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A mostrar mensagens de maio, 2015

O jornalismo invertido

O "Público" é um jornal sonso, fazendo-se sempre muito correcto em tudo, numa versão de supermercado de "a verdade a que temos direito". Mas às vezes escorrega-lhe o pé para o chinelo e sai-lhe descuido, a confirmar a verdadeira natureza do que já foi tido como um modelo de virtudes do jornalismo e hoje é a montra de todos os seus defeitos. Hoje, sexta-feira, o diário da Sonae dá-nos esta retorcida manchete, que quase é preciso ler por três vezes para perceber: "Propinas congelam em dois terços do superior e o valor máximo baixa". Doze (12) palavras para, de forma retorcida, dizer uma coisa muito simples que poderia ser escrita em português normal e apenas em oito (8) palavras: "Ensino superior congela propinas e baixa valor máximo". Teria custado muito? Costa Cardoso
"Greve no metro de Lisboa confirma intolerância do Governo", titula o "Diário de Notícia", prevaricando em dois erros e dando cobertura a uma estúpida injustiça: - A frase é uma citação de um sindicalista. - Ao publicá-la sem aspas, o "Diário de Notícias" está a assumir a declaração como sua e a tomar partido (contra o Governo e contra os utentes do Metro). - Os sindicalistas querem atacar o Governo mas conseguem é prejudicar, mais uma vez, as pessoas que precisam deste meio de transporte para, pelo menos, irem trabalhar. Estas greves são uma chantagem e o "Diário de Notícias" defende a chantagem. Não perde, entre os afectados pela greve, ainda mais compradores porque também já tem muitos para perder. Costa Cardoso

Isto não é jornalismo

No "Jornal de Notícias" sobre um vereador: "Paulo Cunha e Silva nunca se cansa, mas cansa andar com ele, não porque seja cansativo, mas porque nunca abranda." Pode ser uma redacção escolar ou um "bico" mas jornalismo não é. Costa Cardoso

Se não chover, é capaz de estar um rico dia

1. Há, desde há muito tempo e em especial desde Janeiro (o Syriza ganhou as eleições há meses, formou governo mas ainda não governa...), a possibilidade de a Grécia sair da Zona Euro. 2. Toda a gente o percebeu, toda a gente o admite. Já não choca, se é que alguém ficou chocado. E ainda não aconteceu, aparentemente, porque o governo(?) do Syriza tem medo das consequências de tomar a iniciativa e anda a ver se os outros países forçam esse desfecho. 3. Título do "Jornal de Notícias" (domingo, 1.ª página "on line"): "Ministra das Finanças admite que Grécia pode sair da zona Euro". Lead da notícia: "A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, afirmou, na noite de sábado, que a saída da Grécia da zona euro é uma possibilidade". 4. Isto não é uma notícia, é uma readcção própria de aluno do 10.º ano que quer ser jornalista. Costa Cardoso

O PS, o IVA da restauração e o PEC

Pedro Garcia Rosado Se chegar ao Governo (muito francamente: espero que não), o PS vai baixar o IVA da restauração. O seu secretário-geral já o disse e devem ter-lhe brilhado os olhos ao pensar nos muitos votos que vai “comer” com isso. Mas o PEC (o Pagamento Especial por Conta) não lhe merece a menor atenção. É uma extraordinária demonstração de falta de seriedade e de demagogia. O IVA, como toda a gente saberá, é um imposto cobrado aos clientes por quem presta um serviço, faz uma venda ou produz uma mercadoria. O preço de um serviço ou de um produto tem um formato diferente: não é “xis”, é “ípsilon” mais IVA. Ou seja: quem cobra o IVA aos seus clientes tem de entregá-lo ao Estado. Pode, se tiver despesas para isso, reter uma parte do IVA que cobrou aos clientes para cobrir as despesas que teve de fazer e em que teve de pagar o IVA.  Como todas as empresas e profissionais que trabalhem por conta própria, o sector da restauração tem de fazer exactamente o mesmo: da “bica” à ref

Se é bom para o País, é mau para o "Público"

