É necessária uma alternativa?

O discurso político ficou de tal modo polarizado entre PaFs e Socialistas que a grande questão não é  discutida: É necessária uma alternativa à política seguida nos últimos anos? 

É que estranhamente o que vai parecendo das discussões entre Socialistas e demais esquerda é que se procura um programa que não difira assim tanto do PaF. E o mesmo asseverou o Senhor Presidente da República ao falar nas opções estratégicas da democracia que não deveriam ser mudadas.

Mas a questão real é essencialmente a necessidade de uma alternativa, não em termos de partidos políticos, mas em termos de orientação política.

Nos últimos anos ( e esta expressão envolve os Governos Sócrates e Passos Coelho, pelo menos) a Justiça tornou-se um problema, pela sua instrumentalização política, pela derrogação dos Direitos Fundamentais, pelo início do desmantelamento do Estado de Direito. Este é um primeiro problema que tem que ser confrontado: a diminuição das liberdades individuais e  a manipulação da justiça.

Um segundo problema não menos grave foi o da instauração de uma ditadura fiscal. O único direito que o contribuinte tem é o de pagar. De resto todas garantias, todas as possibilidades de recurso foram varridas, em nome da eficácia fiscal criou-se uma máquina monstruosa, sempre insatisfeita, que cilindra os cidadãos. Este um problema para o qual é preciso uma alternativa.

O terceiro problema diz respeito ao crescimento económico e ao Euro. Não é lícito pensar que a pertença ao Euro garante crescimento económico. Pelo contrário, é uma amarra que só garante endividamento e dificuldades de pagamento. O país tem que buscar um modelo económico diferente, mais flexível e mais liberal. Sim, liberal, o que temos tido não é liberalismo, é uma mistela económica disfarçada.

Finalmente, há o problema da pobreza e da desigualdade, que é evidente, real e concreto e não se resolve com discursos e mézinhas.

Qualquer governo, PaF ou não PaF tem que enfrentar estes desafios e simultaneamente libertar a sociedade e a economia, e proteger os excluídos.

Rui Verde