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A mostrar mensagens de outubro, 2016

Os media: Nebulosas e cepticismo

Nos tempos de hoje, pelos meios à disposição, os media conseguem criar facilmente factos, histórias e contextos que podem ou não corresponder à realidade, mas são assumidos como verdadeiros e daí levam às mais variadas decisões e aos mais variados disparates. Este fenómeno não é novo. Já no final do século XIX nos EUA, a chamada imprensa amarela controlada por W. R. Hearst foi acusada de "inventar" os factos que levaram à guerra entre os Americanos e os Espanhóis que levaram à conquista de Cuba pelos primeiros. Cem anos volvidos, a influência dos media tornou-se avassaladora. Nos dias mais recentes a nível nacional e internacional têm aparecido vários fenómenos deste género, daqueles que procuram criar um facto unânime e não deixar qualquer alternativa, mas que não deixam de levantar dúvidas. O primeiro "facto" diz respeito ao novo Presidente da CGD, um senhor chamado Domingues, de que nunca se tinha ouvido falar, que primeiro foi apresentado como um guru sal

O Expresso ao Sábado

Como muitos da minha geração há mais de 30 anos que leio o Expresso ao Sábado. É uma espécie de ritual, como tentar tomar o pequeno-almoço num local simpático, ou outras coisas que se fazem ao Sábado. Todavia, há uns anos a esta parte, desenvolvi uma espécie de relação dialética com o jornal. Leio-o, essencialmente para perceber aquilo a que se chama a oligarquia pensa. Mas não o levo a sério como jornal, apenas como órgão oficioso do poder. Dentro do órgão existem algumas ilhas livres que vale a pena acompanhar, como os artigos de Miguel Sousa Tavares, a maior parte das vezes, os de Clara Ferreira Alves, uma vezes, Vieira Pereira, outras vezes, e a poesia escolhida de Nicolau Santos, mas pouco mais. Neste fim-de-semana de Outono, a história repete-se. O conteúdo mais interessante do  primeiro caderno do jornal são duas páginas de publicidade paga de Marinho Pinto, em que de forma incisiva e muito clara descreve o funcionamento anormal do parlamento europeu, do qual se che

Cadernos da Nova Direita Liberal III-Relações Externas

Portugal, desde a sua formação, nunca foi um país fechado. Pelo contrário, para a sua fundação contribuíram os borgonheses, para a conquista de Lisboa várias nacionalidades, em que se destacaram os ingleses. O primeiro bispo de Lisboa foi inglês. Quando a parte continental europeia foi conquistada o país seguiu o seu desenvolvimento para África e as ilhas adjacentes e depois por aí fora. Esta tendência cosmopolita foi permanente até ao 25 de Abril de 1974. Nessa altura o país viu-se reduzido, não à sua formulação mínima, mas quase. Em virtude disso, a orientação dominante da política externa portuguesa foi de encontrar um lugar na Europa. Conseguiu esse objectivo com a adesão à CEE, o que além de colocar Portugal como país europeu, lhe permitiu consolidar a democracia e receber um fluxo intenso de fundos que contribuíram para o seu desenvolvimento (embora pareça existir um certo consenso que esses fundos poderiam term sido melhor aproveitados). Contudo, é hoje patente que Portug

A falta de carisma da TVI

Estava uma pessoa a fazer um zapping televisivo quando aparece Sócrates na TVI. Sempre que Sócrates fala, o interesse pessoal e profissional leva a ouvi-lo. E assim se fez colocando a televisão no início da charla de Sócrates. A apresentadora Judite de Sousa começou por informar os espectadores que a prelecção de Sócrates estava sujeita a condições que eram apenas se falar do livro Carisma, publicado pelo próprio. Um mente estulta como a minha pergunta-se, a TVI promove um livro e ainda aceita condições? Qual o interesse de ouvir Sócrates falar sobre um livro? Isto depois do frete que já tinha sido a malfadada entrevista de Sócrates a José Alberto de Carvalho. Mas a TVI não tem vergonha e desde que elegeu um Presidente da República e se arvorou em defensora da ditadura angolana, acha que tudo pode, e para já tudo tem podido. Bom. lá se ouviu Judite de Sousa começar com perguntas parvas sobre o Carisma e Sócrates responder seguindo genericamente o artigo da Wikipedia em inglês (pel

