O jornalismo de causas a entrar na campanha eleitoral

Paulo Portas (goste-se ou não dele, política ou afectivamente) é vice-primeiro-ministro. É, no governo PSD/CDS, quem tutela a área económica. É o n.º 1 do segundo partido da coligação governamental.
António Costa, que já foi ministro e presidente de câmara, é candidato a primeiro-ministro e n.º 1 do principal partido da oposição. Recusou-se, no quadro da campanha eleitoral, a fazer um debate televisivo com Paulo Portas. Até pode tê-lo receado, sabendo que dificilmente superaria a intervenção do vice-primeiro-ministro. A recusa (que lhe revela uma debilidade pessoal e um embaraço em termos políticos) foi, como agora se diz, desvalorizada pela imprensa.
Pedro Passos Coelho, que é primeiro-ministro e n.º 1 do PSD, recusou-se a ir um programa tido como humorístico e (segundo o "Diário de Notícias") anda pouco disposto a dar entrevistas e só aceitou participar num único debate televisivo, e com António Costa. A notícia, como está feita, é crítica para Passos Coelho.
Já todos vimos como Passos Coelho não evita os debates e o confronto verbal no Parlamento. Já foi entrevistado muitas vezes. Está, nisto tudo, mais à vontade do que Costa. A sua reserva não parece ter o carácter receoso da de Costa mas ser uma opção mais política do que pessoal. Mas, para este triste jornalismo de causas que temos, a sua recusa está a ser, e vai ser, apresentada mais desfavoravelmente do que a de Costa.
Costa beneficia, num exemplo muito típico de falta de objectividade, com este tipo de jornalismo de causas. Não devia acontecer. Por todos os motivos e para salvaguarda da própria imprensa.

Costa Cardoso 

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