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A mostrar mensagens de 2016

Bom 2017

O TOMATE a funcionar pelo terceiro ano  consecutivo e tendo atingido uma média semanal de 3000 leitores permanentes vem desejar a todos umas Boas Entradas. Todos fazem previsões,que não são previsões, mas wishful thinking.  Quanto a nós a única coisa que temos para dizer é que estamos satisfeitos por vivermos tempos interessantes, de mudança e grande desafio para a humanidade. Seria difícil pensar em melhor época para viver!

Guterres, Angola e a StAR

Guterres enquanto candidato beatífico a secretário-geral da ONU fez vários contactos e viajou até Luanda para pedir apoio da ditadura à sua candidatura, que obteve. Angola foi dos países mais entusiastas no apoio a Guterres e nas congratulações pós-eleitorais. Basta ler os escritos de Rafael Marques no Maka Angola, ou a reportagem desenvolvida de Tom Burgis no seu livro "The looting machine" para se perceber que Angola foi um país saqueado pelos seus governantes nas últimas décadas. Um dos aspectos essenciais na construção de pontes para o progresso angolano passa pela recuperação dos activos roubados pelos seus governantes. Tal será uma tarefa fundamental de qualquer novo governo angolano que devolva o auto-respeito ao povo angolano. Ora é dentro desta actividade que se enquadra a StAR lançada pelo anterior secretário-geral das Nações Unidas Ban-Ki-Moon.A StAR -Iniciativa de Recuperação de Activos Roubados (StAR) é uma parceria entre o Grupo do Banco Mundial e o Escri

A morte de Deus e o Facebook

O homem matou Deus, mas ficou desprotegido. Atualmente, não há um sistema de valores consensual, nem a pluralidade é consensual. Talvez se viva naquilo a que Durkheim chama anomia, a evolução rápida da sociedade deixou as pessoas sem referências, sem quadros de valores e por isso sentem- se desorientadas e deprimidas.  E daí a necessidade de uma nova religião, que mais não quer dizer que “ligação.” O Homem sem Deus procura uma nova ligação. Encontra essa nova ligação na “ligação à rede”.  A internet, o Facebook, substituem Deus como ponto de contato, como ponto de ligação do homem com o outro.  Do teocentrismo, ao antropocentrismo ao virtualcentrismo. É o mundo virtual que substitui o paraíso. É no mundo virtual que oramos aos nossos ídolos, conquistamos e tentamos projetar a nossa vontade.  Por isso, o Facebook é cada vez mais um fim e não um instrumento. Quando pensávamos que os EUA nos iam trazer um novo mundo temporal no espaço sideral, com a habitação e exploraçã

O presidente-pimba

Tenho a forte convicção que o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República vai acabar mal. Marcelo Rebelo de Sousa está a transformar-se no Presidente-pimba. Vai a todas e pimba. Quer fazer tudo, resolver tudo, e no fim só sai asneira. E nós pimba! Começou pela intervenção no BPI (agora esquecida).Anunciou um acordo com Isabel dos Santos para ser desmentido uma semana depois. E nós pimba! Passou para a trapalhice da CGD, falou e falou e deixou a situação degradar-e insustentavelmente. E nós pimba! Agora meteu-se no assunto da Cornucópia. Uma trapalhice pequena, mas sintomática do frenesim presidencial. Pergunta-se: quem quer saber da Cornucópia? É que se alguém quisesse saber da Cornucópia ia ver os seus espectáculos e tornava-a sustentável. Enquanto isto,o país degrada-se para a população comum: os hospitais tratam mal os nossos pais; o metro não funciona; a TAP presta um serviço cada vez pior...estes exemplos mostram como a vida piora.

O caminho para o abismo com novos artistas: Sousa, Costa e outros

Um ignorante médio de economia sabe que uma crise de dívida como a que Portugal teve em 2011 implica sempre um travão e uma recuperação. Primeiro, trava-se a fundo, depois (o mais possível simultaneamente) enceta-se um processo de recuperação.  A grande habilidade política está em conseguir a conciliação óptima entre o travão (vulgo austeridade) e o estímulo para garantir o crescimento.  Pode-se dizer que esse objectivo foi conseguido na Grã-Bretanha de David Cameron e George Osborne, que encontraram o tesouro britânico delapidado pelos socialistas liderados por Gordon Brown, e em 5/6 anos recuperaram as finanças e a economia britânicas. No Portugal de Passos Coelho e da Troika tal objectivo não foi conseguido. Apenas se apostou na austeridade virtuosa. O resultado foi desanimador e o governo de Passos não deixou saudades. Mas teve um grande feito, que foi afastar o país da bancarrota e começar a encetar um lenta recuperação. Do mal o menos. A tomada de poder por Costa com o c

Soares e Salazar. O mesmo fim? A Cruz Vermelha.

