Delírios

É difícil distinguir na imprensa portuguesa de ontem o relato jornalístico do "wishful thinking", a avaliar pelos títulos delirantes que acompanham as notícias sobre a vitória da extrema-esquerda na Grécia.
Enquanto alguns jornais optam pelas aspas para as frases grandiloquentes dos vencedores, há dois (os ditos "de referência") que levam as suas manchetes ao exagero. Enquanto o "Público" garante que "Grécia vira a página da austeridade e deixa a Europa a fazer contas", o "Diário de Notícias" proclama: "A Europa estremece com a raiva dos gregos".
O jornalismo permite que os jornais e as suas direcções tomem partido a favor de dirigentes e candidatos políticos e partidários e não vem daí mal ao mundo, desde que as opções sejam claras e fundamentadas e que não enganem o público.
Mas não parece ser o caso na emissão dos "wishful thinkings" desta malta que depois, como se verifica no "DN" (o tal que não acha mal ter um patrão que representa uma grande pluralidade de interesses capitalistas), mostra o rabo de fora do gato escondido com a pergunta (inquérito aos leitores): "Vitória do Syriza na Grécia vai reforçar a esquerda portuguesa?"

Costa Cardoso

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