O milagre do PS ou a agonia.

Nestes tempos, foi apresentado com expectativa messiânica mal disfarçada (isto não é uma Bíblia, mas podia ser…ou os economistas não são apóstolos, mas podiam ser…) um documento que vai servir de base à governação do P.S.
A liderar os apóstolos disfarçados, surge um simpático senhor doutorado em Harvard (chapeau!) que terá por lá feito muita coisa bem-feita, mas não aprendeu a falar e a expôr as suas ideias. Já por duas vezes ouvi a sua palavra rebuscada e fiquei na mesma (ignorância minha que venho do norte da ilha enevoada e por isso sou muito céptico em relação a brilhos).
Com graça, antes de lerem o documento, as gentes do Governo apressaram-se a dizer que era uma coisa esquerdista, despesista e socrática…mas, passados uns dias a imprensa bem formada e informada, apressou-se a esclarecer-nos que o documento era algo de muito técnico, muito sério e com muito valor, que demonstrava que o PS estava preparado para governar com sabedoria.
Bom, havia que ler o documento. Lido foi. Tecnicamente está muito bem elaborado, tem quadros bonitos e cenários bem estruturados, apresenta um bom mix de políticas. Mas, ironia suprema, quer baixar a TSU; então aquela medida que toda a gente criticava aparece agora no PS? É a verdade. Mas esse não é um problema. É evidente que a TSU tem que ser baixada, tal como os impostos, que matam lentamente a economia portuguesa.
O grande problema deste documento é que não sai do paradigma que tem afundado o país na última década e meia. Apresenta medidinhas novas, mas não apresenta uma visão nova, uma ideia nova, um rumo. Toda a gente percebe que este é um tempo de mudança em Portugal. O que foi feito já não serve. E o PS que quer ser governo, apresenta um papel bonito, mas que não serve rigorosamente para nada. 
Poderemos dizer de forma um pouco grosseira que o burro já comeu esta palha e a defecou várias vezes…
Obviamente, como disse o primeiro-ministro James Callaghan antes da vitória de Thatcher em Inglaterra, há momentos que são de mudança de maré, e o estadista tem que estar à altura para a mudança de maré. Este documento não muda a maré. Não está à altura.
Mas, tenhamos calma, o Expresso já nos explicou que o Documento é assim, porque quer servir de base para o entendimento PS/PSD para formar governo depois das eleições e de Pedro Passos Coelho ser defenestrado. E se assim for, na mesma continuaremos…

Rui Verde
vertgreen215@gmail.com

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