Brancos são, galinhas os puseram

A divulgação do pitoresco duelo verbal entre o ex-primeiro-ministro e o procurador Rosário Teixeira é vantajosa para as duas partes: para os acusadores, é a possibilidade de darem mais um "sinal" do que anda a ser investigado; para Sócrates e para o seu igualmente pitoresco advogado, é a possibilidade de mostrar como o arguido, evitando as respostas esclarecedoras (alguém reparou que não há um "não" nem um "sim" formais?), se vai defendendo em formato de contra-ataque.
As duas partes dispunham das gravações. As duas partes têm os seus contactos, mais ou menos directos, na comunicação social. As duas partes podem ter cometido o crime de violação do segredo de justiça. E a parte que o fez (se é que não o fizeram as duas) pode também tê-lo feito para entalar a parte contrária: se o "outro" tinha a gravação, não terá sido ele?
Ah, e não vale a pena chorar mais lágrimas de crocodilo perante mais uma manifesta violação do segredo de justiça porque não há nisto nada de novo. À excepção da novidade de haver um arguido cujos crimes, a serem provados, se tornam monstruosos devido à posição que ocupou, e que opta por politizar um processo dos mais graves que houve em Portugal e tentar reduzi-lo a um problema pessoal, não há na dita violação qualquer tipo de novidade.

Costa Cardoso 

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