O livro de Saraiva, José Sócrates, Paulo Portas e outro assunto

Pedro Garcia Rosado já escreveu no Tomate, e bem, sobre o livro de José António Saraiva. Não vale a pena repetir.
Vale sim referir aquilo que é referido sobre José Sócrates e o impacto da sua licenciatura nula, bem como a conivência da justiça com o ex-primeiro-ministro.
Na página 156 do livro Saraiva refere uma confidência de Durão Barroso,  que teria afirmado que o problema da licenciatura o tinha afectado (a Sócrates) e que num país normal tal evento tê-lo-ia forçado a demitir-se. Tem razão Durão Barroso. A questão da licenciatura foi, e é, o calcanhar de Aquiles de Sócrates, sempre presente, que demonstrou a sua vacuidade e inconsistência. Daí o ataque frontal à Universidade Independente. E só não levou à demissão de Sócrates porque Cavaco Silva se acobardou e não quis levantar ondas, como confirma Fernando Lima no seu livro.
Sobre este assunto mais uma clarificação bem-vinda.
Anteriormente, na página 85, José António Saraiva conta que um dia Freitas do Amaral lhe apareceu apavorado por ter informações que o Procurador-Geral Pinto Monteiro almoçava semanalmente com Proença de Carvalho, advogado de José Sócrates, numa altura em que era nítido que o PGR protegia José Sócrates nas suas desventuras judiciais como a licenciatura, ou o Freeport. Isto é gravíssimo, mas não teve sequência.
Volta a ser nítido neste livro, como no de Fernando Lima, o impacto que a Universidade Independente teve na carreira de Sócrates e a conivência com que contou durante muito tempo por parte do poder judicial. Este é um tema que repetirei até à exaustão.

Outro tema curioso abordado no livro é o facto de Saraiva possuir fotografias comprometedoras de Paulo Portas vestido de mulher a ser aplaudido por homens com mau aspecto (página 205). Como se veste Portas na intimidade, se é homossexual ou não, são assuntos que nada me interessam. O que interessa é a existência secreta, mas não reservada, de fotos comprometedoras de um homem que ocupou vários cargos de destaque no país na área da Defesa e dos Negócios Estrangeiros. E a questão que se coloca é se essas fotos, que poderão estar em vários mãos, não terão servido para chantagear ou condicionar Portas? Não se sabe, mas tem que ficar a interrogação. Até que ponto a existência de fotos de Portas vestido de mulher não serviu para o pressionar? Até que ponto Portas não está submetido a qualquer pressão por esse motivo? Talvez mais tivesse valido que Saraiva as tivesse divulgado. Assim, ficou com um segredo demasiado importante, que pode ou não, ter condicionado Portas.

Finalmente, a propósito do livro, mas sem nada que ver com o seu conteúdo, conto uma história que pode ser coincidência. Há muitos anos, um vice-reitor de uma universidade enviou, através de uns amigos que detinham uma agência de comunicação, um artigo para o Expresso que defendia a construção de uma nova capital para Portugal no interior do país. Salvo erro, o artigo estava intitulado como Oásis, o nome a dar a essa capital, e desenvolvia vários argumentos a favor dessa ideia. O vice-reitor nunca mais teve notícias do seu artigo, que não foi publicado. Por coincidência, uns meses depois, o director do Expresso publica no seu jornal um artigo em que defende a mudança da capital de Portugal para o interior, utilizando também argumentos semelhantes àqueles que o vice-reitor tinha apresentado...mas nem sequer referindo esse artigo. Terá sido um coincidência de pensamento. O director do jornal chamava-se José António Saraiva...

Rui Verde 

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