Anda um espectro à solta... pelas escolas

Anda um espectro pela Europa — o espectro do Comunismo. Todos os poderes da velha Europa se aliaram para uma santa caçada a este espectro… 
Não, não era isto. Não era Marx e Engels que eu queria citar. É mais isto: anda um espectro à solta pelas escolas portuguesas. 
E será um pedófilo impenitente? Um predador sexual incansável? Uma vaga nunca antes vista de “bullying”? Um “serial killer” de crianças? Professores seguidores do Dr. Nogueira em êxtase pró-governativo?
Não, leitor. O espectro são os exames.
Os do 4.º ano de escolaridade, que aterrorizavam as criancinhas de 9 e 10 anos, já foram à vida. A seguir devem ir os outros. E, já agora, os TPC. E talvez também os exames na faculdade. E como já tivemos um primeiro-ministro que obteve o seu curso universitário num domingo, e por fax, também podemos ter as crianças a receberem o seu diploma universitário à nascença. Com a primeira fralda, já agora.
Catarina Martins (que o “Expresso” diz ser tratada, nesta sua animada fase política, por “Czarina Katarina” e “Catarina, a Média) não perdeu tempo a explicar porque é que o BE foi o paladino desta cruzada anti-exames no blogue do BE e no Twitter: “Sobrevivemos ao longo da nossa vida a muitas coisas más. Não as desejamos aos nossos filhos e filhas, ainda que saibamos que não os podemos proteger de tudo. Impor algo que traz sofrimento e não serve para nada é uma estúpida crueldade”, “Impor a pressão dos exames a crianças não é ensinar, promover regras ou método. É incutir medo da escola e o medo está no oposto da cidadania”, “O discurso da suposta exigência dos exames só serve para esconder o falhanço das políticas: tiram-se meios às escolas e depois chumbam-se as crianças que não se conseguirem safar” e… “não veremos as crianças de 9 anos a entrar assustadas para exames de que não precisam”. Extraordinário, não é? 
A eliminação dos exames, como garantia dos “amanhãs que cantam” em versão infantil, foi aprovada no Parlamento pelo BE, pelo PCP e… pelo PS. À mesma hora em que os ministros do PS aprovavam o seu programa de governo. Um dia depois de o novo ministro da Educação ter sido empossado. E sem se saber qual a opinião do novo ministro sobre a matéria. Aliás, sobre tudo o que se refere à política educativa para o ensino não superior visto que o ensino superior foi entregue a uma espécie de sucedâneo de um antigo ministro, que é mais mito do que outra coisa.
Entre 1995 e 2015, o PS esteve durante 14 anos no Governo. Teve 6 ministros da Educação: Eduardo Marçal Grilo, Guilherme d’Oliveira Martins, Augusto Santos Silva, Júlio Pedrosa de Jesus, Maria de Lurdes Rodrigues e Isabel Alçada. O primeiro esteve em funções durante 4 anos e os outros 5 preencheram, com admirável inconstância, os 10 anos seguintes. 
Todos mudaram alguma coisa, uns numa perspectiva mais abrangente, outros mais de curto prazo. Muitos quiseram, como acontece noutras áreas de governo, marcar o terreno com alguns pingos legislativos e nem todos com fundamento e razoabilidade. Mas todos eles, os 6, mostraram ter opinião própria, mais coerente e mais sábia nuns casos e mais tonta noutros. E todos conheciam o sector.
Do novo ministro, Tiago Brandão Rodrigues, nada se sabe neste domínio. Mas já se pôde perceber que no seu ministério é Catarina Martins quem manda no ensino básico. Por este andar, a seguir, iremos ver Mário Nogueira a mandar no ensino secundário. 
Os espectros são realmente estes.

Pedro Garcia Rosado

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