A doença que afecta Mário Soares por estes dias, levou ao seu internamento no Hospital da Cruz Vermelha. Notáveis têm passado os dias a visitar o Hospital e a conceder entrevistas emotivas à saída. Uma coisa se estranha logo, o que vão eles lá fazer se Soares esta inconsciente? Dá ideia que se vão mostrar, excepto aqueles obviamente que são familiares ou muito amigos da família. Mas o mais curioso é que Salazar terminou os seus dias úteis na ...mesma Cruz Vermelha, onde também uma multidão de notáveis, alguns pais e familiares das actuais visitas de Soares, foram ver Salazar, que estava sem conhecimento... A história repete-se. Enquanto, isto nos hospitais públicos- e falo com conhecimento directo- a prestação de cuidados de saúde deteriora-se de dia para dia. As macas servem de camas e acumulam-se nos corredores das enfermarias dos hospitais. Os doentes agonizam sem atenção, a não ser que os familiares lhes vão dar alimentação. A preocupação dos médicos é fazer sair os do

Mais um santo: Santo António Guterres

Não vale a pena repetir o que tem sido dito sobre António Guterres. Fica a esperança que um mau primeiro-ministro de Portugal seja um bom secretário-geral da ONU. Fica a esperança que Guterres não desonre o seu nome e o do seu país como fez Durão Barroso, a quem para a sua dignidade e imagem a pior coisa que lhe aconteceu foi ser Presidente da Comissão Europeia. Fica também a esperança que a Guterres não aconteça o mesmo que a Freitas do Amaral que julgava que ia mudar o mundo quando assumiu a Presidência da Assembleia Geral da ONU e acabou humilhado pelos norte-americanos. Mas Freitas do Amaral soube trazer algo de útil para Portugal, que foi criar um curso de Direito inspirado nas práticas mais avançadas dos EUA (desconheço se tal espírito se manteve até hoje, ou se o curso de Direito da Nova se tornou mais um repositório do inefável conservadorismo jurídico português). Sejamos claros, estes cargos internacionais são essencialmente bons para quem os ocupa, não para o povo a qu

A descentralização? Comece-se por uma nova capital no interior

Há modas intelectuais. Uma delas é a descentralização. Convencionou-se que um país deve ter vários níveis de poder ligados diretamente às populações. Assim, se assegurará o progresso e a democracia simultaneamente. São criados vários estratos de poderes diferenciados com competências teoricamente diversas mas que muitas vezes se sobrepõem.  No Reino Unido, estabeleceu-se a “devolution” entregando-se variados poderes à Escócia e ao País de Gales, e assim se reiniciando uma polémica que estava enterrada há 300 anos e que pode destruir o país- a independência da Escócia. Tentou-se também criar uma espécie de regionalização em Inglaterra que falhou por oposição das populações. Em França, a moda também pegou e instituíram-se complicados estratos de governos pelo país fora, cuja descrição é confusa. Em Portugal criaram-se as autonomias, o poder local, mas felizmente foi travada a regionalização. Em Espanha, a descentralização também contribuiu para a eventual desagregação do país.

Cadernos da Nova Direita Liberal VII. A Europa Federal e Democrática

Aquilo que é hoje a União Europeia surgiu de uma exigência norte-americana após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).  Os americanos estavam dispostos a injectar dinheiro na Europa para a sua reconstrução e a assegurar protecção militar contra os comunistas da União Soviética, contudo, os europeus tinham que arranjar um sistema em que não entrassem em guerra entre eles passados poucos anos, como tinha acontecido após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), bem como uma maneira eficiente de proceder à aplicação do dinheiro americano de forma a criar crescimento e progresso económico. Daqui surgiram as várias instituições que deram origem à actual UE. Pode-se dizer que até certa altura a UE foi um sucesso: garantiu a paz e a prosperidade do Continente. Quanto a Portugal a primeira abertura nos anos 1960 à Europa e a adesão nos anos 1980 também foi um sucesso. As "coisas" começam a mudar por volta dos anos 2000. O Euro foi um erro para a maioria das economias. O terroris