As exportações portuguesas têm aumentado e isso, diz toda a gente, é positivo para a economia portuguesa porque isso significa que entra dinheiro estrangeiro em Portugal que compensam e sustentam as empresas que investem na produção para o exterior e/ou no turismo. Mas se é bom para o País, é mau para o "jornalismo de causas" do "Público" que invoca o santo nome do FMI só quando lhe dá jeito: "O 'milagre' das exportações afinal pode não ser sustentável", titula hoje o jornal. O "afinal" revela tudo: exportar não serve para nada. Com este governo, claro. Porque se o governo fosse de António Costa, ou de Catarina Martins, por exemplo, exportar já era "cool" e se o FMI criticasse essa opção... voltaria a ser outra vez o "mau da fita". Costa Cardoso

As mentiras sobre a Universidade Independente. Uma refutação.

De temps en temps uma figura profere aquilo que considera ser umas "verdades" sobre a Universidade Independente.  O mais recente proferidor foi o licenciado Fernando Esteves no seu livro sobre José Sócrates intitulado "Cercado".  No capítulo acerca da licenciatura do infeliz primeiro-ministro diz, e resumindo, que os dirigentes da Universidade liderados pelo seu reitor Luiz Arouca se dedicaram a enriquecer e a levar vidas faustosas à custa desta, tendo pelo meio sido preso o seu vice-reitor Rui Verde. Para comprovar tais afirmações, o autor Esteves cita um acórdão da Relação. A realidade é bem diferente.  Dois dos principais dirigentes já morreram, sem terem direito a uma justiça que lhes limpasse o nome e a honra. Luiz Arouca,o reitor, teria alguns defeitos e um deles foi associar-se a Sócrates, mas era um homem com um intelecto intenso e uma vontade de criação enorme, e certamente não enriqueceu nem viveu uma vida faustosa.A António Labisa, também morto,

Cá se fazem cá se pagam

Pouca gente sabia, o que também não deixa de ser curioso, mas o primeiro-ministro José Sócrates não lidava bem com aquilo a que, por manifesto exagero, se chama a classe jornalística. O seu antecessor António Guterres quis dar aos "rapazes dos jornais" a cenoura e o pau mas o conceito foi-se estreitando e Sócrates foi sempre descaindo para o uso quase exclusivo do pau. Por defeito, por feitio ou por saber que até tinha muitas coisas a esconder. E este comportamento foi mantido depois de o ex-primeiro-ministro ter sido transformado em recluso do Estabelecimento Prisional de Évora e com a ajuda (interessada? interesseira? amiga, apenas?) de alguns "notáveis" do PS. Vociferava contra a imprensa que ia publicando as coisas pouco dignas que se iam sabendo, garantia que era "preso político" e, num passo em falso absolutamente decisivo, o seu principal advogado acabou a mandar uma jornalista "tomar banho" porque "cheirava mal" diante das

LISBOA NA GRELHA

José Luís Montero O calor não me respeita. Fico banhado e a realidade veste-se de cinzenta. No coração de Lisboa saiu à rua uma santa em ritual antigo. A Senhora da Saúde não suou; leva trajes antigos e gente, pouca gente pelas ruas castiças de Lisboa. O Martim Moniz, como é fusão e chinês, não se veste para a ocasião e os crentes desertaram. As autoridades, destas coisas, nunca desertam, por isso, estavam todas e todos com os sapatos engraxadíssimos. É curioso mas, brilhavam sapatos e metais ainda que as caras pareciam baças. Seria do calor ou da parafernália do sorriso oficial de felicidade. A Baixa de Lisboa; O Martim Moniz, a Rua do Benformoso; Almirante Reis; a velha Rua da Palma; Dom Duarte; Poço do Borratem; Marques do Alegrete e a Mouraria da Severa; Cesariny, Malhoa e do Belarmino perderam a prestância. Não existem; passaram para a banda do Design anódino. A criatividade aliou-se com a banha da cobra. Reconstruiram uma das zonas ancestrais e castiças com brócolos congel

