António Costa: "Je Suis Charlie" mas só quando lhe convém...

“Senhor João Vieira Pereira. Saberá que, em tempos, o jornalismo foi uma profissão de gente séria, informada, que informava, culta, que comentava. Hoje, a coberto da confusão entre liberdade de opinar e a imunidade de insultar, essa profissão respeitável é degradada por desqualificados, incapazes de terem uma opinião e discutirem as dos outros, que têm de recorrer ao insulto reles e cobarde para preencher as colunas que lhes estão reservadas. Quem se julga para se arrogar a legitimidade de julgar o carácter de quem não conhece? Com não vale a pena processá-lo, envio-lhe este SMS para que não tenha a ilusão que lhe admito julgamentos de carácter, nem tenha dúvidas sobre o que penso a seu respeito. António Costa”.
António Costa é secretário-geral do PS e quer ser primeiro-ministro. Como secretário-geral do PS não tem ao seu dispor a PSP, a GNR, a PJ ou o SIS. Não pode legislar nem forçar directamente a aplicação de disposições legais. Mas como primeiro-ministro já o poderá fazer.
O texto acima é o conteúdo textual de um ataque pessoal e directo do secretário-geral do PS, e por sms, a um jornalista qo "Expresso" que escreveu uma opinião sobre o programa económico do PS que não é o programa económico do PS mas que poderá vir a ser, ou não, se o PS ganhar as eleições legislativas (onde o secretário-geral do PS nem sequer era citado).
Se, por um bambúrrio de sorte (dele), o secretário-geral do PS já fosse primeiro-ministro, o que é António Costa atiraria contra o jornalista?

E já agora: a maior parte dos órgãos de informação ignorou este incidente. Por medo? Por adulação ao homem que quer ser primeiro-ministro? Para tentarem cair nas boas graças dele? Por raivinha contra o "Expresso" (que ainda se vai aguentando financeiramente)? Seja qual for o motivo, não é bom para o que resta do jornalismo português...

Costa Cardoso


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