Eu, votante no “Presidente Marcelo”, decepcionado me confesso (2)

José António Saraiva escreveu no “Sol” que Marcelo Rebelo de Sousa poderia ser um Presidente perigoso, capaz de intercalar a sua prática institucional com a criação de “factos políticos”. Enganou-se, também: essa faceta fascinante do antigo comentador terá ido, com mais algumas coisas, para o caixote de lixo da História. O “criador de factos políticos” foi com o cão oferecido ao Presidente da República: para parte incerta, já sem retorno. Marcelo Rebelo de Sousa pode ser o campeão dos “afectos” e da “felicidade nacional”, pode até acreditar que o “populismo” que gera e tenta gerir é “bom” (por oposição aos outros “populismos” que são “maus”), que quanto mais “selfies” tirar mais facilmente se lhe abrirão as portas do Céu, que a democracia constitucional lhe exige o apoio cego ao governo PS-BE-PCP com o vigor de um quadro socialista da província esperançado num lugar no Estado, que quem não apoiar o governo em funções e não gostar de futebol é mau português e mais uma série de coisas

Eu, votante no “Presidente Marcelo”, decepcionado me confesso (1)

Na vida do actual chefe do Estado há muitos “Marcelos”. Há (no hemisfério público) o do “Expresso” do fim do Estado Novo até ao fim da Aliança Democrática, há o do presidente do PSD que quis atabalhoadamente destronar o primeiro-ministro Guterres, há o candidato à Câmara Municipal de Lisboa, há o comentador político, há o “entertainer” televisivo/explicador político, há o político que não quer ser político. E que não quer ser político quando exerce o mais político de todos os cargos: Presidente da República. Votei em Marcelo Rebelo de Sousa para esse mesmo cargo, em Janeiro deste ano, e, ao cabo destes meses todos… Bem, sinto-me decepcionado. E não há, infelizmente, período de devolução por insatisfação ou livro de reclamações em eleições democráticas. O período áureo de Marcelo Rebelo de Sousa foi, para mim, o de comentador na rádio nos anos 90. Era brilhante, arguto, docemente sarcástico, pesada mas subtilmente crítico com as notas que dava. A transição para a TV pode ter-lhe si

Novo Banco de volta aos Espírito Santo

Mais uma vez, Marques Mendes, porta-voz de interesses financeiros ainda por descortinar deu a novidade: Os Espírito Santo vão voltar a comandar o Novo Banco. Obviamente, que ele não deu a novidade desta forma crua. Anunciou que as variadas propostas apresentadas para o Novo Banco não serviam, pelo que restaria apenas a proposta fora do concurso apresentada pelos chineses, e seria essa provavelmente a vencedora. A questão que se coloca é quem são os "chineses" e que proposta é esta ? Aparentemente, a proposta dos "chineses" consiste num aumento de capital e não numa compra, em que o Estado ficaria parceiro, como aliás acontece na TAP, em relação aos privados. Portanto, começa por ser uma diluição do risco do Estado, mas não uma passagem do Novo Banco para novas mãos. Como vantagem, o Novo Banco receberia dinheiro fresco e novo. Como desvantagem, o Estado e o Fundo de Resolução não recebiam nada. Ficavam com uma participação no Novo Banco. Parece que os chine

Plano para a saída do Euro. Agora.

É um facto, que começa a ser indesmentível, que a adesão de Portugal ao Euro em 2000 contribuiu para o marasmo em que o país caiu.E já vão 16 anos de pântano! Começa a ser um facto que o Euro se encontra à beira da desagregação. Os povos europeus, tal como em 1848, estão-se a revoltar contra o Império, neste caso a União Europeia. Foi o Reino Unido no Verão e ontem a Itália. Entretanto, o ministro das finanças alemão ameaça, novamente, a Grécia com a expulsão do Euro.  Qualquer governo prudente encetaria a preparação de um Plano para a saída do Euro, para não ser tudo uma desordem.  Aqui vai a sugestão escrita em 2013. A saída do Euro devia obedecer a um plano político e financeiro. Do ponto de vista político torna-se importante fazer uma aliança com a Itália, Espanha e Grécia para preparar uma saída conjunta do Euro.   Ao mesmo tempo deveria estar preparado um plano de ajuda financeira do F.M.I. para fazer face à explosão inicial, sobretudo ajuda nas falências, sust

Fidel Castro e Cristiano Ronaldo. Ditadura e Fisco.

