A Gripe Grega

Este pico de gripe tem sido tremendo. Mal consigo escrever. Se o texto pede trabalho de documentação, é preferível que calce as pantufas e me dedique a ouvir o Fausto; o seu Navegar, Navegar revitaliza-me e funciona como um antigripal. No entanto, há quem esteja a padecer uma gripe muito mais severa e estranha que a minha. A Alemanha, concretamente, foi apanhada por uma gripe grega que tem efeitos intestinais; anda com gastroenterite mais conhecida por diarreia ou alguma coisa mais escatológica. E no preciso momento em que a Alemanha se aliviava na casa de banho da sua gripe grega, salta a notícia que a dívida pública alemã é verdadeiramente assustadora para além de estar oculta… Ouvir falar de cinco milhões de milhões impressiona. É escusado dizer que o papel higiénico existente não chegou para as necessidades alemãs. Os Supermercados esgotaram os stocks e um motard grego, filho da burguesia, que estudou por aqui e além e lecionou noutros tantos lugares, metido a ministro das Finanças, resolveu acelerar; sorrir e fazer selfies à porta do ministério. O Passos Coelho tremeu porque deve ser tímido, por isso, não toca na Troica. A meu ver essa timidez de não tocar na Troica, esse poder sobrenatural que não se sabe bem quem o legitima para poder entrar nos Parlamentos ditos soberanos e escrever os Orçamentos nacionais, não é bem timidez; é pouca vergonha.
Mas, a Alemanha não quer sorrir. Não está interessada nas teorias económicas do motard e muito menos nos restantes especialistas que apontam que o verdadeiro perigo para Europa tem um nome e não se chama Grécia; chama-se: Alemanha. Parece que os gregos também se aperceberam que o perigo vem da Alemanha e chegou, possivelmente ao Pireo, em submarino. O caso grego dos submarinos tem um responsável condenado e tudo indica que a Grécia processará a Alemanha. Em Portugal tudo indica que a documentação se submergiu e nada de nada acontecerá. Talvez seja um novo caso de timidez…
Imaginemos que os poderes agiotas que determinaram as políticas orçamentais de austeridade; políticas de venda de setores estratégicos e coisas similares, entram em fúria pelo atrevimento Grego. Imaginemos que fazem um estudo comparado entre a Grécia e Portugal e concluem: “ Portugal não tem perigo; come tudo e nem uma greve geral fez, mas, a Grécia tem perigo; estão empenhados; não comungam e não deixam de protestar. Temos que arrancar esta raiz…” Imaginemos o que pode acontecer mesmo que não o mencionemos. No entanto, sabemos que os grandes poderes agiotas carecem de humanismo e carecem de diplomacia. Iremos, então, para uma situação de ditadura de fato?.. Estarão só permitidos governos do chamado bloco central? Não se sabe; o tempo dirá e mostrará como acabará esta gripe grega. Esperemos que o motard grego continue a sorrir; a passear a sua estética de espanhol a passear pelos bairros “pijos de vinos” e que a Grécia com tudo o que tem de importante, contestatário, inovador e alternativo a crescer em paralelo na sociedade não esmoreça, nem seja jamais castrado.

José Luís Montero

Comentários

  1. A esperança instala-se não como a gripe, mas como uma cura benéfica. Bruxelas já " pondera o fim da troika", o Obama alegou que não se pode viver com tanta austeridade. Será recado para a Merkel ouvir?

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