A competitividade portuguesa

Há uns tempos, os grandes palavrões usados para definir os objectivos da economia portuguesa eram competitividade e produtividade. Estranhamente, deixaram de se ouvir, e agora anda tudo à volta da austeridade e dos funcionários públicos. Mas a realidade é que nem a austeridade, nem os funcionários públicos contribuem para a economia, de forma significativa.
E a pergunta tem que ser colocada: como tornar a economia portuguesa competitiva e os seus factores de produção mais produtivos? Este é, e foi sempre, o ponto-chave.
O problema é que andamos para trás e para trás. E aí a culpa não é só dos governos. Há imposições da União Europeia que apenas contribuem para fragilizar  a economia portuguesa.
A primeira marca de falta de competitividade é a pertença ao Euro. O Euro tornou o país menos competitivo. Esse é um facto. Mais dia, menos dia, será encarado.
Mas vejamos o orçamento deste ano: Com os novos aumentos de impostos o clima fiscal para o investimento levou uma grande "pancada". O IRC não baixa, os bancos têm que pagar mais, os combustíveis aumentam, os transportes aumentam. A economia portuguesa torna-se cada vez mais um aborto fiscal. Com estes impostos, quem investe em Portugal e não na Irlanda? Com estes impostos quem quer pagar energia em Portugal e não em Espanha. As regras da União Europeia, ao insistir numa perspectiva orçamental clássica estão a matar a competitividade da economia portuguesa. Esta não tem nada que apele ao investimento. Sem investimento não há crescimento a sério, apenas blips de consumo, que provavelmente aumentarão as importações.
Portanto, o orçamento não é bom para o capital, para o investimento.
Dirão que é bom para o trabalho. Não é, os trabalhadores que produzem bens e serviços continuam esmagados. 
Só os funcionários públicos que geralmente actuam em sectores não concorrenciais terão alguns benefícios directos, que aliás rapidamente perderão nos seus gastos em automóveis e combustíveis.
Só há orçamentos bons quando se chama o capital e o investimento. O resto é conversa fiada...
E atenção à Europa que está a destruir a economia portuguesa.

Rui Verde

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