Fidel Castro e Cristiano Ronaldo têm sido temas presentes nos media dos últimos tempos.  Um morreu e discute-se se foi bestial ou uma besta. Outro era sempre bestial e agora querem-no transformar em besta por causa de umas questões fiscais. Comecemos por Fidel, tem sido desenvolvida uma teoria elaboradíssima sobre o bom ditador e o mau ditador. Não percebi a teoria, mas o resultado é que Fidel é bestial e Pinochet uma besta. A realidade é que a intelectualidade europeia tem estado sempre do lado errado nos últimos 60 anos. Portanto, é como as críticas culturais do Expresso. Os filmes de que dizem mal, são os que se devem ver. Aqueles que são elogiados, devem ser evitados. Com os ditadores é a mesma coisa. Aqueles que são elogiados pelos media e pelos intelectuais (ou pseudo) são geralmente infrequentáveis. Quanto aos outros,  merecem pelo menos um segundo olhar, mesmo que seja crítico. Os que agora elogiam Fidel são os mesmos que elogiaram Estaline e Mao Tse Tung.Que viram em Id

Sky towers. Negociatas luso-angolanas: Ricardo Salgado, Sobrinho, Guilherme, etc

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  Sky Towers-Luanda Que as Sky Towers são um bonito projecto imobiliário desenvolvido em Luanda ninguém duvida. Contudo, a sua fama e interesse não derivam da arquitectura ou dos pormenores da construção, mas do facto de serem a base de uma longa e grande negociata que envolveu os vários actores ligados à falência do BES e do BESA. Por aqui passam os nomes de Ricardo Salgado, Álvaro Sobrinho, José Guilherme ou Hélder Bataglia, e provavelmente muitos outros. Contemos a história já conhecida. As Sky Towers são um projeto do Grupo Escom pertença do Grupo Espírito Santo. Em  Julho de 2013, o grupo Escom anunciou a conclusão das obras de construção de  quatro torres, onde investiu 674,4 milhões de dólares. As quatro torres destinam-se a habitação, escritórios e actividades comerciais. As obras, com a duração de quatro anos, foram financiadas pelo Banco Espírito Santo de Angola (BESA) e estiveram a cargo da construtora portuguesa Teixeira Duarte. Por detrás desta construçã

São Luís Marques Mendes: o bom samaritano?

Marques Mendes derrubou António Domingues. Este facto é insofismável. Foi o comentarista que num belo Domingo à noite sacou da lei que "arrumou" Domingues.  Esta lei tinha sido esquecida pelos incompetentes juristas que assessoram o governo. Aliás, a incompetência de juristas portugueses começa a ser preocupante. Em Angola, também se instalaram de armas e bagagens com Isabel dos Santos na Sonangol e têm-se esquecido de leis essenciais. Mas deixemos os juristas incompetentes e voltemos a Mendes. A pergunta que se coloca é por que razão Marques Mendes divulgou a existência da lei de 1983 e levou Domingues a demitir-se, invectivando-o todas as noites de Domingo e convidando-o a sair? Há uma resposta benigna, Mendes transformou-se no arauto das virtudes republicanas, assumindo-se como um paladino da ética e da transparência no Estado. Então estaremos perante um processo de canonização em curso e em breve teremos um São Luís Mendes para adorar nos altares. Quiçá subst

Cadernos da Nova Direita Liberal VI. Portugal não é um país atrasado

No discurso corrente, existe a ideia espalhada que Portugal é um país atrasado e sem solução viável. Não é assim. Se repararmos e olharmos para o Índice de Desenvolvimento mais abrangente que existe, o IDH da ONU criado por figuras como Amartya Sen (Prémio Nobel da Economia) e que mede a qualidade de vida de um país, entendida como um conjunto de factores essenciais ligados ao crescimento económico, educação e saúde, veremos que Portugal ocupa a 43.ª posição no mundo, num total de 188 países. Nessa classificação ocupa o primeiro quarto da tabela sendo considerado um país com um desenvolvimento humano muito elevado.  É verdade que no ano 2000, ocupava a 36.ª posição, mas é um facto que desde aí Portugal foi mal governado e aderiu ao Euro, com as consequências perniciosas que se conhecem.  Contudo, daí não decorre estruturalmente que Portugal não seja um país avançado e com uma qualidade de vida em geral bastante elevada. Aliás, bastaria incluir outros critérios, como o sol ou clima