Cadernos da Nova Direita Liberal II- A Educação

O FASCISMO NA EDUCAÇÃO DO SÉC. XXI EM PORTUGAL Anda um desastre a pairar pelo Ministério da Educação com duas asas. Uma é o ministro, descoberto num laboratório de Cambridge onde terá absorvido aquela mistela de marxismo envelhecido coberto de jargões modernos que pulula nalgumas universidades inglesas. Mas lá é inofensivo, porque esses académicos utópicos não saem dos seus jardins e relvados, e não querem sair, apenas provocar a reflexão e o espírito crítico. A outra asa é a empenhada secretária da Educação, professora da faculdade de Direito de Lisboa, nora de Jorge Miranda. Por a conhecer pessoalmente, não comento. Estes dois estão empenhados em destruir em definitivo o sistema educativo português com as suas ideias marxistas que acabam por se traduzir num fascismo educativo inusitado. Dois exemplos recentes. Por alguma razão, os iluminados governantes pensam que as escolas privadas deturpam com as suas notas as classificações de acesso ao ensino superior. A solução é &quo

Elogio a Pedro Passos Coelho

Pedro Passos Coelho é impopular e desprezado pela oligarquia portuguesa (termo emprestado de Rui Ramos, ele também em parte um membro dessa oligarquia que critica com inteligência). A última manifestação desse desprezo foi a forma como um homem chamado Domingues, que parece que é Presidente da CGD, e que por não ter dinheiro para fazer a barba teve que negociar um ordenado muito elevado, destratou o antigo primeiro-ministro respondendo-lhe sem mais nem menos a um comentário que este tinha feito numa entrevista. Também no passado Domingo o arauto de Belém anunciou os planos da oligarquia, que assentam no afastamento de Passos Coelho após as eleições autárquicas de 2017 e a nomeação de alguém mais maleável que dê a mão a Costa e a um segundo governo PS, afastando os "perigosos" esquerdistas do PCP e do BE. Há, portanto, uma unanimidade. A condenação de Passos Coelho ao ostracismo político. Contudo, foi esse mesmo Passos Coelho, que com maior ou menor sapiência, afastou

Cadernos da Nova Direita Liberal. Apresentação

O professor Nuno Garoupa discorreu recentemente sobre a necessidade de se apresentar uma nova direita com um pensamento actualizado para Portugal. Não podia estar mais de acordo.  As experiências da direita no poder nos últimos 16 anos foram inconsequentes e acabaram em derrotas.  A primeira experiência, aquela de Durão Barroso e Santana Lopes foi igual a zero, e criaram o político mais desprezado em Portugal: Barroso, e aquele que é menos levado a sério: Santana. A segunda experiência, a de Passos Coelho, limitou-se a ressuscitar, e com isso entusiasmou alguns, o velho mantra salazarista das finanças equilibradas, e deixou vingar um certo activismo judicial ( o que não é de esquerda, nem de direita). É verdade que Passos Coelho se revelou um líder interessante e determinado, mas o gosto final destes anos é amargo. Hoje a direita não apresenta nada para Portugal, apenas a manutenção das políticas salazaristas (curiosamente também mantidas no essencial pelo governo das esquerda

