ARTIGO- FRAGILIDADES

A detenção do ex-primeiro-ministro é um dos melhores exemplos de duas das actuais fragilidades da comunicação social.
Ocorrida já muito tarde, pouco mais deu para títulos na generalidade da imprensa escrita de sábado. Da noite para o dia, os jornais de ontem transformaram-se em lixo. As edições de fim-de-semana e o "Expresso" ficaram desinteressantes. O "online" triunfou, com mais notícias mas, mesmo assim, muito pela rama.
Só o "Sol" (obviamente bem abastecido de informações, antes da detenção ou mesmo em cima dela) é avançou mais. Hoje é um dia de luta na rua, digamos assim, com os vários jornais a competirem por pormenores e informações e o "Sol" em edição especial. Sabe-se já muito mas faltam duas coisas, entretanto: de onde veio o dinheiro do ex-primeiro-ministro que permitiu a acusação de corrupção? E há mesmo, como o "Sol" deu, um crime de falsificação de documento, ou documentos?
Nas televisões, sem mais imagens do que carros ou algumas pessoas, a falta de informações levou a um paroxismo verdadeiramente masturbatório: conversas e opiniões intermináveis, num ritmo barulhento que chegou a ser nauseante. Podiam fazer melhor? Talvez não mas foi excessivo. E hoje deve repetir-se.
Nisto tudo, entre muitas outras coisas que requerem maior atenção, há um pormenor curioso: o que é feito de Proença de Carvalho, desde sempre indicado como advogado do ex-primeiro-ministro (entre outras coisas)?
Para uma situação e um arguido desta dimensão causa estranheza ver um advogado desconhecido (decerto que bom profissional mas... quem é ele?) com aspecto atarantado a apresentar-se como defensor do "engenheiro". Manobra de diversão? Precaução de quem sabe que as acusações não podem deixar de estar bem estribadas e de que o ex-primeiro-ministro pode ser quase indefensável?
Eis mais uma fragilidade da comunicação social: com Proença de Carvalho tão ligado às maiores empresas (à Controlinveste, por exemplo, que tem o "DN" e o "JN"), quem é que pode perguntar por ele?

Costa Cardoso

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