A liberdade de Angola não é um assunto de esquerda (nem de direita)

É incrível que em Portugal existam pessoas que afirmam que Angola é uma democracia e não uma ditadura. 
Essas pessoas não são as do Partido Comunista, que como se sabe têm um conceito próprio de democracia, e cujos antecessores portugueses serviram de pontas-de-lança soviéticos na entrega de Angola a uma ditadura marxista pró-russa.
Um dirigente dum partido como o PSD, como Marco António escreveu uma peça imberbe no Expresso de 27 de Agosto que se traduz numa série de lugares comuns de apoio ao regime angolano e termina com a afirmação subtil de que há liberdade de expressão e de imprensa em Angola. Não vale a pena comentar o artigo, como não vale a pena comentar os contorcionismos do PP e de Paulo Portas, ou o servilismo (para já discreto) do PS.
O que vale a pena comentar é que o único partido que tem uma política digna em relação a Angola é o Bloco de Esquerda. 
Esta postura é uma honra para o Bloco, mas uma vergonha para o PSD e o PS, partidos, que apesar de muitas tendências autoritárias internas (desde Sócrates no PS a Paula Teixeira da Cruz no PSD) sempre apoiaram aquilo a que pomposamente chama o conceito europeu de liberdade. Pois parece que atravessam o Equador e o conceito europeu de liberdade perde-se.
Acantonar a defesa da liberdade em Angola no Bloco de Esquerda é uma asneira grosseira para os partidos maioritários do sistema político. 
O futuro de Angola passa obrigatoriamente pelo afastamento de José Eduardo dos Santos e pela recuperação dos activos saqueados por este e pela família. Por isso qualquer política externa partidária deveria ter esses aspectos em questão, bem como a protecção dos portugueses em Angola, que se arriscam a ser vistos como mercenários do regime e por isso expulsos e maltratados quando este cair.
Fica aqui um pequeno e humilde alerta para uma questão que pode ter graves repercussões nacionais.

Rui Verde 

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