As velhas ideias da nova Mariana

Mariana Mortágua é mulher, nova, bonita e idealista. 
Curiosamente, estas excelentes qualidades têm sido aquelas que mais têm sido criticadas e objecto de ataques. Todavia, estes são aspectos bons a realçar na nossa deputada.
O seu problema são as ideias. Ideias velhas, burras e que condenam o país à indigência. 
Mariana anda entusiasmada a defender novos impostos. Nada de novo nisso. O anterior governo da suposta direita fez o mesmo. Apenas agora se tentam afinar as incidências dos impostos, mas o problema é sempre o mesmo, há impostos a mais, e isso é mau, e redutor das potencialidades da economia. Quem está no governo tem uma imaginação pródiga na busca de fontes de receitas públicas. As diferenças não são entre direita e esquerda, são entre estatistas (quase todos) e anti-estatistas (quase ninguém). E o facto de Portugal ser um país de estatistas, de direita ou esquerda, é que o torna alvo fácil dos apetites de políticos demagógicos e com tendência a querer lançar impostos. Portanto, nesta coisa de inventar novas formas de taxação, Mariana segue a longa e velha tradição estatista e autoritária portuguesa. Bem preferíamos uma Mariana anarquista e libertária!
Outra ideia popular de Mariana é  "pensar sobre o que representa o capitalismo e até onde está disposto a ir para constituir uma alternativa global ao sistema capitalista". Bom, a história até ao século XVIII foi feita de alternativas ao capitalismo, fosse o esclavagismo, fosse o feudalismo, fosse a selvajaria. Apenas com o capitalismo, o ser humano progrediu a uma escala nunca vista. Apenas com o capitalismo, o homem evoluiu para um patamar em que se permitiu sonhar com a "maior felicidade do maior número". E mesmo aí surgiram novos estudos de alternativa ao capitalismo. Marx apresentou a sua, que foi aplicada, com as adaptações de Lenine, com os resultados fantásticos que se conhecem. A Igreja Católica também deu a sua contribuição, o Islão também. A realidade é que para criar riqueza o capitalismo continuou a ser o melhor sistema. Criou mais riqueza, mais prosperidade que qualquer outro sistema. 
É verdade, como dizia Isaiah Berlin que "Total liberty to the wolves is death for lambs", por isso tem que haver equilíbrios, travões, compensações, e ao mesmo tempo que se dá liberdade aos lobos, deve-se garantir a liberdade das ovelhas. Contudo, tal não implica matar os lobos...nem as ovelhas. Esta ideia de Mariana é gira, soa bem, mas não passa de uma boca sem consistência. O único sistema produtor de riqueza alargada, comum e sustentável é o capitalismo liberal.
Mais tecnicamente, Mariana tem falado de umas coisas um bocado incompreensíveis. Confunde, rendimento com património, e criou o conceito novo de riqueza acumulada que não é poupança. É o quê? Consumo? E mistura Ricardo Salgado pelo meio...Vamos lá tentar perceber o que é riqueza acumulada. É aquilo que vai sobrando todos os anos do rendimento de uma pessoa. Por exemplo, X ganha 100, gasta 80 e fica com 20. Usa esses 20 para comprar ouro. Guarda o ouro. No ano seguinte, faz o mesmo, passa a ficar com 40 de ouro. A isto, ou seja, ao resultado da poupança, Mariana chama riqueza acumulada e diz que não é poupança...estranho. Mas admitamos que é riqueza acumulada e tem que ser taxada na óptica Marianista. Se por alguma razão, o X quiser ganhar dinheiro com o ouro, isto é se o vende, se o empresta, pagará sempre um imposto por esse rendimento. Por isso, a riqueza acumulada quando gera rendimento, implica o pagamento de imposto. Mas a questão é que a pessoa pode  só acumular o ouro e sentar-se em cima dele. Mas a verdade é que a acumulação resulta de rendimento passado que pagou imposto. Por isso, já pagou imposto. Sujeitá-lo outra vez a imposto é uma dupla tributação. Mas Mariana acha que se deve fazer essa dupla tributação. É um direito que tem. Não pode é dizer que a riqueza acumulada não paga imposto. Pagou no início e paga sempre que gere rendimento.
Enfim, afinal o que Mariana defende é muito simplesmente a mais velha ideia do mundo autocrático. Taxar os privados para alimentar o Estado e os seus desmandos. Dirá sempre que o dinheiro não é para o Estado, mas para quem precisa. É uma opção. Mas quem precisa,talvez prefira um clima social adequado, com empresas e progresso e não de um Estado que subsidie para não fazer nada.
Mais uma vez Mariana busca as velhas ideias comunistas e socialistas do século XIX que falharam redondamente.
 O país, qualquer país, dispensava as velhas ideias de Mariana.
 Não é por se ser jovem que se tem novas e boas ideias. Basta desconhecer-se a história das ideias para não se perceber que as nossas novas ideias, não são mais que  velharias já enterradas pelo peso da realidade.

Rui Verde

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