10 erros de António Costa (2)

Pedro Garcia Rosado

6 – Costa não soube gerir a boa notícia da diminuição do desemprego. A boa notícia não é só favorável para os partidos do actual governo mas para o País todo. Além disso, não são os governos que (nas economias das democracias) criam empregos. O PS podia ter dito que conseguiria impulsionar ainda mais a recuperação da economia e ajudar a criar condições para aumentar o emprego mas optou por lamentar as boas notícias, numa perspectiva de “quanto pior, melhor”.
7 – Costa geriu mal as presidenciais. Ignorou o candidato n.º 1 do PS (Henrique Neto), aproximou-se, distanciou-se e reaproximou-se do candidato n.º 2 do PS (Sampaio da Nóvoa) e fez por ignorar o candidato n.º 3 do PS (Maria de Belém) até a castanha lhe estalar na boca. As várias tendências em presença suportaram-se com alguma frieza mas duas já abriram hostilidades. Como não há uma dinâmica eleitoral de vitória para as legislativas (que garanta lugares para todos), tudo serve para dividir e fracturar num ambiente prenunciador de guerra civil.
8 – Costa deixou-se esmagar pelo marketing político que adoptou. Aos cartazes de teor evangélico sucederam-se cartazes com pessoas reais e histórias pessoais falseadas. O gozo foi geral, abrindo a porta a um relativo descrédito dos cartazes políticos. E, numa inevitável alusão a Sócrates, o tema da “confiança” foi transformado em “com fiança”. 
9 – Costa não devia ter recusado um debate televisivo com Paulo Portas. Como candidato a primeiro-ministro e seguro das suas certezas e das suas opções políticas, tem de mostrar que está capaz de as afirmar contra qualquer adversário. E, neste caso, Portas é o vice-primeiro-ministro, com a tutela da área económica. A única leitura possível é de que Costa teve medo dos dotes interventivos de Portas.
10 – Costa devia ter feito um contraponto imediato aos discursos de Passos Coelho e de Portas no Algarve. Durante mais de vinte e quatro horas prevaleceram os ecos deste comício bem sucedido da coligação PSD/CDS e primeiras páginas muito favoráveis. Costa só apareceu na segunda-feira de manhã, vindo de férias. Tarde piou, como se costuma dizer.

Escritor e tradutor
http://pedrogarciarosado.blogspot.pt

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