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A mostrar mensagens de fevereiro, 2015

PAULO PORTAS E A CRUZ QUEBRADA

O todo-poderoso Paulo Portas nem é grego, nem alemão. Pela aparência, Portas teve algum problema de identificação. Curiosamente, não sei ao certo onde está a sua origem; no entanto, há uns bons anos, conheci um grupo de pessoas da Cruz Quebrada, Dafundo e Santo Amaro de Oeiras que se pareciam muito com o ínclito político. Gostavam de tocar a pandeireta e eram excelentes nos monólogos; falavam, muito bem, sozinhos. Faziam questão de afirmar orgulhosamente a sua condição de naturais da orilha do Tejo; diziam-se: “Tágidenses”. Eram grandes leitores de Afonso Lopes Viera e diziam que o futuro de Portugal chamava-se Paulo Portas. Em tempos, receberam o golpe de 25 de Novembro com alvoroço e começaram a sonhar com o Quinto Império. Anos mais tarde sentiram-se enganados. Muitos deles emigraram para superar o desconsolo e outros transformaram-se em excelentes homens de negócios relacionados com a indústria naval; faziam canoas e certo tipo de yates que se costumam ver pelas docas do Tejo. Os c

Jornalismo pantanoso

José Manuel Fernandes põe hoje o dedo numa das feridas do jornalismo português contemporâneo (a propósito da aparente falta de candidatos às eleições presidenciais): "Mesmo folhetins que ainda há pouco apaixonavam a opinião pública, como o inquérito ao BES ou as visitas à prisão de Évora, parecem estar naquela fase das telenovelas onde se pode ficar uma semana sem ver nenhum episódio que não se perderá o fio à meada." É isso mesmo: a imprensa portuguesa deixou de ter agenda, deixou de ter iniciativa. Por escassez de profissionais, memória, investimento, coragem, por tudo isto e mais alguma coisa, estagna, mergulha no famoso pântano político e social, perdeu o Norte. Nem no "fascismo" isto aconteceu... Costa Cardoso

Loucura

Rodapé do telejornal da SIC a propósito da Grécia e dos gregos: "Gregos aguardam efeitos do acordo com 3 instituições". Entramos, com isto, num domínio de loucura completa porque, segundo se deve presumir, este "3 instituições" pode referir-se à Troika, seguindo a tal grande conquista da "revolução" grega segundo a qual a Troika acabou... mas as três instituições que a compõem não. Portanto, para a SIC, são também "3 instituições". Podiam ser duas ou quinze ou trinta mas são "3", nem interessando saber quais. Costa Cardoso 

Quem desdenha quer comprar

É giro ver e ouvir como as jornalistas portuguesas comentam as excentricidades vestimentais da cerimónia dos "óscares", como se abominassem essas frioleiras, para depois se desunharem confessadamente em blogues pessoais sobre modas, sapatos, muitos sapatos das mais variadas espécies, e "trapinhos" que as fazem perder a cabeça. Enfim, coisas de gajas... Costa Cardoso

A NABIÇA GIGANTE

Hoje vi numa dessas fotografias que circulam pelas redes sociais uma nabiça gigante. Pensei que se a metesse num cozido à portuguesa seria impossível colocar na mesa os chouriços; as morcelas e o restante. Nem sequer seria possível situar comodamente uma garrafinha de vinho. Abandonei a ideia e virei-me para o bacalhau; fiz uma boa posta do lado da cabeça que estava excelente e abri uma garrafinha de verde tinto de Monção. Eu nestas coisas do beber sou muito nortenho; se não é tinto de Monção; é branco Loureiro. Se não faço o cozido com chouriço minhoto, deixo-me estar e como um bife e a coisa disfarça. A lampreia, é escusado dizer, que só como se é dos afluentes do rio Minho e de preferência, neste caso, dos afluentes galegos. Manias; sabores que se ganham com o decorrer da vida. Por isso, hoje quando vi aquela fotografia da nabiça, pensei imediatamente na Grécia e nos embates que está a padecer do poder da Europa e mais concretamente da Alemanha. Pensei que esta nabiça encher-lhes

Jornalismo de causas VII: a malandra da ministra!...

