Presidenciais: vitórias e derrotas (3)

O PS é e será o grande derrotado destas eleições presidenciais e já o foi logo à partida. 
Por um simples e básico motivo: o segundo maior partido do leque partidário português, o partido do actual governo (que conquistou por um golpe de Estado parlamentar) e o maior partido da “esquerda” não conseguiu ter um candidato único, nem tão pouco apresentar-se unido, contra o candidato único da “direita”. 
Depois deste ponto de partida, tão trágico como caricato, a situação ainda se agravou. O PS “costista” cristalizou-se em torno de Sampaio da Nóvoa e a restante oposição interna apoiou Maria de Belém. E não se pouparam nas críticas.
O resultado não poderá deixar de ser obviamente mau: a sondagem que temos vindo a citar indica que Sampaio da Nóvoa terá 16,6 por cento dos votos e que Maria de Belém ficará com 16,3 por cento. Os resultados das legislativas de há três meses deram ao PS unido 1 174 730 votos e 32,33 por cento na repartição dos votos. Poderá haver quem diga, se os votos dos dois candidatos do PS ultrapassarem estes valores (o que só por hipótese se pode ter como provável), que o partido de Costa não sai derrotado das presidenciais. Mas sai. Basta, aliás, que nenhum dos seus candidatos não tenha conseguido chegar à Presidência da República.
Esta divisão, onde a “nomenklatura” costista disfarça mal o apoio e o incentivo do seu secretário-geral a Sampaio da Nóvoa, vai ter consequências internas.
A oposição (ou oposições) ao actual secretário-geral e primeiro-ministro não se tem dado a muitas ousadias desde o golpe de Estado parlamentar e, salvo se houver uma crise que ponha em causa o governo “das esquerdas”, vai esperar por uma melhor oportunidade para contar espingardas e voltá-las contra Costa. Se não forem dizimados na “guerra fria” que deverá seguir-se, hão de apresentar-se um dia a combate.
A divisão Sampaio da Nóvoa/Maria de Belém é, apenas, uma das munições que serão utilizadas num partido que demonstrou, no assalto ao poder, que já não respeita os valores da democracia.
Estas eleições presidenciais só são boas para o PS se o conseguirem trazer, mesmo que num processo conturbado, para o seio da democracia.

Pedro Garcia Rosado

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