Por que não vai resultar?

O problema deste orçamento e em geral da política económica e financeira do governo é e expectativa. É por causa das expectativas que tudo vai acabar por falhar. Não é uma questão de Centeno ser de Harvard e fazer boas ou más contas, nem uma questão de Costa ser um bom negociador (até é).
As pessoas quando recebem mais dinheiro ( e admitindo que com este orçamento vão receber, o que aliás é muito duvidoso face ao aumento dos impostos indirectos ) só o gastam se acharem que não vão precisar dele no futuro. Para isso acontecer têm que ter uma expectativa positiva do clima envolvente. Ora com a guerra surda que Bruxelas faz a Portugal, os sucessivos avisos que por aí vão, o que é que as pessoas vão pensar. "Estes dão agora um bocadinho, mas daqui a nada vão retirá-lo, portanto, o melhor é deixar algum debaixo do colchão". E possivelmente nem vão gastar mais. 
E quanto ao Investimento? É evidente que as empresas necessitam de um clima social favorável para investir, sentir que os impostos são baixos e o governo amigo da iniciativa privada. O que é que as empresas sentem? Que este governo é dominado por esquerdistas não reciclados contrários aos negócios, por isso muito possivelmente também não vão investir.
Assim, do consumo privado e investimento privado não se prevê grande animação devido a expectativas negativas. Poderia tal se compensado pelo consumo e investimento público. Poder, podia, mas não pode. Qualquer acréscimo está proibido por Bruxelas e qualquer margem já foi gasta em despesa social ( isto é simpático,mas não estimula economia).
A vantagem que tinha a política de Passos Coelho (estando também errada) era que criava expectativas positivas nos mercados e países internacionais. Estes começavam a acreditar em Portugal e vinham cá investir. E os mercados achavam que Portugal obedecia à Alemanha, por isso se houvesse algum problema, a Alemanha salvava Portugal. Era uma situação melhor que a presente, embora também dramática. Agora estamos na perfeita baralhada e na U.E. isso é sinal de perigo.
Havia alternativas. Havia mas era dolorosa. Iniciar um processo de saída negociada e paulitina do Euro e arranjar uma situação semelhante à Inglaterra. 

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