A república dos tolos

É confrangedor ver a forma como o país está a ser gerido, como se fosse uma república de tolos. Não temos que ser fadistas, fascistas ou pessimistas para perceber que num tempo de incerteza e tumulto mundial, estamos a fazer um número tolo fingindo que está tudo no melhor dos mundos. Pode-se hoje afirmar que a eleição do simpático e afectuoso Marcelo Rebelo de Sousa para Presidente da República foi o pior que podia ter acontecido ao país, pois deixamos de ter uma referência sólida em Belém e passámos a ter um encenador e criador de factos inúteis: O que é feito do cão oferecido ao Presidente? Qual foi o interesse de comemorar o Dia de Portugal em França, país que considera Portugal um território de segunda, como se viu pelas "memórias" de Hollande? O que andou a fazer o Presidente nos casos BPI/BFA, ou CGD senão atrapalhar e confundir? Em que país é que o Presidente condecora as pessoas com papéis A4? O verdadeiro líder não é aquele que se torna popular nas sonda

Domingues da CGD e a burrice jurídica em Portugal

Já se percebeu que esta história inacreditável do dr. Domingues da CGD resulta de uma fantástica burrice jurídica. Os contornos da história já são claros. Por alguma razão, Domingues exigiu no "pacote" de contratação para Presidente do Conselho de Administração (PCA) da CGD a dispensa de entrega de declarações de património e rendimento. O pressuroso Centeno aceitou essa condição e dispôs-se a fazer uma lei de propósito para acolher o desejo do futuro PCA. Desde já fica aqui a nota que isto é uma inversão do que é uma lei: um quadro geral que determina o comportamento das pessoas em sociedade. O que aqui assistimos foi uma pessoa a determinar o comportamento da lei. Exactamente o contrário do Direito e da Lei. A isto se chamava antigamente fascismo, ditadura, etc. Agora é ... Mas, como quer que seja, lá se criou uma lei nova que supostamente criava o regime de excepção para o sábio técnico Domingues. O problema é que os juristas de serviço esqueceram-se de dois ou tr

A onda. BCP, China, Trump, PIB e outros

Naquilo a que pomposamente se chama o espaço público, existe em Portugal um tendência para formar ondas avassaladoras que tudo arrastam, e quem não vai nessa onda é insultado com vários epítetos cada vez mais imaginosos: labrego, gordo, estúpido, diabético, carnívoro, amigo dos judeus, anti-semita, fascista, ignorante, apoiante de Passos Coelho, etc. Ontem foi a vez de anunciar com alegria providencial a entrada da Fosun no BCP, ligando este acontecimento à subida das acções do banco, uma euforia. Uma euforia mentirosa. As acções do banco não subiram. Tiveram subidas ao longo do dia, mas fecharam em queda, que continua hoje à hora em que escrevo (9.39). Não percebo como se mente tão descaradamente. Aqui vão os números oficiais com o respectivo link ao BCP. Ontem dia 21 de Novembro às 8.27 as acções BCP transaccionaram-se a 1,2970. Às 16.39 já tinham caído para 1,2439. Hoje às 9.21 estavam a 1,2377. Ver cotações publicadas pelo BCP . Houve um pico, e a partir daí as acções não se

Os desequilíbrios de poder em Portugal e o papel extravagante do MP: Sócrates e os Comandos

O  modelo tradicional de uma democracia moderna assenta na proeminência de determinados poderes que se encontram separados. A proeminência dos poderes garante o funcionamento do Estado, a separação garante o controlo da tirania e a liberdade. Com mais ou menos folclore foi este o esquema adoptado pela Constituição Portuguesa de 1976, sobretudo a partir da primeira revisão constitucional de 1982. Existia um poder legislativo representado pela Assembleia da República, um poder executivo representado pelo Governo, e um poder Judicial representado pelos Tribunais. Foi também instituído um quarto poder, na esteira da tradição constitucional portuguesa, pelo menos, desde 1826. Esse quarto poder, denominado habitualmente como moderador, foi entregue ao Presidente da República; com na Carta Constitucional liberal do século XIX tinha sido entregue ao Rei. Para os observadores externos este quarto poder não tem funcionado muito bem, mas eventualmente quem esteja mais dentro dos inner workings

