Delírio

Numa perspectiva compassiva poderá dizer-se que Mário Soares se encontra, pela idade e pela doença, afectado de tal modo, em termos de raciocínio e de relacionamento com o mundo que o rodeia, que o que diz se deve desculpar por ser a figura política que é, ou que foi. Numa perspectiva legal, mais chã, poderá dizer-se que já é inimputável.
Em qualquer dos casos, o que o "Jornal de Notícias" (pró-PS, como o "Diário de Notícias") hoje escreve é delirante: "Em 40 dias, Mário Soares falou quatro vezes sobre a prisão de Sócrates. Este domingo, no JN, defende que o juiz [Carlos Alexandre] deve pedir desculpa ao ex-primeiro-ministro e considera que Cavaco Silva não pode continuar em silêncio."
E se é certo que a imprensa não pode silenciar uma intervenção deste calibre (que transforma, definitivamente, o PS num partido defensor de uma justiça parcial e selectiva), poderemos interrogar-nos se deve dar cobertura a manifestações tão delirantes sem qualquer tipo de distanciamento.
Note-se que Soares é licenciado em Direito e foi advogado, embora de pouca prática.

Costa Cardoso

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