O banco HSBC não é português, a cidade suíça de Genebra onde o banco parece ter sediado o seu departamento de negócios menos claros fica... na Suíça, as autoridades portuguesas já fizeram saber do seu interesse em descobrir os portugueses que terão ido esconder dinheiro no banco. A Assembleia da República, onde se tratam com o mesmo grau de seriedade as coisas sérias e as que são apenas fruto de oportunismo político, decidiu "chamar" a actual ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, e o ministro das Finanças de Sócrates, Teixeira dos Santos, para falarem sobre o assunto. Apesar de não terem a tutela do banco nem das políticas fiscais suíças. Como a decisão dos imaginosos deputados permite que ministra e ex-ministro se possam fazer representar, isto significa que Maria Luís Albuquerque e Teixeira dos Santos poderão não ter de ir ao Parlamento. E eis o que o "Público" titula hoje sobre o assunto: "Ministra das Finanças pode escapar às explicações sob

A armadilha das estatísticas

Há aquela velha anedota sobre as estatísticas, segundo a qual se eu tenho duas galinhas e o meu vizinho não tem nenhuma, então, estatisticamente, cada um de nós tem uma galinha. É o que se aplica ao "Diário de Notícias" que hoje titula: "Bracarenses são os que mais procuram caso extraconjugal". Isto segundo um site de encontros amorosos, sendo de supor que antes de ele aparecer nunca tinha havido "casos extraconjugais". Nem sequer no "Diário de Notícias"... Costa Cardoso

O papa e a igreja portuguesa

Tem sido visível o desconforto da Igreja portuguesa- gorda, institucional,imóvel, próxima do poder, longe do povo e dos mais desfavorecidos, praticando uma caridade automática e fria patrocinada pelo Estado- com o novo papa. Tal desconforto foi por demais visível com o confronto das ideias de do Papa com o novo Cardeal português- D.Manuel Clemente. O papa falou de "pastores a cheirar como as ovelhas", isto é dos padres a arregaçarem as mangas e partilharem os sofrimentos e angústias dos seus rebanhos. D.Manuel referiu logo que as "ovelhas também deviam cheirar a pastor" esvaziando inteligentemente a imagem papal. Aliás, toda a entrevista que D.Manuel deu após a sua "cardinalização" foi um programa de esbatimento das ideias do Papa. Mas o Papa é claro: o programa da Igreja não é cuidar dos salvos, mas ir salvar os marginais. A Igreja surgiu entre pobres pescadores, ex-condenados, prostitutas, para lhes renovar a alma e não como novo banquete de Césares

Jornalismo de causas VI: só pode ser mau, mas é preciso reconhecer que às vezes não é

Título: "Economia portuguesa não acelera mas confirma crescimento de 0,9% em 2014".  Lead: "Foi a primeira vez desde 2010 que a economia registou um crescimento anual positivo. Nos últimos meses de 2014, contudo, Portugal não acompanhou tendência europeia de aceleração." O que devia vir em primeiro lugar, por ser "novo" e como tal ser "notícia" (as duas palavras estão ligadas) e reconhecer o jornal ser "a primeira vez desde 2010", seria o crescimento da economia portuguesa, de 0,9 por cento, no ano passado. Mas como isso é uma "boa notícia" para o Governo (e para o País, já agora), o título inverte a realidade: "não acelera". E só depois reconhece ("mas...") que houve crescimento. E onde é que foi isto? No "Público", pois claro, que devia garantir a Belmiro de Azevedo uma comenda, um elogio, uma coisa qualquer vinda da esquerda pelo seu acto de benemerência de suportar um jornal que só dá p

Jornalismo de causas V: que nada macule o super-herói

O ministro das Finanças grego (que, talvez à falta de melhor, é elogiado por ser "sexy", mesmo por aqueles que se sentem obrigados a não serem "sexistas") tem uma guarda pretoriana de admiradores no "Público". Em vez do noticioso "Varoufakis explica que cachecol da Burberry foi um presente da mulher" ("Diário de Notícias"), o "Público" sai logo a terreiro com o título "O cachecol de Varoufakis é muito mais velho do que crise europeia". E apesar de a notícia real ser mais esta: um apoiante do ministro interrogou-o sobre o uso de um cachecol que custa, parece, 435€. E apesar de o tique ser tão caracteristicamente esquerdista: os super-heróis da esquerda não podem ter nem usar coisas caras. Era por essas e por outras que os militantes do MRPP, por mais ricos que fossem os papás, andavam mal vestidos. Costa Cardoso  

De onde vêm as multas?

