta tem sido gerida e abusada pela oligarquia nacional. O símbolo de tal atitude foi a aceitação por parte de Francisco Louçã da nomeação para um desconhecido Conselho Consultivo do Banco de Portugal. Se este é o

Subsídios para o entendimento da Operação Marquês: A conexão Angolana (I)

"O BESA desempenhava um papel fundamental na movimentação internacional de fundos.  O banco angolano controlava seis contas bancárias no Banco Espirito Santo de Portugal, designadamente, a conta # 099517430001 em francos suíços, a conta # 099514570007 em euros, a conta # 099516050000 em libras esterlinas, a conta # 099416440003 em ienes, a conta # 099514560001 em dólares norte-americano e, finalmente, a conta # 099516040005 em Rand Sul- Africanos.  Usando essas contas, a fim de proceder às suas transações internacionais, o Banco Espirito Santo não se submetia a qualquer um dos sistemas de compensação internacionais, utilizados no mercado financeiro global - isso significa, que ninguém controlava ou podia verificar de forma alguma o que é aconteceria no banco de Luanda.  Tínhamos dois bancos separados (BES/BESA) legalmente a funcionar sem controlo formal relativamente às transações entre eles, o mesmo é dizer entre Angola e Portugal. Hoje o BESA, redenominado como Banco Ec