Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2016

CGD- Investimento e privatização.

O mensageiro do poder instituído (mais conhecido pelo nome de jornal Expresso), anunciou hoje, 27 de Agosto de 2016 a grande vitória do Governo, com o apoio –não podia deixar de ser- do Presidente, na questão do financiamento da CGD.  E ao mesmo tempo numa espécie de nebulosa para distrair parvos anuncia que a dupla maravilha: Presidente/Primeiro-ministro já tem planos para reorganizar o resto da Banca. Se bem se percebe o BPI irá para os catalães que comprarão o BES também. O BCP para os angolanos, o Santander com o Banif já é dos espanhóis, e algures no meio aparecem os chineses a fazer não se sabe bem o quê.  Bom, a última vez que o mensageiro anunciou a intervenção desta dupla, deu bota. Foi no caso do “acordo” alcançado e desalcançado no BPI com Isabel dos Santos. À parte isso, fica já uma  interrogação sobre a CGD. Querem-nos convencer, a nós cidadãos ignorantes, que é uma grande vitória o financiamento da Caixa surgir como “Investimento” e não como “Ajuda de Estado” e des

A liberdade de Angola não é um assunto de esquerda (nem de direita)

É incrível que em Portugal existam pessoas que afirmam que Angola é uma democracia e não uma ditadura.  Essas pessoas não são as do Partido Comunista, que como se sabe têm um conceito próprio de democracia, e cujos antecessores portugueses serviram de pontas-de-lança soviéticos na entrega de Angola a uma ditadura marxista pró-russa. Um dirigente dum partido como o PSD, como Marco António escreveu uma peça imberbe no Expresso de 27 de Agosto que se traduz numa série de lugares comuns de apoio ao regime angolano e termina com a afirmação subtil de que há liberdade de expressão e de imprensa em Angola. Não vale a pena comentar o artigo, como não vale a pena comentar os contorcionismos do PP e de Paulo Portas, ou o servilismo (para já discreto) do PS. O que vale a pena comentar é que o único partido que tem uma política digna em relação a Angola é o Bloco de Esquerda.  Esta postura é uma honra para o Bloco, mas uma vergonha para o PSD e o PS, partidos, que apesar de muitas tendênc

Nacionalizem os supermercados

Os “produtores de leite e de carne” estão “em luta”, fizeram uma marcha lenta, ofereceram bifes (pareceu-me que de porco) aos repórteres, querem que lhes seja dado mais dinheiro pelos seus produtos senão "fecham a porta”. Os telejornais mostram e não explicam. Ao fundo vêem-se as bandeiras, irrepreensíveis de produção, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). O Governo anuncia “medidas de apoio”. A “luta” dos “produtores” é incompreensível. Quem vai aos supermercados ou aos talhos não a percebe. O consumidor tem de olhar aos preços e escolher o que lhe parece mais adequado (ou, na pior das hipóteses, mesmo na nova “austeridade” da esquerda, comprar o mais baratinho que puder). Ontem, um dos “produtores” (e foi o único, nesta série recorrente de “luta”) dizia que a carne lhes era para muito por baixo e que depois custava 10€ por quilo na venda ao público. E que carne? Nunca vi nos supermercados carne de porco acima dos 7€. Ou seria a de vaca? Infelizmente, não se sabe. A

Políticos portugueses e refugiados sírios. Uma curta reflexão.

Algures no tempo, os dois líderes da nação (infelizmente demasiado destros no verbo) anunciaram com regozijo caloroso que Portugal ia, muito contente, receber 10.000 refugiados sírios. Entoaram-se loas à generosidade do povo português e desta dupla com coração, até por comparação com os dois anteriores líderes que eram fracos com o verbo, embora um deles fale demais e muito redondo, mas sem retórica. A população portuguesa, pouco interessada em fazer o bem a outros quando se defronta com tantas dificuldades, não encarou com especial simpatia a vinda dos sírios. Isso viu-se no Facebook, sentiu-se nos cafés, nas ruas, nas conversas. Não era uma questão de xenofobia ou radicalismo. Era mais uma questão de estarem de fartos de problemas e não quererem os problemas dos outros sem os deles estarem resolvidos. Lá vieram os sírios, dos 10.000, terão chegado poucos mais de 10...Desses 10, uns fugiram para a Noruega, outros fugiram da aldeia onde os colocaram... Nunca mais se viu os

O que é o fascismo?

