A NABIÇA GIGANTE

Hoje vi numa dessas fotografias que circulam pelas redes sociais uma nabiça gigante. Pensei que se a metesse num cozido à portuguesa seria impossível colocar na mesa os chouriços; as morcelas e o restante. Nem sequer seria possível situar comodamente uma garrafinha de vinho. Abandonei a ideia e virei-me para o bacalhau; fiz uma boa posta do lado da cabeça que estava excelente e abri uma garrafinha de verde tinto de Monção. Eu nestas coisas do beber sou muito nortenho; se não é tinto de Monção; é branco Loureiro. Se não faço o cozido com chouriço minhoto, deixo-me estar e como um bife e a coisa disfarça. A lampreia, é escusado dizer, que só como se é dos afluentes do rio Minho e de preferência, neste caso, dos afluentes galegos. Manias; sabores que se ganham com o decorrer da vida.
Por isso, hoje quando vi aquela fotografia da nabiça, pensei imediatamente na Grécia e nos embates que está a padecer do poder da Europa e mais concretamente da Alemanha. Pensei que esta nabiça encher-lhes-ia a mesa, mas, nem garfos poderiam colocar sobre a toalha. A proposta alemã apoiada pelos diferentes criados de servir deixaria a Grécia com produto único sobre a mesa. Comeria única e exclusivamente nabiças. O chouriço ficaria excluído por várias razões; uma está relacionada com a metáfora do chouriço que quer dizer: gatunos. Obviamente, a troica e toda essa troupe não gostam muito que o humor salte e comecem a chamar-lhe “chouriços” e a segunda tem a ver com a dívida porque, realmente, os gregos, se se submetem, terão que passar a vida a comer única exclusivamente nabiças já que os chouriços seriam uns víveres acima das possibilidades.
Portugal não teria esse problema porque o Pedro Passos Coelho adiantaria pagamentos; conversaria com a bela Merkel e Portugal teria, sempre, sobre a sua mesa: nabiças e cenouras. Seria excelente. A pigmentação da pele agradeceria e os olhos – ai os olhos… - de Portugal seriam lindos de morrer. O Pedro Passos Coelhos sabe o que faz e está bem assessorado pela Presidência da Republica. O Cavaco e Silva tende a manifestar-se como um político imaginativo e solidário com o seu governo e estou convencido que teria uma ideia brilhante. Analisando bem a sua trajetória chego à conclusão que lhe diria ao Passos Coelho:
- Pedro: “negocia com a amiga Merkel se aos Domingos podemos comer um pires de picles…”
Isto é e nisto reside a diferença tão sinalada pelos grandes políticos desta direita portuguesa entre Portugal e a Grécia. Claro que a Grécia teve um Sócrates e Portugal tem nas bibliotecas dos políticos do Poder o Albino Forjaz Sampaio. No entanto, quem conhece o Sócrates? Possivelmente, alguns políticos da oposição e quatro guedelhudos que passaram, nos seus belos tempos de boémia cultural, pelas Universidades Públicas e não pelas decentes Universidades Privadas que consideram e valoram outro tipo de currículos para evitar que certos alunos se entediem com tanta aula inútil. Além disso, o Albino Forjaz Sampaio fala claro e alto.

José Luís Montero

Comentários

  1. Penso que a Grécia é uma faca de dois gumes, dado que se persistir, tudo mudará, mas se se submeter ( e há sinais preocupantes), todas as esquerdas e oposições serão definitivamente manietadas e submergiremos sob as imposições financeiras que certamente já estão preparadas

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  2. Na alta idade média, alguém disse que nas florestas esperamos mais que nos livros. Ontem como hoje, a escrita é um espaço de liberdade e também de catarse, mas longe da confecção de um cozido à portuguesa. Pelo contrário, na floresta, no antigamente, os porcos percorriam as florestas, na procura da bolota, tal como os javalis , hoje passeiam se pelas comissões europeias, eurogrupos e outras instâncias inetrnacionais, e quando o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão.

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