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A mostrar mensagens de março, 2015

O truque controverso do "Observador" e as suas vantagens

O "Observador", jornal "on line" de poucos recursos, tem andado a pôr em prática um truque que, quase nem se notando nas guerras secretas da comunicação social, tem duas vantagens, para o próprio "Observador" e para o público. Em certo tipo de notícias ("caso Sócrates", por exemplo) resume o que outros jornais apenas titulam nas suas edições "on line", fechando os conteúdos por completo ("Correio da Manhã", que os reserva para a edição em papel) ou limitando-lhes os acessos ("Público", cujas limitações podem ser furadas por uma navegação anónima).   Deste modo, o público passa a aceder directamente ao conteúdo da notícia (sem ter de o pagar) e a concorrência é minada (porque o conteúdo exclusivo deixa de ser apelativo e é menos vendável). É legítimo (os jornais podem replicar os conteúdos exclusivos dos outros, desde que citem a origem) mas não deixa de ser controverso. Costa Cardoso

É preciso o Estado?

Todos os dias se estão a ver desmandos provocados pelo Estado. São autoridades que atropelam desavergonhadamente a lei, são impostos em excesso, são políticos que terão enriquecido à custa do Estado. O Estado é novamente o Leviatã acerca do qual escrevia Hobbes.  Por isso, tem pertinência a questão: é mesmo necessário existir um Estado? As pessoas não se podem organizar de outra forma? Não servirá o Estado apenas para fazer predominar uns sobre os outros? É sabido que as primeiras sociedades estavam organizadas de modo simples, tinham poucas riquezas e um tendência colectiva e igualitária. Paulatinamente, as sociedades foram mudando e tornando-se cada vez mais complexas, satisfazendo mais necessidades. No meio disto tudo surge um Estado poderoso e organizado.  O argumento essencial em defesa do Estado, é que sem Estado não existiria uma força que organizasse a sociedade e que sobretudo evitaria que uns prejudicassem os outros. Sem Estado, cada um roubaria o outro quando nece

"Objectividade" sindical, não jornalística

O "Público", que já quis ser um farol da objectividade jornalística, manda diariamente às malvas todos os bons princípios do jornalismo.  Hoje faz manchete com a frase "Sindicato exige saída de Paulo Núncio e diz que lista VIP teve aval político". E o que é que sustenta a afirmação? Isto, só: "Paulo Ralha [presidente do sindicato] Paulo Ralha diz, no entanto, não ter prova 'palpável' de que secretário de Estado Paulo Núncio tivesse conhecimento deste procedimento." Costa Cardoso 

"E como o anel terminou com a mulher viking?"

A frase tem dois significados: o anel ficou na posse de uma mulher viking, ou o anel matou a mulher viking. No original deve ter sido algo como "How did the ring end up with the Viking woman?". Ou seja, a primeira interpretação é a correcta (numa matéria sobre a ligação entre os vikings e o mundo árabe, no "Observador") mas a tradução, óbvia, de um texto em língua estrangeira por alguém que até pode saber alguma coisa de jornalismo mas menos ainda de tradução, dá asneira. E este exemplo é só o mais óbvio. Costa Cardoso

A pergunta que, para começar, todos os jornalistas deviam fazer

Os dados fiscais de toda a gente (políticos, banqueiros, jogadores de futebol, jornalistas, vizinhos, amigos e inimigos) estão mesmo, com toda a certeza, a salvo de qualquer tipo de curiosidade dos próprios funcionários da Autoridade Tributária?   Costa Cardoso

Os heróis do "Público"

Grande título no jornalismo de causas do diário de Belmiro de Azevedo: "Grécia em contra-relógio impõe-se no Conselho Europeu". Aguardam-se as fotografias exclusivas do "Público" com os dirigentes da União Europeia de joelhos no chão, em preito de homenagem ao governo grego... Costa Cardoso

O alegado jornalismo

Na CMTV, na notícia sobre o atentado no museu tunisino, fala-se em "alegados terroristas". Um dia destes falar-se-á em "alegado atentado", em "alegados mortos", em "alegadas Kalashinovs". Só não se fala, e é pena, dos alegados jornalistas que parecem deixar todas as madrugadas os cérebros a marinar nos bares da moda do Bairro Alto.  Costa Cardoso

