O PS no labirinto de Costa

1. António Costa (com o seu PS) vai encontrar-se com o PCP e com o BE. É um encontro de cortesia? Ou é para concertar um governo? É para tomar chá, gin (BE) ou moscatel (PCP)? Vai pedir desculpa à jovem Catarina e ao ancião Jerónimo por os ter criticado na campanha eleitoral? Vai perguntar-lhes quanto é que querem para abandonar ideias absurdas como a saída de Portugal do euro e da NATO? Ou vai querer saber como é que eles o vão fazer, para melhor se adaptar?
2. António Costa foi convidado por Pedro Passos Coelho para uma reunião. Presume-se que vai. Mas só depois do equivalente político de uma “blind date” com a extrema-esquerda. E vai para negociar? E o quê? Governo a três? Abstenções como regra? Acordos pontuais? 
3. António Costa (em consequência do ritmo erróneo que impôs ao seu PS) foi o alvo principal do ultimato (correcto e certeiro) do Presidente da República anteontem: é preciso unir em torno de uma solução de governo os principais partidos que defendem a integração europeia e o fim da crise económica e financeira do País. Não deve ter gostado mas foi merecido. Agora vai desafiá-lo? Vai fazer birra?
4. Nas presidenciais, o PS de António Costa parece mais uma frente do que um partido, dividido por três candidatos: um que a aristocracia do PS quis lançar e que agora não parece saber o que lhe há de fazer (Nóvoa), outro que até é militante do PS mas que parece ser mal tolerado por essas bandas (Neto) e outro (Maria de Belém) que já foi presidente do PS e que colhe algum favoritismo no PS que não é o PS de Costa. Faltam cerca de três meses para as eleições para o cargo de Presidente da República e o PS quer dar liberdade de voto na primeira volta porque há quem pense que haverá duas voltas. O partido estará ainda mais partido nessa altura.
5. Neste labirinto, Costa e o seu PS parecem temer um comprometimento a nível governamental. Têm razão mas não é pelo que parece: as medidas políticas e orçamentais que o PS poderá querer que um governo PS/CDS tome para apoiar esse governo (legitimado pelas eleições de há três dias) serão precisamente aquelas que podem dar a Passos Coelho e Paulo Portas uma vitória de maioria absoluta, quando Costa e o seu PS de mão dada com a extrema-esquerda o quiserem derrubar.   
6. No PREC, e perante alguns revezes que a “esquerda” ia sofrendo, popularizou-se um dito (confirmado da pior maneira em 25 de Novembro de 1975) que ficou célebre: “de vitória em vitória até à derrota final”. Costa bem o pode adoptar para o seu PS... enquanto ainda há PS.

Pedro Garcia Rosado

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