A falácia da "espanholização" dos Bancos.

Tem Passos Coelho toda a razão ao inquirir o porquê do primeiro-ministro de Portugal se reunir directamente com uma empresária suspeita de de branqueamento de capitais pela U.E. para distribuir com ela o sector bancário português. Não, não cabe a António Costa, nem, já agora, a Marcelo Rebelo de Sousa, definir que são os donos da banca em Portugal. Deve mandar quem tem dinheiro e capacidade de gestão. E muito menos lhes cabe oferecer de bandeja a Isabel dos Santos este ou aquele banco, quando ela já abarbatou todos os bancos portugueses em Angola. E convinha também perceber se o primeiro-ministro também lhe ofereceu algum financiamento para a compra do BCP, ou será o próprio BCP a financiar a sua nova dona?
Esta história da "espanholização" inventada pelo inefável Marquito é apenas um fumo táctico de protecção a Angola, já ensaiado também por Portas. O maior banco português é a CGD e não consta que pertença a Espanha. O BPI e talvez o Novo Banco vão pertencer à La Caixa. É verdade que La Caixa é espanhola, mas antes de ser espanhola, é catalã. O que é muito diferente de fazer parte do conceito castelhano de "La monarquia universal". Aliás, lembre-mo-nos que foi a revolta da Catalunha em 1640 que propiciou a Restauração portuguesa de 1640, portanto...
Depois temos o BCP, que pertence a Angola. O Santander pertence a Espanha, mas atentando aos dados de 2014, os accionistas com mais de 3%  eram State Street Bank (11,43%), Chase Nominees (5,78%), BNY Mellon (4,8%), Nominees CE (4 , 35%), Nominees Guaranty (4,21%) e Clearstream Banking (3,47%). O Santander explica que o banco não é controlado, directa ou indirectamente, por qualquer entidade e que estes pacotes de acções são o resultado de grandes fundos de investimento que depositam as suas acções nestas empresas. O engraçado é que não se sabe bem quem são os maiores accionistas do Santander e curiosamente não parecem ser espanhóis! 
O outro banco português é o Montepio. Depende de uma associação de nacionais e de alguma forma está metido em qualquer trapalhada com Angola. Depois temos a Caixa Agrícola. Também não depende de espanhóis.
Portanto, esta história da "espanholização" está muito mal contada e apenas permitiu que Isabel dos Santos ficasse com o melhor banco de Angola (o BFA) e o segundo maior banco português (BCP). Era muito interessante saber as operações financeiras que vão estar subjacentes a estes negócios de Isabel dos Santos, bem como saber se de alguma maneira o escritório do Marquito tem alguma avença com Angola.
Cheira muito a esturro.

Temístocles Menor

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O porco com asas

Maria José Morgado. As coincidências no Expresso de 13 de Agosto.

Os patos na Justiça