Mário Soares

Que é feito dele? Rara era a semana em que não se ouvia o idoso que já foi líder do PS, primeiro-ministro e Presidente da República a disparar as suas opiniões e, de repente, o silêncio instalou-se. Num país de jornalismo "normal", tratar-se-ia de um facto a esclarecer: pode estar doente; pode ter desistido de intervir; pode estar, por qualquer motivo, incapacitado de o fazer. O jornalismo português, porém, pode animar-se vagamente com o que teria sido o "desaparecimento" de Vladimir Putin, via agências de notícias mas, quanto a Soares, "aos costumes disse nada". Porque será? Costa Cardoso

Jornalismo, supostamente

Escreve o "Jornal de Notícias": "Duas caveiras foram encontradas, esta segunda-feira de manhã, no centro da cidade de Viseu supostamente na sequência da profanação de sepulturas de antigos combatentes." O "supostamente" é mais uma espécie de doença venérea do jornalismo, como o "alegadamente", um anglicismo imbecil que não serve para nada. Repare-se: 1 -  Se o achamento das caveiras foi depois ("na sequência de", horas, dias, minutos) "da profanação de sepulturas", o "supostamente" serve para quê? Ou foi depois, ou foi antes ou foi ao mesmo tempo. Quem encontrou as caveiras andava com as horas trocadas? E o "Jornal de Notícias" também? 2 - Se a ideia é associar o achamento das caveiras à "profanação de sepulturas", não seria mais fácil, mais directo e mais explícito escrever alguma coisa como, por exemplo, "Duas caveiras foram encontradas, esta segunda-feira de manhã, no centro da ci

João Araújo

É certo que o comportamento de matilha ou de manada (escolha o leitor o termo que preferir) dos jornalistas com câmaras de televisão às costas roça muitas vezes o irracional e revela desníveis graves de ignorância. E que é fácil tomar a persistência de uma investigação jornalística por perseguição. No entanto, o comportamento do advogado João Araújo, representante e defensor do ex-primeiro-ministro José Sócrates, não tem grandes atenuantes. A frase ordinária "a senhora cheira mal" dirigida à jornalista do "Correio da Manhã" (que poderia, ou não, "cheirar mal", sem que saibamos se o causídico também não cheiraria menos bem), o desabafo "esta gajada mete-me nojo" dito de forma a ser ouvido ou a palavra "canzoada" para se referir ao grupo foram um monumental disparate. Só não sabemos se João Araújo o fez de moto próprio ou em representação do seu ilustre cliente (que maior e mais visível currículo tem neste domínio) que, com isto, s

Venham os robôs. Pelo menos para o "Expresso"!

Já se escreve assim no "Expresso" on line: "Numa altura em que se fala que a Grécia só terá dinheiro até ao final do mês...". Ou seja não se usa o correcto "dizer" ou "afirmar". Usa-se o rasca "falar que". Mais em baixo, escreve-se outra coisa: "Robôs a escrever notícias. Para onde caminha o jornalismo?" Só apetece dizer que, com robôs, é capaz de caminhar para um jornalismo escrito com pleno respeito pelas regras da gramática e pelo uso inteligente da língua. Que é o que o "Expresso" não faz! Costa Cardoso

Casa Pia, Pedroso, Sócrates e Proença de Carvalho

O "Diário de Notícias", amparando-se numa entrevista ao ex-arguido do "processo Casa Pia" Paulo Pedroso, associa hoje o "processo Casa Pia" ao "caso" do ex-primeiro-ministro José Sócrates. É uma associação estranha porque o "processo Casa Pia" (de que só veio a público uma parte muito superficial de tudo o que circulou nas redacções, onde se silenciaram informações não confirmáveis e outras bastante prejudiciais para muitos jornalistas...) é tudo menos claro e ainda hoje condiciona a liberdade de movimentos de muitos políticos, nomeadamente no PS. A entrevista, cujo teor até pode ser inocente (mas nestes casos são as parangonas que interessam), acaba por ter outras leituras e pode ter outros efeitos. Terá sido essa a ideia, tendo em atenção que o patrão visível do "Diário de Notícias" é o hábil Proença de Carvalho? Quando há processos judiciais mal fechados e/ou mal abertos, tudo é possível. Costa Cardoso

Uma asneira generalizada

Não me parece que as empresas anunciantes e as empresas jornalísticas que querem fazer o render "online" estejam a perceber a asneira: a imposição de publicidade (sejam a recente campanha vermelha,  os "pop-ups" e todas as inserções marotas onde se distingue mal a cruz de "fechar") em massa não é muito compatível com os hábitos dos leitores "online". Nem, tão pouco, com computadores com versões menos recentes de programas que são quase imprescindíveis para ultrapassar o escolho desses anúncios. O leitor "online" que seja inteligente não fica preso a um só jornal. Mesmo que não acredite nas "notícias ao minuto" e numa multiplicidade de sites que apenas replicam notícias que tanto podem ser de agora como do ano passado, pode passar à frente, ir ver apenas as primeiras páginas, procurar outra coisa qualquer. Percebe-se o desespero das empresas jornalísticas de captarem mais publicidade (porque não são as vendas que dão dinhe

