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A mostrar mensagens de maio, 2017

Aconteceu!

Aconteceu! Assim reagiu João Salgueiro às notícias sobre o crescimento português nos últimos tempos, afirmando que não se havia feito nada para tal resultado. Na realidade, é bom quando a economia funciona sem o Estado, é sinal que milhões de pessoas tomam as suas decisões e movem-se sem estar à espera do Governo. Nesse sentido, a perplexidade de Salgueiro seria uma tradução das virtudes da economia livre: o governo não fez nada, mas a economia mexeu-se. É assim mesmo! Contudo, não é o caso. Devem existir muitas explicações para os números do crescimento recente português, mas nenhuma assenta numa visão de uma economia com fundamentos sólidos e a arrancar para um período de crescimento sustentado. Nada, mas nada de nada, foi feito para criar um quadro macroeconómico favorável ao investimento, à produtividade e à competitividade em Portugal, símbolos reais de qualquer crescimento.  Vivemos uma bolha de ilusão, trazida pelos mesmos arautos do socratismo, agora transformados em cos

O erro de Varoufakis e Portugal

O novo livro do antigo ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis,  Adults in the Room ,é muito interessante de ser lido apesar do seu inglês torturado. As ideias de Varoufakis são claras, e saímos convencidos dos seus argumentos. O que sobressai indelevelmente do livro é a importância, melhor, a completa predominância da Alemanha na União Europeia. Efectivamente, a força encontra-se toda na Alemanha e tal é reconhecido quer pelos Estados-Membros da UE, quer pelas outras potências mundiais, como a Rússia, a China ou os EUA. A UE é coisa alemã e não se deve lá intervir. Também é claro que a Alemanha vê o Euro como o seu Marco, sendo este a base da sua prosperidade. Assim, a Alemanha não admite "brincadeiras" com o Euro e com a política económica que o possa prejudicar, do seu ponto de vista.Por isso, as tentativas francesas de aligeirar a pressão à Grécia foram debeladas, sem pejo em humilhar os dirigentes franceses, seja Moscovici, seja o actual Presidente francês

Só aplaudo a Eurovisão

Os últimos dias foram de geral histeria colectiva: o Papa, o Benfica, a Eurovisão e o crescimento económico. Só aplaudo a Eurovisão. Finalmente, depois de inúmeras humilhações, ganhámos. E ganhámos bem, com uma música bonita. A visita do Papa foi uma visita envergonhada (sabe-se lá porquê) que nem um dia demorou. Não se consegue perceber porque razão o Papa foi tão parcimonioso no tempo que dispensou a Portugal. Haverá algum conflito entre ele e a nossa igreja comercial e conservadora? Estas visitas papais que não trazem mensagem de fundo, que não criam qualquer coisa, ou transformam qualquer realidade, assemelham-se a visitas de estrelas de rock. Vêm, dão o concerto e vão-se embora. No fim só fica o lixo da assistência. Deste Papa evangélico esperava-se mais, muito mais. Quanto ao Benfica é bom (sou do Benfica), mas o futebol ocupa demasiado espaço na esfera pública. Nada justifica o exagero comemorativo.  Finalmente, o crescimento económico. Sou daqueles que sempre criticou

Como o neojornalismo está a matar o jornalismo português

A última vez que me lembro de ver o que corresponde ao conceito de investigação jornalística foi há meses, no “Expresso”, sobre empresas “off shore” e lavagem de dinheiro. Mas a investigação parou de repente, depois de duas ou três referências a uma lista de “políticos” e “jornalistas” que seriam avençados do Grupo Espírito Santo. Não foi tornada pública, por motivos que, no exercício da liberdade de imprensa, soam a pouco sinceros. A investigação jornalística desapareceu da imprensa portuguesa. Os “casos” na esfera política, policial e/ou financeira resumem-se aos que já estão a ser investigados pelas autoridades policiais. Mas não foi só a investigação jornalística que desapareceu. A iniciativa também desapareceu. Hoje, salvo incursões por domínios sociais de maior ou menor relevância, a reportagem foi de férias. O desaparecimento da especialização matou a capacidade de iniciativa. Os apertos financeiros também. E o compromisso político a mesma coisa. O grupo empresarial e de

O Papa em Fátima. O triunfo da hipocrisia.

Qualquer católico que acredite no Evangelho e na primeira mensagem de Cristo: Deus é Amor, só pode ficar estupefacto com esta vinda do Papa a Fátima e do festival que a rodeia. Fátima e Nossa Senhora já tiveram visitas suficientes de Papas. Não lhes sentirão a falta. Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI. Todos os Papas recentes, com a excepção do malogrado João Paulo I (que nem teve tempo para isso) vieram a Fátima. Mas tem que ficar a pergunta: o que isso adiantou para a Igreja e a comunidade portuguesa? Tudo se assemelha a um grande negócio e uma mão-cheia de cerimónias pomposas. Mais importante ( e este Papa tem sensibilidade para isso, quem não tem é a acomodada e conservadora Igreja portuguesa) era que o Papa se dedicasse ao sofrimento dos sem-abrigo em Portugal, ao exagero dos presos nas cadeias, à discriminação dos africanos e a muitas mais pechas sociais e económicas que afectam o país visitado por Nossa Senhora. Dirão que o Papa não pode resolver esses problemas. Pois não