Perplexidades de um português médio

Ao contrário do que a retórica sugere, este tempo em Portugal é de consenso e pântano, para usar as expressões do dois mais dilectos filhos da nação: Marcelo Rebelo de Sousa e António Guterres. O governo das "esquerdas" ao contrário do que se previa, continuou com a política errada do governo das "direitas". Continuamos com aumentos de impostos, que assumiram um peso impossível no país, condenando-o ao marasmo; continuamos com a austeridade. É evidente que há uma gestão da austeridade. O anterior governo ia buscar aos funcionários públicos, este governo vai buscar aos proprietários. No fim, tanto uns como outros estão "tesos", portanto... Causa espanto, apesar do look pasionario que vai pelo Bloco de Esquerda, e o programa do PCP, que estes partidos apoiem a política austeritária germânica. Na realidade, estão a converter-se ao pragmatismo, porque perceberam bem que sem obedecer aos teutónicos, não recebem dinheiro da Europa, e como Portugal não produ

O imposto sobre a flatulência (tribute-se o peido)

Uma modesta proposta para prevenir que a “geringonça” não cumpra o défice e para tornar a flatulência benéfica para a República: tribute-se o peido É motivo de melancolia para aqueles que passeiam por este grande país verem por todo o lado tanta gente que pode andar a fugir aos impostos, ou que esconde o dinheiro que tem, ou que não tem nada a que o Estado lhe possa deitar a mão para compensar o facto de, pela sua condição económica, fazer parte da metade da população que não tem rendimentos para pagar IRS. Imagine-se, o que é ainda pior, que essa gente não tem casa própria onde dê o sol, que não tem carro próprio, que não bebe coisas doces – como é que raio é que poderão ser ainda mais tributados em sede de IMI, em sede de ISPP e em sede de imposto dos açúcares estrangeiros? Por uma única coisa, por aquilo que toda a gente produz e que eles também. E com um efeito multiplicativo que talvez resolvesse mais rapidamente o problema do défice e pudesse contribuir para um efectivo

A China e Portugal. O jogo da super-potência emergente

Por estes dias, temos sido brindados com a pose de estadista do nosso primeiro-ministro enquanto visita da China. A comunicação social tem-se entretido a falar dos negócios que Costa está a promover, como se a única tarefa de um primeiro-ministro "vender" produtos e negócios nacionais. Também é, mas não só.  Tem-se visto que Costa está a ser recebido com toda a pompa e circunstância, mas de repente vimo-lo em Macau entre o Brasil e os outros PALOPs na companhia das mais elevadas autoridades chinesas. Este quadro destoava um pouco do anterior quadro em que parecia existir uma inter-acção bilateral entre Portugal e China. Fomos aprofundar um pouco mais as notícias. Aquela coisa em que Costa aparece em Macau é o chamado Fórum Macau. O Fórum Macau tem o nome completo de Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa e é uma organização instituída pelo Governo Central da China para "consolidação do intercâmbio económico e c

Um governo que só governa para Lisboa

Quando este governo aumentou, de emboscada, o Imposto sobre os Produtos Petrolíferos, demonstrou, de imediato, o que era e como queria ser: um governo preocupado apenas com alguns e não com o bem geral.  O chefe do Governo, com a sobranceria que o caracteriza, recomendou nessa altura aos portugueses que passassem a andar de transportes públicos para não pagarem mais (ou ainda mais) pela gasolina e pelo gasóleo. Agora, e decerto que com a sua autorização, sai uma fuga de informação sobre o Orçamento de Estado para 2017 segundo a qual haverá deduções no IRS para quem andar de transportes públicos. Ou é ignorância, ou é má fé, ou é demagogia ou é o contrário de qualquer racionalidade. Ou tudo junto.  O País (o chamado “país real”) não tem transportes públicos. Há-os, mal ou bem, em Lisboa, Porto e Coimbra, abrangendo subúrbios. Depois, e dentro das cidades, há transportes públicos em capitais de concelho. O interior e a sua população, aquela que vive a alguns quilómetros da capital

