Nicolau Santos falou

Não conheço pessoalmente Nicolau Santos, o sub-director do Expresso. De um modo geral discordo das análises económicas, muito próximas de Sócrates e de um "keynesiasmo" não defendido por Keynes. Mas simpatizo com a sua postura, talvez pelo laço, talvez pelo gosto comum por poesia, e certamente pela posição acerca de Angola, e por isso leio-o com atenção.
O artigo do Expresso deste sábado (3 de Setembro de 2016) mata de uma penada aquela coisa a que se chama a política económica do governo. Escreve Nicolau que o endividamento está a crescer e que se está a repetir o cenário anterior ao pedido de ajuda externa em 2011. Segundo Nicolau caminhamos, de novo, para o desastre, a não ser que...haja um perdão de juros. Ele sabe, como todos sabemos, que um perdão de juros só é possível com um novo programa de ajustamento, mais ou menos disfarçado.

Há uma coisa que talvez se comece a perceber. A economia portuguesa está metida num poço que não a deixa vir à tona chamado Euro. Qualquer volta só acontecerá com o desmantelamento do Euro, ou com a introdução de uma moeda concorrente em circulação.
Talvez seja de experimentar a sugestão de Hayek contida em Denationalisation of Money: The Argument Refined (1990) em que este defende que o Estado deve deixar que cada um utilize a moeda da sua escolha. Eventualmente, o governo permitiria  que  empreendedores inovassem no sector monetário através da criação de moedas digitais ou da cunhagem de moeda-mercadoria.
Defendeu-se no livro Helicópteros com Dinheiro (2013) que Portugal não integrava uma Zona Monetária Óptima com os restantes países da Europa e por isso não deveria ter integrado o Euro. Salientava-se que a solução era sair do Euro.
Bom, existe outra solução alternativa que é a criação de moedas alternativas.
Qualquer visão de futuro para a economia portuguesa assenta numa efectiva revolução do modo de pensar a economia e o Estado.

Rui Verde

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