Brincar ao Bloco de Esquerda

Primeiro, o elogio. O Bloco de Esquerda é o único partido português que tem uma posição clara, frontal e corajosa face a Angola e aos 15+2. Por isso, as suas posições têm que ser levadas a sério.
E é sobre a seriedade dessas posições que começam a surgir fissuras na pureza e coerência deste grupo.
Uma posição de que foi feito amplo eco durante o recente Congresso foi a defesa da saída do Euro. Francisco Louçã disse: “o euro não tem salvação”; “Sim, o euro é destruidor de Portugal”; “Quanto mais no agarrarmos a essa âncora que nos arrasta para o fundo, mais impossível se torna salvar o sistema bancário, garantir a confiança dos depósitos ou ter uma estrutura política em que possamos decidir sobre o orçamento. Portanto é uma situação de humilhação nacional e de destruição política.”
José Manuel Pureza afirmou: "“Votaria sim para Portugal sair do euro”.
Até se concordo com estas posições. Contudo, não se percebe como um partido que as defende, apoia um governo cujo principal objectivo é não sair do Euro. A política económica e financeira fundamental do Governo continua a ser enquadrar-se nas exigências alemãs, para se manter no Euro e ter financiamentos a baixo custo. Isto é o fundamental. O governo PS sabe que se sair da linha germânica haverá um golpe qualquer que pressionará o governo a demitir-se (como no passado aconteceu na Grécia e na Itália). Face a isto, o Bloco faz que não, mas diz que sim. Haverá um dia que se perceberá que os Bloquistas vendem a alma para estar no poder e os seus eleitores fugirão para outras bandas.
O mesmo sentimento de fazer que não e dizer que sim se passa com a CGD. Mariana Mortágua alcançou o estrelato com o inquérito ao BES. Estudou, dissecou, atacou. Mas agora o BE porta-se como um cordeirinho face à CGD, tentando na prática impedir o inquérito ao Banco que mais foi saqueado pela oligarquia dominante. Porque se no Banif ou no BES podem ter havido alguns problemas de sistemas de controlo de gestão e risco, tal não se passava na CGD que tinha os mais eficientes sistemas provenientes de décadas de prática. Toda a gente que trabalha com a CGD sabe como é complicadinha. Ora qualquer desvario na CGD só pode provir de uma intenção clara da administração. Porque quer o BE impedir a análise de tal, onde a sua Mariana Mortágua podia brilhar?
Estes problemas começam a colocar-se intelectualmente ao Bloco, que é um partido de intelectuais burgueses, por isso mais facilmente serão detectados
Afinal porque razão o BE apoia o governo? Apenas para afastar o PSD e o PP ? Já não há o sonho de uma sociedade nova, mais justa e igual?

Temístocles Menor

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