A alternativa à austeridade não é esta palhaçada

Se é um facto que a política pura de austeridade seguida por Passos Coelho estava errada, pois a austeridade é apenas uma parte de uma política mais ampla quando os países se encontram numa crise financeira, a verdade é que esta "coisa" que se segue agora a que se chamou "virar a página da austeridade" é apenas um mini-estímulo keynesiano acompanhado de muito marketing, e está a tornar-se uma palhaçada, que mais uma vez vai deixar o país sem rumo.
Na verdade, a crise de 2011 exigia uma desalavancagem da economia, e foi esta que acabou por falhar. Expliquemo-nos:
Um desalavancagem pode ser “bonita” ou “feia”.Quando é “feia” causa grandes dificuldades económicas, revoltas sociais, por vezes revoluções ou guerras, quando é bonita” nada disso acontece. Tradicionalmente, um processo de desalavancagem tem duas fases:
1) Redução do débito (default e reestruturação) ou  Austeridade
2) Monetização dos débitos.
As desalavancagens “bonitas” equilibram as duas fases, as “feias” acentuam um dos aspectos e com isso criamprofundos desequilíbrios na economia e na sociedade. A redução do débito (que consiste em default e reestruturações de dívida) e a austeridade são ambas deflacionárias e depressivas, enquanto a monetização da dívida é inflacionária e estimulante. Aplicando qualquer uma em excesso pode originar uma grave crise. 
A chave para sair da crise é um misto dos vários remédios adequadamente balançados.
Assim, aplicar só austeridade não resolve nada. Só piora.Monetizar os débitos sem uma simultânea “arrumação da casa” também não resolve nada.
O que nós tivemos com Passos Coelho foi uma mera austeridade. O que temos agora é a mera monetização, cujo indício mais relevante é o aumento da dívida pública. Oscilamos entre extremos e não fazemos reformas (as velhas reformas, palavra prostituída...). Não estamos no caminho certo.

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