A matilha costista

Poucas horas depois de António Costa ter saído da audiência com o Presidente da República, onde Cavaco Silva lhe entregara um documento com seis perguntas, já o “Público” se apressava a anunciar, por outras palavras, que tudo o que o Presidente queria saber já tinha sido afirmado na comunicação social e em intervenções públicas. Portanto: o Presidente não tinha nada de andar a fazer perguntas desnecessárias.
Três dias depois, sempre no “Público” e agora no “Expresso” (cujo director é irmão de António Costa mas de cuja independência não deveria ser necessário duvidar), só faltam os foguetes e as garrafas de champanhe. Champanhe, realce-se, porque a austeridade chegou ao fim e espumante é coisa parola para este PS em versão patos-bravos júnior. 
Em três semanas, desvaneceu-se o mau ambiente que rodeava na imprensa o leilão de apoios de António Costa junto do BE do PCP e o grupo de apoio a Costa alargou-se. Mais do que antes? É coisa para se ver.
O clima de guerra fria movida contra Cavaco Silva (de quem a esquerda chique não gosta por o achar provinciano) pelo próprio PS e pelos seus aliados e a oferta pública de venda de potenciais ministros, proto-ministros, candidatos a ministros e outros interessados animaram as manchetes e as secções de Política. Por outro lado, o afastamento do Governo do BE e do PCP tranquilizou os seguidores de Costa. O que resta é um conjunto de bons rapazes, boas raparigas e sabe-se lá que mais, capazes de tratar por tu os bonzos das redacções e alguns novos directores e de lhes dar muitos exclusivos e muito mais.
O PS sempre soube tratar melhor os jornalistas (com a cenoura de Guterres e o pau de Sócrates) do que o PSD. O CDS está entre um caso e outro graças às muitas cumplicidades que Paulo portas foi sabendo estabelecer.
A matilha que Costa parece ter conseguido congregar pode garantir-lhe um estado de graça aparente (e o dinheiro que vai distribuir ajudará). Pode ser que não ladrem nem mordam. 
O mais provável, porém, é que tenhamos a grande notícia segundo os cânones da profissão: o homem a morder no cão. Como já aconteceu por SMS a um jornalista do “Expresso” e em respostas rebarbativas em directo a um jornalista da RTP.

Costa Cardoso


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