Pedrógão Grande: os nus e os mortos
Os incêndios florestais são uma rotina. Afectam todos os governos. As responsabilidades são públicas e privadas. São lá longe, no interior, mais ou menos esquecido. Tem sido sempre assim. Mas nunca com tantos mortos. É isso, até, o que mais impressiona no caso de Pedrógão Grande. Além do facto de as mortes ocorridas (64, pelo menos, com todas as dúvidas que advêm da não identificação de corpos carbonizados e destroços por revolver) não terem sido, na sua maioria, em locais directamente afectados pelas chamas mas numa estrada pelo meio de árvores. Que se incendiaram. E para onde a GNR desviou o trânsito. Uma semana depois não há resposta para todos os enigmas. Nada parece claro. Não se percebe como as autoridades civis, policiais e políticas não agiram, agiram mal ou descoordenadamente. Olha-se para os números e as suspeitas de encobrimento são mais do que muitas. Não se percebe como é que falharam os sistemas da “protecção civil”. Não se aceita, ao mesmo tempo, a leviandade, a dem