PAULO PORTAS E A CRUZ QUEBRADA

O todo-poderoso Paulo Portas nem é grego, nem alemão. Pela aparência, Portas teve algum problema de identificação. Curiosamente, não sei ao certo onde está a sua origem; no entanto, há uns bons anos, conheci um grupo de pessoas da Cruz Quebrada, Dafundo e Santo Amaro de Oeiras que se pareciam muito com o ínclito político. Gostavam de tocar a pandeireta e eram excelentes nos monólogos; falavam, muito bem, sozinhos. Faziam questão de afirmar orgulhosamente a sua condição de naturais da orilha do Tejo; diziam-se: “Tágidenses”. Eram grandes leitores de Afonso Lopes Viera e diziam que o futuro de Portugal chamava-se Paulo Portas. Em tempos, receberam o golpe de 25 de Novembro com alvoroço e começaram a sonhar com o Quinto Império. Anos mais tarde sentiram-se enganados. Muitos deles emigraram para superar o desconsolo e outros transformaram-se em excelentes homens de negócios relacionados com a indústria naval; faziam canoas e certo tipo de yates que se costumam ver pelas docas do Tejo. Os clássicos yates que são excelentes para passear a sogra. Normalmente, depois de uma viagem não fazem mais visitas ao domingo e – quando passam por casa – dão dois beijinhos aos netos e desaparecem.
Paulo Portas é sem dúvida um político de êxito. Praticamente carece de votos, mas, como político que é, tem capacidade para entrar em governos mesmo sendo um quase nada a nível de votos. Imagino que os seus votantes e camaradas estarão contentes, no entanto, a pessoas perguntam: a quem representa este que fala tanto?.. Parece-me que a abstenção passou o 50%. Isso quer dizer que o Parlamento no seu conjunto representa menos de metade da população. O Governo, evidentemente, representa uma pequena fasquia da população e o Paulo Portas representa, pouco mais ou menos, um grupo de amigos que se reúnem diariamente no Café.
Sem dúvida o Portas parece-se um bocado com a Alemanha e a dr Merkel. A Merkel nem foi votada em Portugal, nem na Grécia e menos em Espanha, no entanto, olha nos olhos o Passos Coelho e o Passos Coelho imediatamente, em posição quase militar, empresta a sua boca e a sua voz e expressa-se como um aplicado; austero e devoto “alemão”. O Paulo Portas não faz o mesmo; conseguiu ter uma dúzia de votos, mas, entra em estresse e o Passos Coelho dá-lhe tudo e garante-lhe que os submarinos jamais afundarão. O Paulo Portas é o exemplo vivo dum bom leitor, como os meus amigos da Cruz Quebrada, Dafundo e Santo Amaro de Oeiras, do Afonso Lopes Viera. Desconheço a sua afinidade com o sebastianismo e o Quinto Império, no entanto, se consegue, através do seu estres, garantir os submarinos com capacidade para navegar, imagino que seria capaz de levar Portugal às mais altas cotas. Dom Pedro IV logrou ser Imperador do Brasil com bastante menos dotes, por isso, não duvido que o Paulo Portas tenha capacidade para se transformar no Almirante dos Sete Mares e também da Cruz Quebrada, Dafundo e Santo Amaro de Oeiras. Portugal poderia continuar pobre mas, teria um grande motivo de orgulho. Será isto o Quinto Império?.. 
JOSÉ LUÍS MONTERO

Comentários

  1. Temos o Portas que irrevogavelmente chantageia tudo e todos e , pelo caminho, distribui beijos às vendedoras de mercado com promessas tão escorregadias como as lealdades dele. Quanto ao resto, não se compromete, apenas compra submarinos

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