Os cotovelos do homem invisível

Já deu para perceber há algum tempo que um dos pilares do processo contra o ex-primeiro-ministro José Sócrates é constituído pelo acervo de escutas telefónicas, meio de prova que é consensual e que tem regras precisas (pelo menos no que se refere ao seu uso público). 
A imprensa cita-as, sempre de forma indirecta (como se a informação obtida não tivesse sido o próprio som das escutas ou as suas transcrições) e os pormenores são normalmente incómodas para Sócrates e o seus co-arguidos.
Quanto às defesas, é possível que as conheçam, ou que ainda não as conheçam, elas retraem-se e esquivam-se. Não devem assumir essa violação do segredo de justiça, compreende-se, mas também pode acontecer que, conhecendo-as, saibam que as escutas são realmente incriminadoras.
As escutas da "Operação Marquês" são, assim, um homem invisível num espaço onde muitas pessoas, e o próprio homem invisível, se acotovelam...

Costa Cardoso

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