O facto e a lei. O facto não se enquadra na lei. Pega-se na caneta e muda-se a lei. Assim, o facto já se enquadra na lei. Isto é o fascismo. Temístocles Menor

As brincadeiras da economia e o golpe em curso contra Passos Coelho

Há uns dias saíram uns números mauzinhos sobre o estado da economia portuguesa. Está parada, como tem estado há anos, com um ou outro blip. As supostas medidas de estímulo da procura de Centeno de Harvard não tiverem qualquer resultado, nem em termos reais, nem em termos de expectativas. Passos Coelho no comício com que o PSD todos os anos nos quer acabar as férias, alertou e bem para essa situação, cada vez pior, num país que cada vez se endivida mais, para produzir o mesmo. (Seria diferente e positivo, endividar mais para produzir mais). Por alguma razão estúpida, os "formadores" de opinião detestaram as afirmações de Passos Coelho e descreveram-no como um radical com prazo de validade expirado (sobre este assunto já falaremos mais adiante). No dia seguinte, com uma esperteza digna do mais esperto dos chicos, o governo fez sair uma notícia nos jornais de Angola/Sócrates dizendo que os rendimentos dos trabalhadores tinha subido 4,5% desde a saída da Troika, querendo

Maria José Morgado. As coincidências no Expresso de 13 de Agosto.

O Expresso de 13 de Agosto anuncia com parangonas que a historieta do Secretário Andrade e da sua ida ao futebol está a ser investigado no DIAP e dá-nos variados detalhes sobre a matéria. Na mesma edição, por coincidência, a Directora do DIAP, Maria José Morgado escreve, em abstracto, acerca do crime que eventualmente o Secretário Andrade teria cometido. Tratar-se-á do crime de recebimento indevido de vantagem.E aponta como esse crime deve ser investigado, além de referir que na GALP serão procurados os exactos responsáveis pela oferta. Depois queixa-se que o crime foi mal importado da Alemanha ( de onde é importado todo o nosso direito penal, desde os tempos do nazismo), e defende uma teoria objectiva do crime. I.e. basta haver prenda para haver crime. Dois comentários suscitam estes factos: É uma grande  coincidência aparecer a  notícia do Expresso acerca do trabalho concreto de Maria José Morgado e o texto desta em abstracto sobre o tema. A posição da Directora do DIA

Inanidade da política externa portuguesa

É difícil perceber a política externa portuguesa nos dias de hoje. Parece que se tornou num mero repositório formal de convenções, e nada mais. Não adianta, nem atrasa. O seu ministro tornou-se irrelevante, não passando o posto de uma alta sinecura para compensar um político famoso. Não é essa a nossa tradição. Portugal sempre teve uma política externa própria, muitas vezes sovada pelos ingleses, pelos espanhóis, e por outros, mas sempre se procurou posicionar (como agora se diz). Actualmente, já não faz nada disso. O MNE é apenas um local burocrático e cinzento. Dois temas recentes ilustram essa atitude: as relações com Angola e as relações com a Venezuela. Estes dois países encontram-se numa fase de difícil transição política, que pode acabar em guerra civil. Nestes dois países, Portugal e os Portugueses têm muitos e grandes interesses. Nessa medida deveria haver uma política externa inteligente de diálogo e estabelecimento de pontes entre os vários contendores e tentativa de