Cadernos da Nova Direita Liberal V- Abolir os Decretos-Lei

 A novela da CGD e mais outra que hoje foi anunciada pelo Correio da Manhã acerca de uma lei fiscal que irá favorecer Sócrates e Salgado, levanta cada vez mais a questão da função legislativa e do excessivo poder de fazer leis que os governos têm.  Em rigor, os governos não deviam fazer leis. Apenas executar as leis feitas pelo parlamento. A isto se chama separação de poderes e é visto como uma forma de evitar a tirania.  A realidade em Portugal, de forma muito acentuada, mas noutros países também, é que os governos têm inventado maneiras de fazer leis, e se tornarem uma espécie de ditadores democráticos.  Debrucemo-nos sobre o caso português. Como Gomes Canotilho nota, nenhuma das Constituições monárquicas portuguesas admitiu a emanação pelo executivo de actos normativos com a forma de lei- os Decretos-Lei. Embora também reconheça que a verdade real não corresponderia à verdade constitucional, uma vez que os períodos ditatoriais aconteciam com alguma frequência, e aí o governo

0,8%. A relevância do ping

Trompetas anunciaram os estrondosos resultados positivos da economia portuguesa no trimestre de Verão de 2016. Parece que esta cresceu 0,8% e já é a melhor da Europa.  Costa sorriu como um gato rechonchudo (mas isso é o que faz desde há um ano), Centeno reapareceu como mago das Finanças (depois de andar escondido por causa da borrada que fez, deixou fazer, ou assumiu que fez sem ter feito, na CGD), e Marcelo foi a Londres bem-dizer a Pátria (não percebi muito bem porque Marcelo, Presidente da República, foi recebido pela Primeira-ministra e não pela Rainha, mas se calhar é hoje recebido por Sua Majestade. E a verdade é que Marcelo está a reforçar o presidencialismo do regime, adoptando uma postura de Presidente mais à francesa. É giro de se ver, embora não se saiba onde acaba). Sobre Passos Coelho...só faltou mandarem-no para o canto da sala de aula e colocarem-lhe umas orelhas de burro. Há que recordar os factos, que andam todos com a memória demasiado curta. Em 2011, o país es

Trump e Sócrates

De vez em quando o melhor a fazer é deixar de ler jornais...pelo menos alguns temas. É o que fiz a propósito dos comentários geralmente cretinos e histéricos sobre a vitória de Trump (em que o prémio da inanidade vai para o grande comentador Mendes de Carnaxide). Deixar passar a maré e depois tentar perceber.  Mas desde já é preciso dizer que está em curso um movimento popular, possivelmente maioritário, que quer mudar o presente consenso ocidental: globalização, relativismo, insegurança. Convém lembrar as palavras de um autor muito importante para o socialismo britânico, mas esquecido por estes dias, Harold Laski, que na sua obra Grammar of Politics escrevia (tradução e resumo livre do autor)que a complexidade da sociedade moderna implicava que qualquer sistema de governo abandonasse o liberalismo tradicional. Isto aconteceria porque em alguma altura a espontaneidade, como defendida pelos liberais, era impossível e o homem sentir-se-ia mais seguro se uma norma comum de ação prevale

Esqueceram-se do BESA?

Andam entretidos com a parvoíce da entrega das declarações de património e rendimentos do Dr. Domingues, deixando a CGD à deriva, numa manobra de contornos tão estranhos, como estranha tem sido a inépcia de Costa a lidar com o assunto, mas esqueceram-se de uma situação bem mais grave. No já nebulado Verão de 2014, o país assistiu com estrondo à queda do Banco Espírito Santo (BES) e do seu chefe Ricardo Salgado. Percebeu-se e foi dito por muitos, incluindo Pedro Santos Guerreiro, agora emoliente director do jornal Expresso, que uma das causas essenciais do "buraco" do BES era de origem angolana, designadamente do Banco Espírito Santo de Angola (BESA). Este banco tinha concedido créditos no valor de 5 mil milhões de euros a entidades desconhecidas e devia 3 mil milhões de euros ao BES Portugal. No meio da história houve uma garantia soberana irrevogável do Presidente de Angola, que foi revogada quando se aproximava o momento do pagamento... Mas o interessante é que já está