Presidenciais: vitórias e derrotas (2)

Há quatro derrotados óbvios e a derrota de dois deles estende-se aos dos próprios partidos de cujas entranhas, digam o que disseram quanto à sua categoria unipessoal, saíram.
Nas eleições legislativas de Outubro do ano passado, o BE e o PCP tiveram, respectivamente, 550 945 votos e 10,19 por cento e 445 901 votos e 8,25 por cento. Esta sondagem (do “Expresso”) a que nos referimos dá a Marisa Matias (BE) uma percentagem de 4,8 por cento e a Edgar Silva (PCP) uma percentagem de 4 por cento.
Argumentar-se-á, como sempre, que “as sondagens valem o que valem” mas há três factos iniludíveis: 
(a) se os resultados dos candidatos do BE e do PCP nestas eleições forem inferiores aos das legislativas, terão os dois partidos sofrido uma primeira derrota em termos muito simplesmente factuais; 
(b) a derrota será sempre mais pesada quando se atende ao facto de a apresentação destes candidatos ter visado a fixação dos eleitores dos dois partidos; e 
(c) ambos puseram como desígnio supremo das suas candidaturas impedir a eleição do candidato “da direita”.
Numa lógica ainda partidária, mas numa perspectiva de formação de um partido a médio prazo com base numa eventual federação de movimentos independentes concorrentes às eleições autárquicas, encontra-se ainda Paulo de Morais. 
Com um discurso paupérrimo, este candidato apostou na demagogia e na criação de uma imagem de caudilho messiânico. Esta sondagem dá-lhe 1,6 por cento. Com o seu triunfalismo tão espampanante como o seu penteado, Paulo de Morais só poderia cantar vitória se conseguisse obter uma percentagem superior a 10 por cento. Dificilmente o conseguirá. E a sua derrota também representará a derrota, por ter tentado federá-los, capturando-lhes os eleitores, dos movimentos independentes.
Henrique Neto, o empresário do PS que o PS renegou, ficará também entre os últimos lugares. Apresentou-se com um projecto de base individual, com uma campanha estruturada mas os seus potenciais eleitores (à direita e à esquerda) poderão preferir os seus candidatos “naturais”. A sondagem do “Expresso” dá-lhe 1,1 por cento. O resultado final não deve ser muito melhor.

Pedro Garcia Rosado

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