É que não sabem mesmo escrever

Título do "Diário de Notícias": "Islão quer tornar mulheres em 'fábricas de fazer filhos'". Mas "tornar em" para quê?! O verbo "tornar" só precisa do "em" (na versão preguiçosa de "transformar em") nas cabeças de quem, verdadeiramente, não sabe escrever. Nem ler. Costa Cardoso

Com os pés

"Papa Francisco recebe em mãos obra completa do jesuíta português" - titula a SIC num dos seus rodapés noticiosos, a propósito da oferta das obras completas do padre António Vieira ao Papa Francisco. "Em mãos" não soa bem, o correcto seria "em mão" mas que interessa? Escreve-se com os pés, ao nível do rodapé, numa televisão que delira com os jogos de pés e se assusta com os jogos do intelecto. Costa Cardoso 

Coisas que não fazem sentido

Uma notícia do "i" sobre uma pequena polémica parlamentar a respeito do IMI traz a informação de que não está a ser aplicada a "cláusula de salvaguarda". A "conta" do IMI que tenho de pagar e que me chegou da Autoridade Tributária indica que a "cláusula de salvaguarda" está a ser aplicada. Não é caso único porque o muito que se garante nos jornais sobre as contas reais de impostos, desde as retenções na fonte às mais variadas simulações, tanto em textos de empresas diversas como em notícias órfãs de pai e mãe, raramente condiz com a realidade. Costa Cardoso

A legitimidade que lhes dá a preguiça dos jornalistas

Freitas do Amaral foi candidato à Presidência da República e não conseguiu ser eleito; foi ministro e não ficou até ao fim; não conseguiu ficar no partido que fundou; antes do 25 de Abril não se viu bafejado pelo marcelismo. Baião Félix é outro. Não conseguiu ser ministro até ao fim; não se afirmou no partido a que pertence, ou pertenceu, ou fez de conta que pertenceu. Dizem ambos uma coisa e o seu contrário, parecem sempre mais à esquerda. Qual é a legitimidade que têm para terem direito a grandes citações nos jornais? Apenas a que advém da preguiça dos jornalistas que vão sempre à procura do(s) mesmo(s). Costa Cardoso

A esquerda inculta (2): o Estado e a não revolução

O alarido a propósito dos problemas que o primeiro-ministro teve em matéria fiscal e no que se refere à Segurança Social contrasta, à esquerda, com o alarido que foi feito quando o actual governo reforçou a obrigatoriedade da factura especificamente em algumas áreas económicas. Alguém se lembra do muito que se escreveu, em protestos irados, quando à possibilidade de andarem na rua os “novos pides” a verificar se o cidadão tinha pedido a factura da bica? Alguém se lembra de que a coisa foi ao ponto de um ex-secretário de Estado ter anunciado que mandaria qualquer fiscal “tomar no cu” se isso lhe acontecesse? Mas é praticamente esse controlo que a esquerda saúda ao abordar o assunto.  Sabemos hoje que as receitas fiscais sobre as actividades económicas aumentaram graças a esse reforço da obrigatoriedade da factura, sendo também resultado do anúncio de prémios (o crédito em sede de IRS e os automóveis). Mas ainda agora o governo grego que tanto encanta a esquerda portuguesa fez sab

ESQUECI-ME

Esqueci-me, sou um esquecido e não tenho experiência em política internacional. Não estou capacitado para ser rei, nem presidente da república. O meu destino é comum e fácil de adivinhar: vendedor de bananas ou cronista do Expresso. Talvez prefira vender bananas porque se escolho escrever para o Expresso serei gozado; os meus amigos dir-me-ão, cada vez que nos reunamos em Campolide para jantar ensopado de borrego, “este escreve num lençol… de jovem pintava paredes, agora, deu-lhe para sujar lençóis…” Tenho o mesmo problema do Passos Coelho, esqueço-me ou não tenho dinheiro, esqueço-me porque deram-me a droga do esquecimento das bruxas e não tenho dinheiro porque vivo em crise permanente. Não me salva a Troica, nem o António Costa; o Euromilhões é esquivo e a Lotaria Popular lá vai dando para a bica. O Passos Coelho esquece-se, certamente, porque talvez tenha a mente sempre ocupada; é um político trabalhador. Lembremo-nos que dentro do seu fazer tem que tratar desde o preço da farinh