Dos radares, pois claro, que são máquinas perfeitíssimas: detectam a coisa, têm um ser minúsculo lá dentro que escreve a multa e o seu valor, uma impressora e um sistema de expedição de correspondência que faz logo voar o papel, talvez por cima das nossas cabeças, talvez por pombo-correio, cegonha (como os bebés de Paris), renas voadoras (como o Pai Natal) ou, porque não?, por tapete voador. É esta a claríssima convicção do "Jornal de Notícias", que titula: "Radares da VCI do Porto assinalam excesso de velocidade mas não multam." Quando o leitor vir algum GNR a querer passar-lhe uma multa, palpe-o bem para ver se ele não será um radar disfarçado de pessoa. Com sorte, ainda há de ser inconstitucional... Costa Cardoso

Jornalismo de causas IV: a masturbação

Já se percebeu que há um grupo de pessoas que, talvez pelo acesso que têm à televisão ou pelo muito tempo que têm entre mãos, gosta de se pôr ainda mais em bicos dos pés, derramando abaixo-assinados, em jeito de "compartilhamento" chique do Facebook, sobre tudo e mais alguma coisa... desde que lhes dê ainda mais visibilidade. Que um jornal dito "de referência" faça disso manchete (quando o mesmo grupo de ociosas criaturas se lança em novo empreendimento... para o primeiro-ministro mudar de discurso num tema de política internacional, santo Deus!), como acontece hoje com o "Público", é que ainda é surpreendente. É um tipo de jornalismo de causas quase masturbatório, indulgente na auto-satisfação mas indiferente para os leitores, que se satisfazem mais com as causas típicas do Facebook do que com as excitações sempre fugazes dos abaixo-assinados do primeiro escalão. Costa Cardoso 

Os cotovelos do homem invisível

Já deu para perceber há algum tempo que um dos pilares do processo contra o ex-primeiro-ministro José Sócrates é constituído pelo acervo de escutas telefónicas, meio de prova que é consensual e que tem regras precisas (pelo menos no que se refere ao seu uso público).  A imprensa cita-as, sempre de forma indirecta (como se a informação obtida não tivesse sido o próprio som das escutas ou as suas transcrições) e os pormenores são normalmente incómodas para Sócrates e o seus co-arguidos. Quanto às defesas, é possível que as conheçam, ou que ainda não as conheçam, elas retraem-se e esquivam-se. Não devem assumir essa violação do segredo de justiça, compreende-se, mas também pode acontecer que, conhecendo-as, saibam que as escutas são realmente incriminadoras. As escutas da "Operação Marquês" são, assim, um homem invisível num espaço onde muitas pessoas, e o próprio homem invisível, se acotovelam... Costa Cardoso

Acabar com a figura do Presidente da República

Para que serviu o Presidente da República nas últimas décadas? Quais foram as intervenções estimulantes e que contribuíram para a solução dos problemas do país? ..............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ubnijnp+ok«pl+´...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................mmonbuovyb..........

O Presidente penteadinho

Não sei quem é, verdadeiramente, Paulo Morais, ou Paulo M. Morais. Fala na televisão, escreve no "Correio da Manhã", apresenta-se como um paladino da "transparência" e da luta contra a "corrupção" e, com ar doutoral (há de ser doutor em alguma coisa), transforma em opiniões de cátedra os diz-que-diz do Facebook e da "vox populi". Agora anuncia que vai ter "intervenção activa" na política (e não tem, já?) no "Público", que serve para tudo e para o seu contrário, e nem sequer nega interesse numa candidatura à Presidência da República. As suas fãs, já se percebeu, deliram com a hipótese: de óculos muito formais e ar penteadinho, é um óptimo Presidente da República para a imprensa cor-de-rosa. Pode ser que um dia algum jornalista ou algum jornal tracem o retrato, muito objectivo, deste homem. Mas hoje em dia, talvez porque os retratos nem sempre são favoráveis aos retratados, parece haver mais reticências do que vontade nes

