GREGOS A TODAS AS HORAS
Agora, depois de anos de notícias
silenciadas sobre a Grécia, andamos gregos a todas as horas. Por toda a Grécia
saltavam greves; ocupação de espaços; experiencias autogestionárias;
distribuição gratuita de fruta em Praça Pública e nada sabíamos ou pescávamos
alguma notícia em meios alternativos. Algum ilustre governante português com ar
erudito e de classe média-alta asnal chegou a dizer:” Portugal não é a
Grécia…”. Claro que não, neste preciso momento, um grego que ganhe o salário
mínimo ganha mais que muitos funcionários públicos portugueses. No entanto,
como um grupo político tipo amálgama de siglas perdidas e de dissidentes da sua
própria sombra ganhou as eleições e projetam negociar o que já pagaram várias
vezes o mundo paralisou. Inclusivamente o Passos Coelho saltou ao “ruedo” da
opinião para dizer o costume: “não sei o que digo…”
Imediatamente, os Mídias de todas
as latitudes começaram, mais que analisar propostas, a analisar se o ministro das
finanças grego usa camisas às cores; calças de ganga; botas e mochila com a
agravante da sua alopecia em vez analisar as causas primárias da crise que não
nasceu na Grécia, nem em Portugal mas sim nos foros onde se cozem as beldroegas
da engenharia financeira. Os Mídias estão a cair onde sempre chafurdam: na lama
dos grandes interesses financeiros e políticos. O ministro grego usa camisas ao
seu belo prazer; o Passos Coelho usa garavetas de casamento e a Merkel não tem
penteado, tem um corte de cabelo adaptado ao capacete militar que usa ou
gostaria de usar. Quem a critica? Limitam-se a noticiar que mantem a linha dura
para a Grécia. Limitam-se a lembrar-nos que a Alemanha manda porque faz
excelentes parafusos. Entretanto, por esta velha Europa fora, as pessoas ainda
se lembram do tempo em que um arame bem enroscado fazia do melhor parafuso
possível e também se lembram (principalmente os gregos, os espanhóis, os
italianos e os irlandeses) o duro que foi a emigração na Alemanha ou na França
para poder fazer uma casa na sua aldeia. O que não existe nas castas
intelectuais e de poder é vergonha. Parece que foram apanhadas por uma espécie
de “necessidade de pedigree” que nunca tiveram, nem terão porque fantasiar
origens; é o mesmo que fazer castelos na areia.
A falta de senso chega ao ponto
que em Portugal fala-se muito mais profusamente numa prisão preventiva não
explicada e menos ainda racionalizada, de um Ex- primeiro-ministro que da água
que afoga e mata da dívida contraída com os agiotas mundiais chamem-se troicas
ou prestamistas de esquina. Fala-se mais num estúpido Sporting- Benfica que na
necessidade premente de saltar ao pescoço dos agiotas. Esta crise chegou ao
ponto inverosímil onde os doentes saltam à luz pública porque pedem,
encarecidamente, ao ministro do ramo que não os deixe morrer. No entanto, as
frotas de carros dos ministérios não usam pneus de segunda mão, nem perdem o
brilho. Vivemos entre agiotas e parvalhões desumanizados com carro oficial. Se
a Grécia morre nesta aventura; Europa não merece existir como tal.
AUTOR: José Luís Montero
estamos verdadeiramente anestesiados. Vivemos num país onde se discute mais a moda dos políticos, achando-os infantis e esquecendo a infantilidade do argumento , do que se encara a situação de frente e à semelhança dos gregos se começa a limpar a casa
ResponderEliminar