A ESQUERDA INCULTA

A esquerda inculta (1): a tirania fiscal A “narrativa” é esta: o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho não se limitou a decretar mais impostos e a aumentar os existentes; também criou mecanismos terríveis e tirânicos de os cobrar, incluindo neles a perseguição fiscal a quem passou portagens sem as pagar e os mecanismos de penhora fiscal cega. E foi o próprio que não pagou impostos. E isto serve para tudo, incluindo para (remédio santo para tudo, este) pedir a demissão do actual primeiro-ministro. A isto junta-se outra “narrativa”, cautelosa por causa dos rabos de palha: a tirania fiscal é boa se for exercida por um governo de esquerda; é má se o governo for de direita. O incêndio da indignação fervorosa alastra dos jornais às redes sociais e, por todos os motivos (e alguns dão pena), juntam-se ao coro os bem-intencionados, os que sofrem de iliteracias várias e os, pura e simplesmente, burros. Além dos que não têm memória ou idade. A tirana fiscal que sofremos, note-se, tem m

A prisão não é uma brincadeira

Uma estimável senhora que dirige qualquer coisa no Expresso acordou hoje a querer prender os administradores do BES. As TVs todos as semanas mostram corropios de famosos ( ou pseudo-famosos) a serem detidos (eufemismo para presos). Há uma gana prisional que atravessa a sociedade portuguesa. Isto é doentio. Estas pessoas devem ter enlouquecido. A prisão é uma coisa demasiado séria para ser objecto de apelos públicos ululantes. Para se prender há um processo. Esse processo tem que ser seguido. Esta é uma das principais conquistas da civilização. E tem que ser seguido, sobretudo, em tempos de crise. A realidade é que Portugal atravessa uma imensa crise e entrou na mente colectiva que os culpados dessa crise têm que ser penalmente punidos, arrastados para as masmorras pelos justiceiros de serviço. Rui Verde

Estupidez

Esta, do "Jornal de Notícias", é mais do que burrice ou analfabetismo. É uma simples estupidez: "Grua partiu e matou trabalhador em Cinfães - Um homem de 33 anos morreu, esta quinta-feira ao final da tarde, em Moimenta, freguesia de Cinfães, ao cair de uma grua que partiu." A grua partiu... para onde? Costa Cardoso

Porque é que não os atacam a eles?

Na Nigéria prospera um grupo terrorista islamita chamado Boko Haram que já se mostrou capaz das maiores atrocidades e que agora lançou mais um ataque contra a população civil, assassinando 68 pessoas. Na TVI24 escreve-se esta noite "Alegado ataque do Boko Haram"... como se fosse uma invenção. É uma pena não ser esta espécie de jornalistas o alvo do Boko Haram. "Alegado", claro. Costa Cardoso

Misérias

"O primeiro-ministro está próximo da miséria moral" - escreve em grande manchete o "Diário de Notícias". A afirmação é do ex-primeiro-ministro José Sócrates (detido preventivamente por suspeita de vários crimes de "colarinho branco", entre os quais o de evasão fiscal); o jornal tem como patrão o advogado Proença de Carvalho, que às vezes representa, ou não, o ex-primeiro-ministro; o destinatário do ataque é o actual primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que parece ter pago impostos com atraso e multas. O ex-primeiro-ministro (também conhecido por "recluso n.º 44", número que recebeu na cadeia de Évora) pode, pelos vistos, dizer o que quer como se fosse inimputável. Mas ter a sua afirmação o destaque que assim tem é que revela uma dupla miséria: a do próprio que, preso, caiu mesmo na "miséria moral"; a do jornal, que nem percebe que há pessoas sem credibilidade para dizerem certas coisas.  Costa Cardoso 

PASSOS COELHO E OS TOSTÕES ESQUECIDOS

Vivemos no melhor dos países; no melhor dos mundos. Um primeiro-ministro que desconhece as suas obrigações com a Segurança Social é, sem dúvida, um político dotado para as grandes macropolíticas. Um país que tem o privilégio de ser governado por um Pedro Passos Coelho é um país que pode exercer, como mínimo, de pajem das grandes nações imperiais. A Prússia desapareceu porque no princípio do século XX não teve um governante ou um aliado como o Passos Coelho. Os impérios não precisam dos governantes para cotizar; precisam de compradores de submarinos e de drones. Neste País à beira-mar encostado acontece um milagre: um funcionário autárquico que ganhe oitocentos e noventa e dois euros mensais (bom ordenado…) entra-lhe no seu pé-de-meia (serão, também, descontos para os “serviços em crise”?..) setecentos euros. Algum ilustre político disse que tinha algumas reformazinhas que mal lhe davam para “calçar-se”. Ganhava bastante mais; muito mais; não sei quanto mais que este funcionário autárq

Portugal e a Alemanha.