GREGOS A TODAS AS HORAS

Agora, depois de anos de notícias silenciadas sobre a Grécia, andamos gregos a todas as horas. Por toda a Grécia saltavam greves; ocupação de espaços; experiencias autogestionárias; distribuição gratuita de fruta em Praça Pública e nada sabíamos ou pescávamos alguma notícia em meios alternativos. Algum ilustre governante português com ar erudito e de classe média-alta asnal chegou a dizer:” Portugal não é a Grécia…”. Claro que não, neste preciso momento, um grego que ganhe o salário mínimo ganha mais que muitos funcionários públicos portugueses. No entanto, como um grupo político tipo amálgama de siglas perdidas e de dissidentes da sua própria sombra ganhou as eleições e projetam negociar o que já pagaram várias vezes o mundo paralisou. Inclusivamente o Passos Coelho saltou ao “ruedo” da opinião para dizer o costume: “não sei o que digo…” Imediatamente, os Mídias de todas as latitudes começaram, mais que analisar propostas, a analisar se o ministro das finanças grego usa camisas às

A ementa

O "Observador" é o único jornal a publicar o extenso menu que o novo governo grego decidiu oferecer ao país que, por enquanto, lhe anda rendido e atirar à cara dos outros países da zona euro. Ao fazê-lo, com uma asneira pelo meio ("cumprir com as promessas" é a asneira, porque o correcto é "cumprir as promessas") e mesmo sem qualquer tipo de comentário, o jornal presta-nos um serviço inestimável: imaginemos isto aplicado a Portugal, onde, mal ou menos bem, já não se vive a crise orçamental que continua a afligir a Grécia. A saber: - Aumentar salário mínimo para 751 euros até 2016, de forma gradual - Aumentar salário mínimo para jovens trabalhadores - Libertar do pagamento de impostos quem ganhe até 12 mil euros por ano - Restaurar as negociações coletivas de trabalho - Cortar metade da frota dos 7500 carros que pertencem aos ministérios do país - Vender um dos três aviões do Governo - Criar um novo canal de televisão público - Reduzi

Jornalismo de causas III: abaixo de zero

O "caso BES/GES" foi uma excitação, deixou de o ser; a prisão de José Sócrates foi uma excitação, deixou de o ser; a venda de parte da TAP foi uma excitação, deixou de o ser; as eleições na Grécia foram uma excitação, deixou de o ser; a hepatite C foi uma excitação, deixou de o ser. O jornalismo de causas é isto: apanha-se a boleia da primeira excitação e depois espera-se pela seguinte, como numa paragem de autocarros, sem iniciativa, sem ideias próprias, sem agenda. Ou seja: zero. Ou talvez mesmo abaixo de zero... Costa Cardoso 

Grécia: Tragédia ou farsa.

Tem sido difícil perceber o que se está realmente a passar em relação à Grécia. Todos os dias surgem notícias contraditórias, embora talvez um fio comum surja: e esse é que os gregos vão ter que ceder em toda a linha, mostrar-se pragmáticos, senão ficam sem dinheiro e a discutir sozinhos. Há de facto algo que enche logo de imensa perplexidade. As negociações entre Estados resultam de vários aspectos. Mas determinante será sempre o interesse e a força relativa de cada Estado. Ora a Grécia apresenta-se agora como uma folclórica e irrequieta juventude, sem gravatas, e cheia de sorrisos, querendo mudar o mundo. Mas como muda o mundo? Na realidade, ninguém os leva a sério, e viram logo o BCE a cortar-lhes as pernas. Os gregos só seriam levados a sério se no início do processo negocial tivessem usado e mostrado a sua força: congelado movimentos de capitais, fechado os mercados e as bolsas, até ter sido alcançado um acordo. Nada fizeram, quer parecer que ou estarão perante uma humilhação