A esquerda prostituída

Aquilo que em termos políticos se chama “esquerda” tem-lhe associados certos princípios, que até podem ser considerados fundadores, como a luta pela justiça e pela igualdade, a recusa dos privilégios que ponham em causa os benefícios da população em geral, o controlo dos favores feitos pelos políticos aos interesses económicos e, numa perspectiva mais abrangente e mais recente e, de forma mais abrangente, o respeito pela democracia. Não seria de esperar que, por exemplo, a esquerda, organizada ou não em partidos, aceitasse (e impulsionasse, até) acontecimentos como uma mitigada melhoria salarial da função pública à custa do sector privado e uma verdadeira isenção fiscal para um sector comercial, que nem sequer tem o alibi da cultura, e deixasse passar em branco a promiscuidade suspeita entre uma das maiores empresas nacionais e meia-dúzia de governantes nacionais e locais, uma vaga de despedimentos no banco do Estado e ainda impedisse o debate destes e outros temas na Assembleia da

Do pântano ao abismo. O tempo não volta para trás

Está visto que a governação Costa está a ser esticada para promover umas simpáticas eleições em breve e alcançar uma vitória com o Bloco de Esquerda, prestes a ser absorvido por umas prebendas no PS. Mas também está visto que essa governação levar-nos-á na melhor das hipóteses a um pântano guterrista e na pior a um abismo socrático. Por isso, muitos da chamada direita, esperam pela volta de Passos Coelho e da sua política. Este cenário tem um pequeno problema. A política de Passos Coelho teve apenas um resultado (e muito importante): fazer Portugal retornar aos mercados para pedir mais dinheiro emprestado. Fora isso, foi uma política desastrosa que manteve o país no marasmo. Não há doutrina económica que sustente o que foi feito, como o ministro Gaspar sabia e por isso abandonou o barco a meio, antes que se virasse.E Paulo Portas saiu da política para finalmente comprar o seu Jaguar sem ninguém o aborrecer. Portanto, Portugal está na pior situação: a escolha entre duas polític

Dignidade: O Presidente da República de Portugal e Manuel Vicente (V.P.Angola).

Por alguma razão estranha, em Portugal não há dignidade no exercício das funções públicas.  Sócrates vivia à conta de amigos e achava isso normal (não é preciso entrar nas questões criminais para surpreender a completa ausência de sentido de Estado). Um doutor Andrade viaja à conta da Galp para ver o futebol, e acha isso normal (talvez fosse de chamar a atenção ao distinto jurista que é hábito do MP acusar entidades privadas ou públicas de variados crimes por terem alegadamente pago ou recebido viagens para ver o futebol). Mas o mais grave é o recente encontro entre o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa e o Vice-presidente da República de Angola Manuel Vicente. Tanto quanto é público, as autoridades judiciárias portuguesas estarão a tentar notificar Manuel Vicente para o interrogar e constituir arguido no caso "Fizz". Caso em si de grande gravidade, porque a confirmar-se representa um acto de corrupção intenso e talvez sistemático das autoridades supremas

Mudar a sério

Há marés que ficam e marés que vão. Em 1979, quando Margaret Thatcher tomou o poder em Inglaterra foi uma maré que ficou. Um novo tempo, uma nova filosofia, tomaram conta de Inglaterra; e dos Estados Unidos com a revolução Reagan. O liberalismo, defendido por Friedman e Hayek, triunfou (tanto quanto a prática permite que as teorias triunfem) e o mundo mudou. De alguma maneira, havia a esperança que a vinda da Troika em 2011 e o governo de Passos Coelho fizessem algo de semelhante pelo declínio e marasmo corrupto em que Portugal caíra. Alguns sinais foram dados: o desmantelamento do GES, a prisão de Sócrates foram indícios que se procurava um novo caminho. Contudo, a realidade é que o governo Passos Coelho acabou viciado nas denominadas políticas de austeridade e numa espécie de submissão germanófila, e não teve rasgo para abrir um novo caminho. O padrão português manteve-se. A subida de Costa ao poder, histórica do ponto de vista da táctica política, não representa mais nada. Ha