Jornalismos de causas

Jornalismo de causas I: a confusão

Os telejornais deliraram ontem, quarta-feira, com a invectiva de um doente ao ministro da Saúde em plena comissão parlamentar e com a morte, ou mortes, que o que parece ser o custo muito elevado de um medicamento para a hepatite C provoca.
No meio da confusão (o que interessavam eram as imagens dos sofredores) esqueceu-se tudo o resto e que se podia resolver por um simples gráfico sobre o(s) medicamentos, os seus custos, a estratégia europeia (sim, isto tem um enquadramento na União Europeia), por exemplo. E trazer consigo uma pergunta fundamental que ninguém parece ter "tomates" para fazer: com toda a gente (que não está isenta) a pagar as taxas moderadoras ao mesmo preço, pagando o mesmo tanto quem ganha 10 000€ por mês como quem ganha 600€ por mês, não se percebe que o Sistema Nacional de Saúde nunca terá dinheiro suficiente para ir além dos actuais serviços mínimos?
O jornalismo de causas é sempre assim: a lógica não pensante da manada.


Jornalismo de causas II: a fralda da camisa

Um primeiro-ministro de fato e sem gravata (um "look" piroso de "casual" artificial) e um ministro das Finanças de camisa aberta, apertada no ventre e com as fraldas de fora das calças excitam a imprensa militante portuguesa.
A aparência é tudo, mesmo que seja um grosseiro golpe de marketing ou o "casual" falso dos parlamentares portuguesas que acham que para a renovação do sistema  político bastam a ausência da gravata e os "sound bites" que dão títulos sem esforço. Mesmo que esses mesmos jornalistas metam a gravatinha e se enfiem num casaco para irem fazer entrevistas veneradoras e obrigadas a qualquer ministro de turno.
O jornalismo de causas é sempre assim: o que vale são as aparências.

Costa Cardoso 

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