João Araújo
É certo que o comportamento de matilha ou de manada (escolha o leitor o termo que preferir) dos jornalistas com câmaras de televisão às costas roça muitas vezes o irracional e revela desníveis graves de ignorância. E que é fácil tomar a persistência de uma investigação jornalística por perseguição.
No entanto, o comportamento do advogado João Araújo, representante e defensor do ex-primeiro-ministro José Sócrates, não tem grandes atenuantes.
A frase ordinária "a senhora cheira mal" dirigida à jornalista do "Correio da Manhã" (que poderia, ou não, "cheirar mal", sem que saibamos se o causídico também não cheiraria menos bem), o desabafo "esta gajada mete-me nojo" dito de forma a ser ouvido ou a palavra "canzoada" para se referir ao grupo foram um monumental disparate.
Só não sabemos se João Araújo o fez de moto próprio ou em representação do seu ilustre cliente (que maior e mais visível currículo tem neste domínio) que, com isto, se arrisca a ser ainda mais penalizado em termos de opinião pública. Se foi de moto próprio, terá perdido a legitimidade para representar o seu cliente e devia pedir escusa; se foi a mando do cliente, também devia pedir escusa porque não o soube aconselhar devidamente nem demonstrar-lhe que o que hoje aconteceu foi um erro tremendo que fragiliza a posição do ex-primeiro-ministro.
Costa Cardoso
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