Os 2,1% de déficit e a tristeza dos arautos

Este fim-de-semana foi pródigo em artigos e articuletas com a mesma mensagem: " Então, o governo alcança um valor magnífico no déficit orçamental e ninguém liga nenhuma! Só se preocupam com os SMSs do Domingos. Que injustiça!"

De facto, os articulistas têm razão. Não há júbilo, não há alegria com o número do déficit. Na realidade, ninguém liga nenhuma. E não se liga porque não se acredita. E vê-se perfeitamente que uma economia quase parada não tem capacidade de gerar equilíbrios orçamentais. Portanto, este déficit não representa nada,de momento. 
As pessoas já viram este filme com Sócrates (ainda agora Cavaco relembrou). Havia sempre boas notícias. E lá todos iam escrever elogios e panegíricos a Sócrates. Um dos que se esmerou ao tempo foi o presente ministro da Economia Caldeira Cabral. No fim, foi tudo uma mentira pegada. 
E são os mesmos que elogiavam Sócrates que agora elogiam Centeno e se incomodam com a falta de devoção ao déficit. Não aprenderam nada...
A esta relutância em embarcar de novo, chama-se Teoria das Expectativas Racionais ou prática de São Tomé "ver para crer".
A mensagem que as pessoas estão a apreender é esta: o déficit baixou, mas foi por causa do PERES, do congelamento do investimento e da paragem pura e simples da despesa. Ora, o PERES terminou, o investimento tem que ser lançado e as lâmpadas e papel que não se compraram em Setembro ou Outubro têm que ser compradas agora. Portanto,...
Admito que tal análise até possa ser injusta, mas é a mais realista,porque sem crescimento, sem produtividade, não há milagres. E é isso que não se vê e que não se acredita que venha a acontecer.
Daí que ninguém comemore.

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