Guterres

Não sei se esta histeria que se apodera de Portugal sempre que há um evento importante, é uma característica nacional, ou um fruto da globalização comunicacional. Uma coisa é certa, nos últimos dias assistimos a uma loucura mediática no endeusamento de António Guterres. Contudo, em qualquer sociedade livre e democrática uma boa dose de cepticismo é fundamental. É verdade que em termos de Portugal e amour-propre é positivo ter Guterres como Secretário-Geral da ONU, como foi ter ganho o Campeonato da Europa, ou ter Durão Barroso na Comissão Europeia . No entanto, os grandes beneficiários destas funções são os próprios indivíduos e não a população em geral.(embora Barroso se tenha encarregue de cobrir de desonra ao aceitar o cargo na Goldman Sachs) Ainda hoje se está para perceber os benefícios que o país teve com Barroso na Comissão, e não se vislumbra aqueles que Guterres possa trazer. Sejamos claros sobre Guterres em Portugal. Como primeiro-ministro foi um desastre. Iniciou

As humilhações da Alemanha

É quase uma "lei" da história. A Alemanha unida torna-se sempre demasiado grande para a Europa e inepta nas suas relações internacionais, acabando por se comportar como o elefante da loja de porcelana. Foi assim, nas vésperas da Primeira Guerra Mundial, foi a continuação na Segunda, e está de novo a ser. A história repete-se. A Alemanha fica forte, começa a querer comandar e não consegue, e de repente sente-se humilhada e caminha de frustração em frustração até explodir. Este ano já assistiu a três humilhações da poderosa Alemanha. Primeiro, foi o BREXIT, apesar do aproveitamento xenófobo e racista que está a ser estranhamente feito pelos "vencedores" do BREXIT e pelo governo Tory ( e não, Theresa May, não é nenhuma Thatcher, e vai dar asneira), a saída de Inglaterra da UE foi o primeiro passo de um confronto com a hegemonia alemã. Os ingleses têm ainda muito viva a memória histórica da II Guerra, e não concebem viver numa Europa comandada por Berlim. Por isso, r

A traição sindical

Vi ontem, num telejornal, duas notícias em sequência: na primeira, uma professora queixava-se de andar há anos a ser colocada de escola em escola por todo o País, estando agora a trabalhar num café por não ter arranjado lugar numa escola; na outra, uma escola do interior estava fechada por faltar qualquer coisa. Este tipo de notícia não é uma novidade. O que é uma novidade é a falta de uma presença habitual: a dos sindicatos dos professores. No caso da escola fechada, é estranho não haver professores, pais ou figurantes a protestarem com cartazes; no caso da professora, é estranho não haver um enquadramento: quantos há nestas condições neste começo de ano lectivo? Se o Ministério da Educação é lento a dar essas informações, havia quem de imediato as possuía: os sindicatos. Só que, neste caso, também não há sindicatos. A situação nas escolas do ensino básico e secundário não se alterou sensivelmente, para lá da suspensão dos exames e da questão dos manuais escolares mais ou menos e

O que é o MAAT?

Ontem, para minha surpresa, e se calhar de muitos mais distraídos, a televisão pública instalou-se num novo museu qualquer na beira do rio desenhado por uma arquitecta inglesa (desta vez não foi o Siza Vieira). E anunciou com pompa o Museu,falando-nos da vista,do miradouro e filmando os nossos Presidentes (da República, da Assembleia, do Governo e da Câmara) a rirem-se como tolinhos com uma senhora loura e aspecto chic,que devia ser a dita arquitecta. Tudo muito giro. E vimos o rio e falaram-nos da paisagem.  Depois passaram para o interior do tal museu onde nos mostraram uma "instalação" sofisticada de uma artista internacional,não retive o nome, nem da artista, nem da peça. Viam-se uns tapetes de borracha e umas bolas de plástico onde se esperava que as pessoas se rebolassem e a isso se chamou uma expressão sensorial. Tudo muito bonito. Pelo meio foram dizendo que o Museu só estaria pronto em Março de 2017 (!). E nunca cheguei a perceber o que estaria lá dentro. Deve s