O Sr. Xis das eleições presidenciais ou o mal menor

Pedro Garcia Rosado

E se, logo em cima das eleições legislativas, entrar em cena um candidato presidencial capaz de dialogar com as duas principais forças em presença (PSD/CSD e PS) se nenhuma delas obtiver maioria absoluta? 
Com experiência política e institucional suficientes que sirvam para resolver o problema e tornar menos visível a sua própria ambição? 
Com ar mais sério e mais sorumbático do que qualquer outro candidato e um perfil “de regime” que foi sabendo cultivar ao longo dos anos?
Pode haver um Sr. Xis em versão salvador da pátria nas eleições presidenciais?
Repare-se que, por um lado, o PS está refém de três candidatos presidenciais que não satisfazem a actual direcção (que pode, ou não, continuar em funções, dependendo dos resultados eleitorais) e que não dão garantias de vitória. 
Por outro lado, a actual direcção do PSD (que também pode, ou não, ficar em funções, dependendo dos resultados eleitorais) também não morre de amores por nenhum dos três candidatos presidenciais que são tidos como “naturais” para este partido. 
E nenhum dos dois partidos dispõe, no seu seio, de um candidato indiscutível.
Assim sendo, o caminho poderia estar de certo modo aberto para uma candidatura de Guilherme d’Oliveira Martins, o actual presidente do Tribunal de Contas que já foi, episodicamente, ministro das Finanças e ministro e secretário de Estado da Educação, que começou a sua vida política na JSD e que acabou como “compagnon de route” do PS. Não é de acreditar, sequer, que não lhe faltem a vontade ou a ambição, o que até é humanamente natural. Ou gosto de aparecer, triunfante, como solução descomprometida para um “nó górdio” político. 
Aliás, talvez nem lhe faltem já apoiantes, directos e indirectos. 
Há poucas semanas, o “Sol” quase o sugeria como candidato na primeira página (enquanto o seu director, António José Saraiva, expressava reservas a Marcelo Rebelo de Sousa). E ontem José Manuel Fernandes, director do “Observador”, criticava os vários candidatos (e/ou proto-candidatos) à Presidência da República, afirmando a sua “angústia” por uma eventual falta de alternativas…sem, no entanto, sugerir um candidato mais aceitável, o que também não deixa de ser significativo.
Há espaço, portanto, para um Sr. Xis desta natureza. Só que nunca deixaria, nesta altura, de ser visto como um mal menor.

Escritor e tradutor
http://pedrogarciarosado.blogspot.pt

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