Mortos é que são bons

O jornalismo português gosta de mortos: são todos excepcionais, mesmo quando para eles não o eram, e então se têm algum tipo de notoriedade externa ainda melhor.
Tal como aconteceu há dias com o poeta Herberto Hélder, a morte do realizador Manoel de Oliveira pôs gente que nunca na vida deve ter pensado em ir ver um dos filmes dele (ou que, tendo visto um por dever de ofício, deve ter jurado para nunca mais) a carpir lágrimas de crocodilo e a entoar loas quase divinas ao falecido, num concurso surreal de sentimentalismo excessivo, num abuso de parvoíce onde teria sido simpático, porque genuíno, ter alguém a dizer "Nunca gostei dos filmes dele mas reconheço que..."
Infelizmente, a cobardia (o medo de ficarem mal vistos) não o permite.

Costa Cardoso

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O porco com asas

Maria José Morgado. As coincidências no Expresso de 13 de Agosto.

Os patos na Justiça