A falência

É certo que o futebol é uma indústria de milhões, que toda a gente gosta desta modalidade, que o jogador Cristiano Ronaldo se transformou num ídolo popular (do povo que delira com o futebol) e que até seria interessante vê-lo candidatar-se à Presidência da República (dizem-me que há já quem esteja a pensar nisso), que a esquerda ainda predominante nas redacções se esqueceu do tempo em condenava o "país dos três éfes - fado, futebol e Fátima" e declarava que "ser-se antifascista é não gostar de futebol"... mas, como ontem aconteceu, ter todos os telejornais do "prime time" a transmitirem uma cerimónia internacional de consagração do futebolista durante quase uma hora é, no mínimo, excessivo.
Mas, não sendo a primeira vez que isso acontece, só confirma de novo a absoluta e deprimente falência do jornalismo português, que deixou de ter agenda própria, irreverência, autonomia dos poderes políticos e empresariais e que abunda agora em profissionais que em português se diria que pensam com os pés e que, no inglês das traduções literais do "alegadamente" e das "cópias" que se vendem, meteram há muito a cabeça no aconchego dos respectivos rabos.

Costa Cardoso

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