Jornalismos de causas

Jornalismo de causas I: a confusão Os telejornais deliraram ontem, quarta-feira, com a invectiva de um doente ao ministro da Saúde em plena comissão parlamentar e com a morte, ou mortes, que o que parece ser o custo muito elevado de um medicamento para a hepatite C provoca. No meio da confusão (o que interessavam eram as imagens dos sofredores) esqueceu-se tudo o resto e que se podia resolver por um simples gráfico sobre o(s) medicamentos, os seus custos, a estratégia europeia (sim, isto tem um enquadramento na União Europeia), por exemplo. E trazer consigo uma pergunta fundamental que ninguém parece ter "tomates" para fazer: com toda a gente (que não está isenta) a pagar as taxas moderadoras ao mesmo preço, pagando o mesmo tanto quem ganha 10 000€ por mês como quem ganha 600€ por mês, não se percebe que o Sistema Nacional de Saúde nunca terá dinheiro suficiente para ir além dos actuais serviços mínimos? O jornalismo de causas é sempre assim: a lógica não pensante da

A Gripe Grega

Este pico de gripe tem sido tremendo. Mal consigo escrever. Se o texto pede trabalho de documentação, é preferível que calce as pantufas e me dedique a ouvir o Fausto; o seu Navegar, Navegar revitaliza-me e funciona como um antigripal. No entanto, há quem esteja a padecer uma gripe muito mais severa e estranha que a minha. A Alemanha, concretamente, foi apanhada por uma gripe grega que tem efeitos intestinais; anda com gastroenterite mais conhecida por diarreia ou alguma coisa mais escatológica. E no preciso momento em que a Alemanha se aliviava na casa de banho da sua gripe grega, salta a notícia que a dívida pública alemã é verdadeiramente assustadora para além de estar oculta… Ouvir falar de cinco milhões de milhões impressiona. É escusado dizer que o papel higiénico existente não chegou para as necessidades alemãs. Os Supermercados esgotaram os stocks e um motard grego, filho da burguesia, que estudou por aqui e além e lecionou noutros tantos lugares, metido a ministro das Finança

O leitor que decifre

Segundo o "Observador", "a Assembleia-Geral das Nações Unidas prolongou hoje até ao final deste ano o mandato do antigo primeiro-ministro português António Guterres como Alto-comissário da ONU para os Refugiados". A notícia, que até teve destaque neste jornal "online", é dada neste tom desinteressado em cinco parágrafos. Falta o resto, que seria algo como isto: "O prolongamento do mandato internacional de Guterres, a ser cumprido, pode colidir com os prazos das eleições para Presidente da República, que se realizarão em Janeiro de 2016". Ou seja: Guterres pode mesmo ficar fora da corrida eleitoral para a Presidência, a não ser que abandone prematuramente o cargo de alto-comissário, o que também não lhe ficaria bem depois de ter feito o mesmo em Portugal. Ou seja: há aqui uma notícia de primeiro plano, que não é (como antes se dizia) uma "cacha" porque a informação é pública mas que não vejo em mais nenhuma edição de hoje (terça

O ordálio democrático e a “Lei Barreto”

Há uma tendência – popular, populista, demagógica e totalitária – que defende a prisão como cura de todos os males da política (e, supõe-se, de tudo o resto). Actual, contemporânea, muito portuguesa.  A lógica mínima é esta: não é necessário julgamento porque, das duas uma, o malandro em questão salvar-se-á sempre ou então os juízes são “corruptos”, isto é, serão pagos pelo malandro para o declararem inocente. A lógica máxima é pior: dispensam-se prisões preventivas (aplicadas de acordo com os fundamentos da lei), julgamentos, testemunhos, recolha de provas, formalidades processuais e toda a espécie de formalismos. Basta a suspeita, o diz-que-diz, a notícia (de um jornalismo pobre que desistiu da investigação jornalística…), o rumor, o dedo esticado ou, sinal dos tempos, o Facebook: houve crime.  E só poderia haver porque, para os defensores da coisa, os políticos, os banqueiros, os “poderosos” (signifique isso o que significar) são todos criminosos potenciais, inevitavelmente “cor