A campanha dos disparates demagógicos (1)

Uma visita a outro país de um chefe de Estado (normalmente, presidente em regime republicano ou monarca em regime monárquico) não se faz, sobretudo quando é uma visita oficial, dentro do estilo “Eh, pá, anda lá que se arranja qualquer coisa” ou “Eu levo a sobremesa”. 
Dependendo do grau de rigor do protocolo e de quem o aplica, são estudados e/ou negociados dias da visita, modalidade da visita, ocasiões mais marcantes, acontecimentos abertos à imprensa, reuniões particulares, refeições, ementas e convidados. E também se faz tudo para que não haja um momento em falso ou em que o visitante seja apanhado numa situação embaraçosa.
A candidata presidencial Maria de Belém Roseira resolveu prometer que, como Presidente da República, levaria os chefes de Estado a almoçar em lares de idosos, para verem… enfim, nem se sabe bem o quê. 
Há duas situações possíveis: ou o lar de idosos é especialmente apoiado por uma qualquer instituição do país do visitante ou não é, e a ideia seria apenas de querer esfregar o nariz do visitante em qualquer instituição menos recomendável, ou mais “pobrezinha”, para o obrigar a esportular umas moedas em auxílio externo. (Ou, o que seria bem pior, se se tratasse de alguma “residência sénior” da empresa de saúde do Grupo Espírito Santo para a qual a candidata trabalhou, enquanto também era deputado.) 
Se a primeira situação é normal, a segunda é, nos termos em que emergiu (e parece ter sido essa a intenção), um puro e simples delírio ou, se a coisa foi consciente, um disparate. 
Acontece a qualquer pessoa mas, num contexto destes, é um delírio, ou um disparate, eleitoralista e demagógico. 
E de uma ex-ministra (que até pode ter percebido o significado da função) esperar-se-ia melhor.

Pedro Garcia Rosado




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