O demagogo

Pedro Garcia Rosado 1 Do «Jornal de Notícias» do dia 8.05.15: «”Um primeiro-ministro que desenvolva uma política contrária ao que prometeu em campanha eleitoral, se violar esse contrato, só pode ter um caminho comigo a Presidente da República, que é o despedimento por triste e má figura", assegurou à agência Lusa Paulo Morais, à margem da visita que efetuou à Feira do livro, em Portimão. Para o antigo vice-presidente da Câmara do Porto, durante o mandato de Rui Rio (PSD) entre 2002 e 2005, "de acordo com o artigo 195.º da Constituição, o presidente não só tem o direito, como tem a obrigação de em nome do povo que o elegeu, de demitir o primeiro-ministro e o parlamento".» 2 Da Constituição da República Portuguesa (art.º 195.º): «Artigo 195.º (Demissão do Governo)  1. Implicam a demissão do Governo:   a) O início de nova legislatura;   b) A aceitação pelo Presidente da República do pedido de demissão apresentado pelo Primeiro-Ministro;   c) A m

Eleições tipo infantário

Pedro Garcia Rosado Já começamos a saber o que a casa gasta, ou pode gastar, pela revelação de Sampaio da Nóvoa derramada numa entrevista televisiva: se o candidato do PS à Presidência da República já fosse Presidente no verão de 2013, teria demitido o governo e convocado eleições legislativas antecipadas quando Vítor Gaspar e Paulo Portas se demitiram. Podemos pensar que, num registo de “e se”, tudo é possível. Podemos pensar que, para quem não gostava e não gosta do actual governo, teria sido uma oportunidade. Mas talvez seja melhor pensar que o desejo revelado por Sampaio da Nóvia parece ter mais a ver com a ideia de um golpe de Estado constitucional do que outra coisa.  Vejamos: no verão de 2013 houve uma crise que, tendo Paulo Portas por aparente epicentro, não foi uma crise entre os dois partidos da maioria (absoluta) parlamentar que integravam o Governo. Na Assembleia da República continuava a existir uma maioria estável e o Presidente da República não podia ultrapassá-

Casa de loucos

Pedro Garcia Rosado Quem se governar apenas pelos telejornais e pelos jornais pensará que vive numa casa de loucos. Veja-se só: SMS – Paulo Portas ter-se-á demitido de ministro por SMS dirigido ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. O CDS afirmou que o tinha feito por carta formal. Uma coisa não impede a outra mas não se consegue saber se foi isso que realmente aconteceu. Mas esse SMS enche notícias. O que já não acontece com o SMS que o candidato a primeiro-ministro António Costa enviou a um jornalista (e cujo teor e significado são piores do que uma demissão ministerial unicamente por SMS). Para a imprensa portuguesa, este SMS é um “não assunto”, como acabou Costa por dizer. Com ar triunfante, obviamente. Um presidente tipo Punisher? – Há um candidato a Presidente da República que, sem deixar que o penteado bem armado se desmanche, garante que só quer é combater a corrupção. Como é que Paulo de Morais o fará é coisa que não se sabe. Avocará o cargo de procurador-geral

Loucura

Rodapé no telejornal da SIC de segunda-feira: "Ameaça de bomba em Lisboa". Isto a propósito do saco com roupa que foi largado na Ponte 25 de Abril pouco antes das sete da tarde. É certo que, e naturalmente, os especialistas da PSP intervieram para apurar se era um engenho explosivo e que durante duas horas o trânsito na ponte esteve cortado. Mas não houve, que se saiba, nenhum telefonema anónimo que a coisa era uma bomba nem nenhum elemento da PSP o admitiu. Nada autorizava, nem justificava, o alarmismo imbecil da "Ameaça de bomba em Lisboa" a não ser a loucura desesperada de um jornalismo que só ainda não ultrapassou todos os limites do bom senso porque, com os muitos telhados de vidro que tem, ainda não chegou à exploração dos assuntos mais privados e mais íntimos das personalidades públicas. Mas já deve ter faltado mais...  Costa Cardoso

O silêncio comprometedor do mano

António Costa, secretário-geral do PS, insultou por SMS um dos directores do "Expresso". O teor do SMS sobre um artigo de opinião (de opinião, note-se!) foi publicado no "Expresso". O conteúdo (que António Costa não repudiou depois de a coisa se saber) consegue ser abrangentemente ofensivo e intimidante. Ricardo Costa, director do "Expresso", ficou em silêncio perante o ataque. Infelizmente, é natural: Ricardo Costa é irmão de António Costa. Costa Cardoso

Três razões para não votar PS, mesmo que se discorde da política do governo.

