Omissão de factos

Numa população activa superior a 10,3 milhões de pessoas, em que mais de 50 por cento da família não pagam IRS, há 5,8 milhões de pessoas isentas de pagar as taxas moderadoras, segundo uma notícia do "Expresso" de Fevereiro deste ano.
Ou seja: mais de metade dos portugueses vai "à borla" aos serviços fornecidos pelo Serviço Nacional de Saúde. Só o pagam directamente (ganhem muito ou pouco) os restantes 4,5 milhões.
O Serviço Nacional de Saúde sofre, pelo menos, daquilo a que se chama "subfinanciamento", sendo alimentado por uma parte dos impostos pagos por metade da população e por menos de metade dos seus potenciais utentes a preços de, por exemplo, 5 euros a consulta. 
Talvez fosse conveniente ter isto em consideração quando se escrevem, à toa, coisas como "Acesso ao Serviço Nacional de Saúde ameaçado" ou "As consultas nos cuidados primários, sobretudo no Norte, as urgências dos hospitais recebem menos doentes mas entopem em períodos críticos, a rede nacional dos cuidados continuados responde a menos de 30% das necessidades" ("Jornal de Notícias").
O jornalismo deve ser feito de factos mas de todos eles. E há omissões que nem a ignorância explica.

Costa Cardoso

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