O leitor que decifre

Segundo o "Observador", "a Assembleia-Geral das Nações Unidas prolongou hoje até ao final deste ano o mandato do antigo primeiro-ministro português António Guterres como Alto-comissário da ONU para os Refugiados".
A notícia, que até teve destaque neste jornal "online", é dada neste tom desinteressado em cinco parágrafos.
Falta o resto, que seria algo como isto: "O prolongamento do mandato internacional de Guterres, a ser cumprido, pode colidir com os prazos das eleições para Presidente da República, que se realizarão em Janeiro de 2016".
Ou seja: Guterres pode mesmo ficar fora da corrida eleitoral para a Presidência, a não ser que abandone prematuramente o cargo de alto-comissário, o que também não lhe ficaria bem depois de ter feito o mesmo em Portugal.
Ou seja: há aqui uma notícia de primeiro plano, que não é (como antes se dizia) uma "cacha" porque a informação é pública mas que não vejo em mais nenhuma edição de hoje (terça-feira) e que não teve o destaque e o enquadramento que devia ter tido.
Paradoxalmente, o enquadramento é feito à margem pelo comentário irónico de um leitor mais atento: "Ou seja, ele tem outros desgraçados [de que] se ocupar…"

Costa Cardoso

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