O PS assusta. Bastaram as primeiras movimentações para se ver que aqueles que entronizaram Sócrates e lhe permitiram quase assumir uma ditadura pessoal, que só o desgaste de credibilidade devido à questão da licenciatura evitou, estão de volta e com os mesmos hábitos de controlo e asfixia democrática: o famoso SMS de Costa é um mero exemplo dessa tendência, a que se segue o empacotamento obrigatório de um candidato presidencial proveniente directamente dos altos convénios partidários, sem qualquer respeito pelas bases ou vontade dos militantes. A este renascer do socratismo autoritário, segue-se o programa económico. Tecnicamente bonito, uma coisa ponderada, mas que no fundo mantém exactamente, mais detalhe, menos detalhe a política do actual Governo. De facto, poderíamos alinhar pelo diapasão comunista e dizer que o programa do PS é igual ao que será o programa do Governo. Ora bem, o que é necessário é uma mudança de perspectiva, um novo paradigma que rompa a estagnação ( secular?)

Concurso de beleza

As eleições presidenciais que devem realizar-se daqui a oito meses começam a parecer-se com uma espécie de concurso de beleza em que os candidatos e protocandidatos se esforçam por aparecer da mais maneira mais inovadora possível, proclamando todos uma virgindade absoluta de propósitos políticos, garantindo que todos os vizinhos os conhecem e atropelando-se na reivindicação da legitimidade desta ou daquela bandeira política. Carvalho da Silva, Henrique Neto, Sampaio da Nóvoa e Paulo Teixeira de Morais são os principais habitantes da "passerelle" presidencial (o primeiro ainda a medo), num frenesim de primas-donas que não prefigura nada de bom. E a situação é tão intrigante que, ao contrário do que acontece em tantos outros domínios, a imprensa ainda não se definiu: os jornalistas parecem não se excitar muito com Carvalho da Silva (apesar de poder ser a candidatura que mais os cativará), não se entusiasmam com Neto (apesar do "show" do mamilo), não simpatizam por

António Costa: "Je Suis Charlie" mas só quando lhe convém...

“Senhor João Vieira Pereira. Saberá que, em tempos, o jornalismo foi uma profissão de gente séria, informada, que informava, culta, que comentava. Hoje, a coberto da confusão entre liberdade de opinar e a imunidade de insultar, essa profissão respeitável é degradada por desqualificados, incapazes de terem uma opinião e discutirem as dos outros, que têm de recorrer ao insulto reles e cobarde para preencher as colunas que lhes estão reservadas. Quem se julga para se arrogar a legitimidade de julgar o carácter de quem não conhece? Com não vale a pena processá-lo, envio-lhe este SMS para que não tenha a ilusão que lhe admito julgamentos de carácter, nem tenha dúvidas sobre o que penso a seu respeito. António Costa”. António Costa é secretário-geral do PS e quer ser primeiro-ministro. Como secretário-geral do PS não tem ao seu dispor a PSP, a GNR, a PJ ou o SIS. Não pode legislar nem forçar directamente a aplicação de disposições legais. Mas como primeiro-ministro já o poderá fazer. O

A descoberta da pólvora

Grande e universal título do "Jornal de Notícias": "Empresas e sindicatos com balanços diferentes da greve nos hipermercados". É sempre assim mas é a primeira vez que, no que parece ser uma expressão de surpresa, um jornal o reconhece. É daquele tipo de coisas que devia fazer pensar os jornalistas mas isso é que já seria querer muito. Costa Cardoso