A existência de Portugal sempre dependeu das alianças europeias que foi fazendo ao longo da história e da sua força interior. A nacionalidade foi fundada não só devido ao braço férreo de D.Afonso Henriques, mas também devido ao apoio dos Cruzados e do Papa.  A partir de 1383-1385, aliança inglesa foi fundamental e desempenhou um papel vital para Portugal (embora por variadas vezes os nossos "amigos"ingleses nos tenham traído despudoradamente). Enquanto Portugal teve as colónias precisou sempre de um aliado marítimo e contou com a Inglaterra. Mas se esta é uma constante da diplomacia portuguesa- um aliado forte na Europa, outra constante é uma política de não intervenção nos assuntos europeus. Portugal sempre ganhou quando não se imiscuiu em assuntos da Europa e perdeu quando tentou intervir na política europeia. O exemplo próximo está nas diferentes atitudes na Primeira Guerra Mundial (intervenção desastrosa) e na Segunda Guerra Mundial (neutralidade benéfica), mas poder

A realidade?

Não é preciso ser estudante de filosofia para perceber que a origem do conhecimento é dos temas mais difíceis de apreender. Como conhecemos? Através dos sentidos ou da razão?  Vem esta introdução a propósito da "realidade" portuguesa.  Existe um bombardeamento diário que nos quer convencer que estamos a viver uma situação melhor ( o que quer que isto seja). Até o líder do PS pateticamente já caiu nessa armadilha para gozo completo dos seus adversários. Uma coisa parece certa: os políticos, comentadores e jornalistas vivem uma realidade que nada tem a ver com a realidade portuguesa. Os raciocínios que seguem pouco têm de ligação às nossas vidas. O que é o que um cidadão vê em Portugal, hoje? Os serviços as desmoronar-se, a saúde sem funcionar, a educação a funcionar mal, a justiça em colapso, só o Fisco está eficiente e a cobrar. O país regrediu e muitos anos. Não se duvide disso. Não se apresentem estatísticas. O desemprego subiu e a sua descida é duvidosa. Deriva

Ciência jornalística

No "Jornal de Notícias" de hoje: Título: "Sol e temperaturas acima dos 20 graus até ao fim de semana". Abertura da notícia: "As temperaturas vão subir ao longo desta semana e, em grande parte do Continente, vão ultrapassar os 23 graus Celsius, segundo as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. O estado do tempo vai melhorar a partir de quarta-feira. O próximo fim de semana será mesmo convidativo para sair de casa, já que as temperaturas vão ultrapassar os 20 graus em grande parte do Continente. Para esta segunda e terça-feira, ainda se esperam aguaceiros na região do Porto, mas, a partir de quarta-feira, os dias serão soalheiros e as temperaturas chegarão aos 21 graus Celsius no fim-de-semana." No "Correio da Manhã" de hoje: Título: "O frio vai voltar - Temperaturas mínimas descem a partir de quarta-feira". Abertura da notícia: "O céu muito nublado que se tem verificado nos últimos dias em Portuga

Jornalismo de causas VIII: o homem providencial

A esquerda do jornalismo de causas tem comportamentos que são mais do foro psiquiátrico que do foro político: precisa, desesperadamente, de um homem providencial, de preferência sem grande doutrina num estado de pureza química que não obrigue a pensar muito. Entusiasmam-na Cristo e Che Guevara, teve um "affair" com J. Sócrates, quis ir para a cama com Francisco Louçã, namorou António Costa e, agora, depois de parte do PS se ter atirado ao homem que todos pensavam ter São Bento como destino de vida, excita-se com o primeiro-ministro grego e com o seu ministro das Finanças. É uma tendência que também tem uma vertente claramente erótica, quando não mesmo sexual, embora a distância, relativamente à Grécia, neste caso não o permita, apesar do tom orgiástico com se pronunciam os nomes "Tsipras" e "Varoufakis" (talvez pelos érres que obrigam a dobrar a língua ) Está tudo nas fotografias, nos títulos, nos comentários, com derrames ocasionais pela horta que