RICCIARDI
Ricciardi diz coisas. Não tem o domínio de sala do seu primo; ele não era o dono e agora poderá ser o dono de mil coisas, mas, do BES, GES e de todo abecedário, não; algum já partiu e o resto está na gare à espera de comboio. No entanto, José Maria Ricciardi além de ser primo do dono, é o amigo. É o amigo de longa data do Pedro Passos Coelho. O “amigo” disse que o Passos Coelho nunca comentou com ele nada extra competências sobre o BES porque não entrava dentro das suas competências. O “amigo e o primo” e algum que outros deputados mostraram-se cheios de sebentas com dados; perguntas e respostas, mas, também se mostraram plenos de erudição e Santo Agostinho brilhou nas carteiras de ex-alunos muito aplicados. Eu não quero ser menos. Nunca fui um aluno aplicado mas, durante a minha vida fui lendo algumas coisas incluídos livros de cowboys; aventuras e as revistas do Vilhena que tanto furor fez no tardo-salazarismo-caetanismo.
Evidentemente, o meu nível não é de Santo Agostinho, mas, apanho-me e posso falar da Religiosa do Diderot, no entanto, seria um bocado pedante, por isso, darei conselhos de leitura ao José Maria Ricciardi e - principalmente - ao deputado do PSD bem mais prosaica e bastante mais indicada para a situação. O BES, num passado recente, teve ligações com o banco espanhol Banesto que altura tinha na”governance” (linda palavra…) Mário Conde. Como o dr Ricciardi e o deputado do PSD sabem, com certeza, Banesto sofreu uma intervenção estatal e vários dos seus administradores, incluído Mário Conde, passaram pelo cárcere. Recordo que foram acusados por todo incluído da invenção do segredo do ovo de Colombo. Perderam património para além do património financeiro. Padeceram, principalmente Mário Conde, o escárnio social e viveram, também, o julgamento dos Mídea. Hoje, sabe-se, incluída sentença de Tribunal Internacional, que a estória do Banesto foi uma coisa bem diferente. Por isso, principalmente, as duas personagens a meu ver de comportamento mais curioso no dia “Salgado-Ricciardi” deveriam ler os livros escritos, recentemente, por Mário Conde onde relata a queda de Banesto. Ser-lhes-ia útil porque dessa forma jamais diriam que um primeiro-ministro ou um presidente de um banco central não entram em jogadas de ataque, tiro e queda de instituições banqueiras privadas. Mas, num ataque a um grande banco como foram o Banesto e o Espírito Santo não chegam reuniões jacobinas entre governantes de governos e de “governances”; é preciso mais; são precisos mais. No caso de Espanha estava o primeiro-ministro Felipe Gonzalez; o chefe da oposição Aznar; mais um vice de Gonzalez, Narciso Serra, e homens, gente, ligada aos Mídea, mais concretamente ao jornal El País. Precisaram do silêncio cúmplice dos restantes banqueiros e que algum banqueiro entrasse a comer o bolo. O Banco Santander entrou e pelo expressado pelo falecido Emílio Botin, o bolo estava muito saboroso.
Desculpem-me o deputado do PSD e o dr. Ricciardi, mas, se tivessem viva a memória do assalto a Banesto não teriam entrado naquela espécie pergunta-resposta com aplauso e o dr. Ricciardi, o “ primo e amigo”, nunca teria dito que o primeiro-ministro não tinha competências e por isso mesmo nunca comentaria nada fora da sua alçada. Mas, não me estranhou só esta “bondade ética”; admirei-me também como os restantes deputados não gargalharam imediatamente perante semelhante “beatice”.
José Luís Montero
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