10 erros de António Costa (1)

Pedro Garcia Rosado

1 – António Costa devia ter esperado para derrubar Seguro. António José Seguro não era, longe disso, um líder carismático para o PS. Mas era o que lá estava. Aguentara dois anos e meio de oposição e só lhe faltava um e meio para chegar às legislativas. Se ganhasse, e os socialistas são sempre generosos para os seus, alguma coisa havia de ganhar. Se Seguro perdesse, poderia ser o primeiro a censurá-lo e, no rescaldo, teria tempo suficiente para criar uma aura um pouco mais sólida de salvador. Não conseguiu. Arrisca-se a que dele digam: “De vitória em vitória até à derrota final”.
2 – Costa devia ter aberto o círculo dominante do PS e as suas listas de deputados aos seguristas. Não absorveu os adversários internos, deixou-os ressabiados e à solta. A sua exclusão facilita a crítica dos seguristas e dos outros adversários se Costa tiver um mau resultado nas eleições de 4 de Outubro. Sem terem tido de sujar as mãos na campanha, podem alijar as suas responsabilidades.
3 – Costa não conseguiu romper com o socratismo, nem com os socratistas. Nem, muito menos, com o significado da prisão do ex-primeiro-ministro e ex-secretário-geral do PS, ou com a nuvem de suspeitas que sobre ele paira. E o socratismo não é só a suspeita de crimes “de colarinho branco” mas o estilo de governo que levou ao pedido de um empréstimo externo em 2011. Nada garante que a situação não se repita. Ou que as situações não se repitam...
4 – Costa não transformou a sua curta permanência na Câmara Municipal de Lisboa numa missão, a que se arrancaria com pena de não poder servir os lisboetas porque maiores desígnios o aguardavam, mas numa penosa travessia do deserto a que pôs fim com alívio. Ou seja, desprezou os votos dos lisboetas e voltou-lhes as costas… e então quando a capital ficou alagada.
5 – Costa geriu mal a apresentação do que se supõe ser o programa eleitoral do PS. Foi uma sucessão de informações, promessas e previsões pouco sólidas e contraditórias (com o problema grave da segurança social por centro) que não conseguiram ser alternativa ao actual estado de coisas. Fica a ideia de que iremos ter todos mais em dinheiro se o PS ganhar as eleições… até ao resgate seguinte.


Escritor e tradutor
http://pedrogarciarosado.blogspot.pt

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